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sábado, 8 de julho de 2017

A propósito, Janot, por que Lula, corrupto número 1, continua solto?

Janot pede depoimento e prestação de contas de Serra em 2010. 

Procurador-geral investiga senador a partir da delação premiada do empresário Joesley Batista, da JBS, que afirmou ter repassado R$ 20 milhões para a campanha do tucano à Presidência, dos quais  R$ 13 milhões foram declarados como doação oficial ao PSDB

Ao pedir abertura de inquérito contra o senador José Serra (PSDB-SP), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, requereu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que mande ofício ao Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (São Paulo), determinando a remessa de cópia das prestações de contas apresentadas pelo tucano e pelo partido em 2010. A base da investigação é a delação do empresário Joesley Batista, da JBS.

Segundo o executivo, Serra o procurou na sede da JBS, em São Paulo, para pedir financiamento para a disputa eleitoral presidencial de 2010. Joesley disse que repassou aproximadamente R$ 20 milhões. Deste montante, ‘apenas o repasse de R$ 13 milhões foi declarado perante a Justiça Eleitoral como doação oficial ao PSDB’.
“O restante do repasse não contabilizado ocorreu da seguinte maneira: i) emissão de nota fiscal, pela LRC Eventos e Promoções, no valor de R$ 6 milhões, para a simular a aquisição de um camarote de um autódromo de Fórmula 1; ii) emissão de nota fiscal, no valor de R$ 420 mil, emitida pela empresa APPM Análises e Pesquisas”, narra Janot no pedido de abertura de inquérito ao STF.

Joesley relatou que a empresa LRC ‘pertencia a um amigo de infância do senador, conhecido por Forquin’.  O procurador-geral solicitou, além da prestação de contas, que seja determinada a remessa da investigação à PF para obtenção das notas fiscais e ‘posterior conferência de sua autenticidade’ e para que sejam ouvidos os representantes legais das empresas. Janot quer saber ‘esclarecimentos’ sobre os serviços prestados ‘que deram origem as notas fiscais nos valores de R$ 6 milhões e R$ 420 mil’.

No documento, o procurador-geral pediu ainda o depoimento de Serra ‘para, se quiser, apresente as informações que julgar pertinentes aos esclarecimentos dos fatos’.

COM A PALAVRA, JOSÉ SERRA
Por meio de nota, a assessoria de imprensa do senador José Serra negou as acusações. “O senador José Serra reitera que todas as suas campanhas eleitorais foram conduzidas dentro da lei, com as finanças sob responsabilidade do partido. E sem nunca oferecer nenhuma contrapartida por doações eleitorais, como aliás confirma o senhor Joesley Batista.”

Fonte: O Estado de S. Paulo
 

quarta-feira, 21 de junho de 2017

O que Joesley não disse

O Brasil quer saber por que o empresário preservou os reais parceiros de sua trajetória de pilhagens, os verdadeiros contatos de seu submundo

Nada de novo apresentou o senhor Joesley Batista em sua rumorosa entrevista à revista Época, na qual o dono da JBS se disse vítima de políticos corruptos. A mesma estratégia foi tentada por outros empresários implicados nos sucessivos escândalos que, desde a infausta era lulopetista, infortunam o Brasil. Digno de nota, contudo, foi o esforço do senhor Joesley Batista para livrar o ex-presidente Lula da Silva de qualquer responsabilidade direta pelo surto de corrupção. O empresário, cuja trajetória de sucesso está ligada a generosos benefícios estatais obtidos durante os governos petistas, limitou-se a atribuir a Lula e ao PT, genericamente, a “institucionalização da corrupção” no País, mas assegurou, pasme o leitor, que nunca teve alguma “conversa não republicana” com o chefão petista, a quem, segundo deu a entender, mal conhecia. Em compensação, o presidente Michel Temer, este sim, é o chefe “da maior e mais perigosa organização criminosa deste país”.

Manda o bom senso que se procure compreender o contexto em que os acontecimentos se dão, antes de lhes atribuir ares de fato verídico. No caso de Joesley Batista, desde sempre está claro que a palavra deste senhor deve ser recebida com muitas reservas, pois não são poucos os interesses em jogo – os dele próprio e os daqueles que o patrocinaram durante os governos petistas.  A entrevista aparece no momento em que se questionam os termos de sua delação premiada à Procuradoria-Geral da República. Como se sabe, o empresário não passará um único dia na cadeia depois de ter gravado clandestinamente uma conversa com Michel Temer, na qual o presidente, na interpretação do Ministério Público, teria se confessado corrupto. Ao reafirmar suas acusações a Temer, nos termos mais duros, Joesley Batista parece mais interessado em justificar o generoso perdão que recebeu do procurador-geral da República, Rodrigo Janot embora tenha, ele próprio, confessado centenas de crimes, que, em circunstâncias normais, lhe renderiam uma longa temporada na cadeia.

Na entrevista, o senhor Joesley Batista não se limitou a acusar Michel Temer. Sua intenção era demonstrar que “o problema (da corrupção) é estrutural, é pluripartidário”. Por essa razão, o empresário resolveu grampear o senador Aécio Neves, a quem ele chama de “número 2”, sendo que o “número 1” é Temer. Joesley Batista disse que precisava “fazer uma ação indiscutível para o entendimento da população e do Ministério Público”, isto é, armar um flagrante contra Aécio. O empresário, é claro, disse que sua missão era esclarecer que todos os políticos com os quais lidou são igualmente corruptos: “Se o Brasil não entendesse que o 2 era igual ao 1, o Brasil ia achar que a solução era substituir 1 por 2. Mas o 2 é do mesmo sistema”. Talvez o senhor Joesley Batista acredite que o País, em vez de questionar suas intenções, tenha de lhe ser grato.

Ao mesmo tempo, o senhor Joesley Batista espera que todos acreditem quando ele diz que teve contatos apenas esparsos com Lula da Silva e que só conversou sobre o pagamento de propinas para o PT com o então ministro da Fazenda, Guido Mantega. Naquela época, aparentemente o senhor Joesley Batista não se incomodava com a corrupção no governo, pois não gravou nenhuma conversa comprometedora com os petistas que o achacavam. E isso talvez se explique pelo fato de que, durante os governos petistas, a JBS saiu de um faturamento de R$ 4 bilhões em 2005, ano em que recebeu seu primeiro financiamento camarada do BNDES, para R$ 183 bilhões em 2016. O banco estatal de desenvolvimento tornou-se sócio da JBS, com 21% de participação, atrelando-se ao senhor Joesley Batista por razões que somente Lula da Silva pode explicar. O empresário, é claro, jura que “as relações com o BNDES foram absolutamente republicanas”.

Mas o senhor Joesley Batista terá a oportunidade de esclarecer na Justiça todos esses aspectos obscuros de suas acusações. Conforme nota oficial, o presidente Michel Temer decidiu processar o empresário, obrigando-o a explicar por que preservou, na delação e na entrevista, “os reais parceiros de sua trajetória de pilhagens, os verdadeiros contatos de seu submundo”. O Brasil também quer saber.


 Fonte: Editorial - O Estadão