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quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Liga Árabe avaliará medidas contra abertura de escritório do Brasil em Jerusalém nesta quinta

O Globo - Marina Gonçalves e agências internacionais

Autoridade Nacional Palestina propôs reunião para discutir o assunto; segundo embaixador, objetivo é fazer um chamado a Brasília, para que repense  decisão

[o presidente Bolsonaro, mais uma vez, faz opção por medida errada - não será surpresa se tenha que recuar = errar é humano, permanecer no erro é diabólico.]

Após a inauguração do escritório de negócios do Brasil em Jerusalém, no último fim de semana, a Liga Árabe pretende enviar uma mensagem política ao Brasil contra a decisão. A Autoridade Nacional Palestina propôs uma reunião para discutir o assunto, moção apoiada por outros membros da liga, como Egito e Jordânia. A reunião acontecerá na manhã de quinta-feira no Cairo.Segundo o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, o objetivo da reunião é fazer um chamado ao Brasil, para que repense sua decisão.
—  Abrir um escritório comercial em Jerusalém é uma violação do direito internacional. A lei internacional está sendo violada —  afirma. —  É um chamado para que o Brasil retire seu escritório de Jerusalém, esperando que a paz se resolva entre os dois países envolvidos. Queremos fazer um chamado para que o Brasil repense e evite tomar decisões que aprofundem o conflito. Isso não ajuda a paz.

A ocupação israelense do setor oriental (árabe) de Jerusalém é considerada ilegal pela ONU, e os palestinos reivindicam a área como capital do seu futuro Estado.
Segundo Alzeben, a reunião de quinta-feira discutirá medidas políticas, diplomáticas e econômicas, e deve ser o primeiro passo para outro encontro, entre chanceleres.   — Será uma reunião de consulta e análises. O Brasil sempre foi um mediador e defensor da paz. Ele precisa fortalecer o processo de paz e não ser parte do conflito.
A abertura do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), no domingo, foi uma maneira de contornar as pressões contrárias à transferência da embaixada brasileira, hoje localizada em Tel Aviv, como ocorre com a grande maioria das missões estrangeiras em Israel.

Setores do governo brasileiro temiam que a transferência, defendida por igrejas evangélicas, provocasse retaliação dos países árabes, que estão entre os principais compradores de bens agrícolas brasileiros, em especial carnes.
Com a presença do  primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), a inauguração ocorreu  no Hotel David Citadel porque o escritório, a cerca de cinco quilômetros dali, ainda não está montado. [presidente Bolsonaro! os brasileiros favoráveis a que os interesses comerciais brasileiros prevaleçam sobre caprichos familiares, esperam e torcem para que este escritório continue como está: inaugurado, porém, desmontado, fechado.]
Eduardo disse ter falado com o pai antes da cerimônia e ouvido dele, mais uma vez, a promessa de que vai transferir a embaixada. Mas, respondendo a jornalistas, o deputado se esquivou de dar um prazo, dizendo que “o presidente tem até o final do mandato”.

A abertura de escritórios em Jerusalém tem sido uma alternativa adotada por outros países com governos próximos ao de Netanyahu, como Austrália e República Tcheca.

O Globo - Mundo