Deputado está em prisão domiciliar após temporada na Papuda
Em prisão domiciliar após uma temporada de três meses na Papuda, o deputado Paulo Maluf pretende se registrar como candidato à reeleição. É o que ele mesmo informa, por telefone, de sua mansão em São Paulo. Aos 86 anos, o veterano afirma não ter planos de voltar ao Congresso. O objetivo do registro, diz ele, seria impedir que outros políticos usem o seu número. “Tem muita gente querendo usar o 1111 para ludibriar o eleitor. A última coisa que eu permitiria é fazerem estelionato eleitoral com o meu nome”, afirma, em tom de indignação.Se aceito pela Justiça Eleitoral, o registro abriria caminho a uma reeleição quase certa. Em 2014, Maluf chegou a ser barrado pela Lei da Ficha Limpa, mas recebeu 250 mil votos. Depois da eleição, o TSE autorizou sua posse. “Posso registrar o número e cair fora no meio da campanha”, ele desconversa, alegando não ter mais saúde para as viagens semanais a Brasília.
No ano passado, o Supremo condenou o deputado a sete anos e nove meses de prisão por crimes da década de 1990. A Procuradoria afirma que ele superfaturou a construção de uma avenida e escondeu o dinheiro no exterior. A acusação de corrupção prescreveu antes do julgamento. “Sou absolutamente inocente. Fui condenado por um crime que não cometi”, alega. Em abril, a Corte decidiu, por 6 a 5, que ele não podia mais recorrer em liberdade. “Se cinco ministros votaram na minha inocência, eu sou inocente”, absolve-se.
O Supremo também sentenciou Maluf à perda do mandato, mas a Câmara preferiu apenas afastá-lo. Ele cobra “reciprocidade”. “Se juiz pode cassar deputado, deputado também tem que cassar juiz”, discursa. Fora da prisão há quatro meses, Maluf só pode sair de casa para fazer fisioterapia. Ele diz estar na cadeira de rodas e reclama do tratamento na Papuda. “Fiquei totalmente arrebentado. Lá tem uma médica, a doutora Etelvina, para atender 15 mil. Você morre antes da consulta!”, exagera.
Jair Bolsonaro tem certa razão ao dizer que Geraldo Alckmin “uniu a escória da política” ao fechar negócio com o centrão. O problema é que ele também cortejou o PR, uma das maiores siglas do grupo, e foi rejeitado. Agora o capitão atualiza um velho ditado: quem desdenha quis comprar.
Bernardo Mello Franco, jornalista