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sábado, 30 de abril de 2016

A miss-bumbum e o clima de fim da festa no Planalto

Mulher de um dos novos ministros da equipe de Dilma, ex-miss Bumbum tira fotos no gabinete do marido e dissemina na internet o retrato de um governo que agoniza

Na manhã de segunda-feira, a ex-­miss Bumbum Milena Santos foi a um salão de beleza de Brasília. Queria se produzir para o grande evento do dia: um ensaio fotográfico da sua primeira visita ao novo gabinete do marido, o petista Alessandro Teixeira, nomeado três dias antes pela presidente Dilma Rousseff para o cargo de ministro do Turismo. Conhecida na internet, local onde se contam às dezenas as páginas em que aparece em fotos sensuais e vídeos eróticos, Milena vive há dois anos com o ministro, mas, até onde se sabe, mantinha-se, digamos, recolhida desde que chegou a Brasília. 
 A ex-miss Bumbum no gabinete do marido: bolsa de 8 000 reais e vestido de um botão só, abaixo e acima do qual tudo se revelava  (VEJA.com/VEJA)

Na semana passada, decidiu que era hora de fazer-se, digamos, mais visível. Com um vestido branco de um só botão, abaixo e acima do qual tudo se revelava, ela posou para fotos e depois postou as imagens na página de uma rede social. Exibindo uma bolsa Dolce & Gabbana de 8 000 reais, a ex-miss Bumbum aparece nas fotos trocando olhares e beijos com o marido, faz poses diante da mesa de reuniões e ao lado da bandeira nacional. "Compartilhando com meus amigos meu primeiro dia de primeira-dama do Ministério do Turismo do Brasil. Te amo, meu amor, juntos somos mais fortes. Não é a toa (sic) que ao lado de um grande homem existe sempre uma linda e poderosa mulher", escreveu ela.

Saiba mais sobre a ex-miss bumbum - inclusive vídeo pornô estrelado por ela, clicando aqui

Em questão de minutos, a sessão de fotos causou furor nas redes sociais - e, claro, virou notícia. Com o governo derretendo e a presidente da República em via de ser despejada do Palácio do Planalto, era a cena que faltava para imprimir a marca de zorra total ao clima de fim de festa em Brasília. O fato de o coadjuvante do escândalo ser figura próxima da presidente só fez piorar a situação. O gaúcho Alessandro Teixeira é homem de confiança de Dilma, ocupou cargos importantes no governo e participou da coordenação da campanha da petista à reeleição. Em tempos normais, o ministro - qualquer ministro - que se visse envolvido nessa situação, digamos, insólita teria sofrido pelo menos uma das famosas reprimendas da chefe. Os tempos são outros. A anestesia da presidente reflete o estupor reinante nas repartições públicas de Brasília.

São muitos os sinais de que o governo experimenta seus últimos dias de poder. Na manhã de quinta-feira, no subsolo do Palácio do Planalto, funcionários providenciavam caixas de papelão vazias. A limpeza das gavetas foi antecipada. A rotina também já era bem diferente daquela dos dias normais. "Na verdade não dá nem para falar em rotina. Está tudo parado por aqui", disse uma funcionária da Presidência. "O clima é de enterro. Está começando a cair a ficha de que erraram feio." Dilma ainda tenta demonstrar que tudo funciona normalmente, mas sua agenda revela o oposto. Nas duas últimas semanas, houve 23 audiências, a maioria com ministros da casa - e todas para tratar do processo de impeachment e da estratégia de classificar o afastamento como "golpe". Nada de encontros com chefes de Estado estrangeiros ou presidentes de multinacionais. Nada de discutir projetos e ações de governo. Com a debandada dos aliados, a Esplanada está repleta de representantes do terceiro escalão chefiando ministérios. Alguém sabe como se chama o ministro da Saúde? Imagine o dos Portos...

Na intimidade, no Palácio da Alvorada, a presidente tem passado madrugadas em claro. Ela se recolhe no fim da noite, mas desperta no meio da madrugada. No escritório, a alguns metros do quarto presidencial, liga o terminal em que recebe despachos de agências de notícias. Fica on-line, lendo o que será publicado nos jornais, até praticamente o raiar do sol. A família tem ajudado a presidente a lidar com a situação. Dias antes de o plenário da Câmara votar o impeachment, ela ganhou o afago do irmão, Igor, que deixou a pequena Passa Tempo, no interior de Minas, para ficar uma semana como hóspede do Alvorada, ao lado de Dilma e da mãe, Dilma Jane. Ao retornar a Minas, Igor Rousseff teve de ouvir piada do patrão, o empresário Alberto Ramos, para quem toca um projeto de criação de peixes. "Eu disse a ele, brincando: 'Agora você vai ter de trabalhar mais porque sua irmã em poucos dias já não vai ser mais presidente' ", contou Ramos. O empresário, que nos tempos áureos de Dilma chegou a ser levado por Igor para uma conversa de duas horas com a presidente em Brasília, também já abandonou o barco. "Eu contrato o Igor, mas a irmã dele eu não contrataria. Ela está caindo por ignorância e incompetência", diz.

