Os mais pobres gastam uma parte maior da renda na compra de alimentos e o indicador da FGV leva isso em consideração. Os preços aumentam, e a renda de quem ganha menos fica ainda menor. No Plano Real, a inflação caiu e a redução do percentual de pobres foi forte naquele primeiro momento. Esse efeito distributivo positivo sempre foi negado pelo PT. O partido acha que o combate à inflação é de interesse dos banqueiros porque eleva os juros. Na verdade, a inflação baixa evita que os juros sejam elevados.
Aquela ideia praticada no primeiro mandato de que a taxa mais alta incentiva o crescimento é errada. Essa tese foi testada em momentos anteriores e fracassou várias vezes. A inflação destrói a capacidade de crescimento de um país porque reduz a renda e desorganiza a vida das empresas. O combate à alta dos preços deve estar sempre no centro de qualquer política econômica decente.
Para 2016, os especialistas têm dito que a taxa deve continuar próxima a 1% nos primeiros meses. É alta, mas um pouco menor que aquela registrada em 2014. Há a chance de o acumulado em 12 meses pelo índice oficial, o IPCA, recuar dos dois dígitos no primeiro trimestre. Vários especialistas acham que a inflação vai diminuir um pouco, mas terminará 2015 ainda acima do teto da meta, em torno de 7,5% e 8%.
Mesmo confirmada a projeção de taxa um pouco menor em 2016, não será possível comemorar. A celebração tem que ser marcada para o dia em que o país atingir a meta de 4,5%. Será um conforto para a economia como um todo, em especial para os mais pobres, que vão sentir a vida melhorando.
Fonte: Blog da Miriam Leitão