Às vésperas da decisão do Senado sobre seu afastamento, a presidente corre para anunciar um pacote de bondades. Tenta criar uma agenda positiva em meio ao caos. Divulgou que pretende, por exemplo, reajustar o Bolsa Família. Em paralelo, esforça-se para mostrar resiliência. Na sexta-feira, em nova cerimônia para a militância no Planalto, classificou a denúncia que deu origem ao processo de impeachment de "ridícula". No fim de festa em que se transformou o seu governo, com até ex-miss Bumbum dando espetáculo, o adjetivo pode ter larga aplicação.

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Por: Rodrigo Rangel

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Irmão de Dilma envolvido com a roubalheira – aliás, este cara já andou envolvido em malfeitos junto com o Fernando Pimentel



Polícia do DF investiga repasses da CNT a irmão de Dilma
Igor Rousseff aparece em lista de beneficiários de pagamentos irregulares oriundos da Confederação Nacional dos Transportes. 

Ele recebeu R$ 120.000
O único irmão da presidente Dilma Rousseff é avesso a qualquer tipo de badalação - e conhecido pelo desapego. Igor Rousseff, de 68 anos, já foi hippie, porteiro de hotel e controlador de voo. Mora numa casa simples em Passa Tempo, interior de Minas Gerais, e cultiva hábitos igualmente frugais. Advogado, nunca gostou de exercer a profissão. Aposentado, ele hoje investe seu tempo em um projeto de criação de tilápias.

Na campanha presidencial do ano passado, o irmão virou personagem da disputa ao ser apontado pelo então candidato Aécio Neves como funcionário fantasma da prefeitura de Belo Horizonte entre 2003 e 2009, durante a gestão do petista Fernando Pimentel, seu amigo. Segundo a denúncia, recebia sem trabalhar, o que ele sempre negou. Agora Igor Rousseff está às voltas com outra suspeita. Seu nome apareceu em uma lista de beneficiários de pagamentos irregulares oriundos da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).

Em setembro do ano passado, a Polícia Civil e o Ministério Público do Distrito Federal descobriram um desvio de mais de 20 milhões de reais do Sest (Serviço Social do Transporte) e do Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte). 

Administradas pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), as duas entidades recebem verba do governo federal para custear cursos profissionalizantes e prestar assistência a trabalhadores do setor. A Operação São Cristóvão, assim batizada em referência ao santo padroeiro dos motoristas, descobriu que uma boa parte do dinheiro que entrava nas contas do Sest-Senat ia parar, na verdade, nos bolsos de quem as administrava -- e também nos bolsos de terceiros que nada tinham a ver com os serviços que deveriam ser prestados aos trabalhadores.

Os investigadores já detectaram repasses de dinheiro a pessoas ligadas ao presidente da CNT, o ex-senador Clésio Andrade (PMDB-MG). A partir das informações bancárias, as autoridades elaboram uma lista com centenas de transferências consideradas suspeitas. Algumas delas chamaram a atenção dos investigadores não exatamente pelo valor, mas pelo sobrenome famoso: Rousseff. VEJA teve acesso às planilhas. O irmão da presidente recebeu dez pagamentos entre junho de 2012 e março de 2013

Foram nove parcelas mensais de 10.000 reais e uma de 30.000, num total de 120.000 reais. Os repasses estão registrados na contabilidade da CNT como "pagamento a fornecedor".

Não está claro o que Igor Rousseff forneceu à confederação.

Procurado, ele não respondeu às perguntas de VEJA sobre os pagamentos. VEJA também enviou perguntas à CNT. O diretor de relações institucionais da entidade, Aloísio Carvalho, informou que não havia identificado, em pesquisas internas, qualquer ligação da CNT com Igor Rousseff.
 
Nesta quarta-feira, depois de a entidade ser confrontada com os dados sobre os pagamentos mensais feitos ao irmão da presidente, veio a seguinte resposta: "A CNT não vai se pronunciar a respeito deste assunto". O Ministério Público e a Polícia Civil pretendem ouvir todos os envolvidos. Por enquanto, os pagamentos a Rousseff fazem parte apenas de uma lista de operações suspeitas.

Fonte: Revista VEJA