O grupo extremista anarco-comunista Antifa esteve presente nas manchetes devido aos recentes confrontos violentos em Charlottesville, na Virgínia.
No entanto, embora a organização tenha sido aplaudida por alguns meios
de comunicação de esquerda por incluir nacionalistas brancos e
neonazistas em sua lista de alvos, a organização nem sempre combateu o
fascismo, como afirma.
A
organização era anteriormente parte da frente de operações da União
Soviética para implantar uma ditadura comunista na Alemanha, e que
rotulou todos os partidos rivais como ‘fascistas’.
A origem
da organização pode ser rastreada a partir da ‘frente unida’ da
Internacional Comunista da União Soviética (Comintern) durante o
Terceiro Congresso Mundial realizado em Moscou, em junho e julho de
1921, de acordo com o livreto
alemão intitulado ’80 Anos de Ação Antifascista’, escrito por Bernd
Langer e publicado pela Associação para a Promoção da Cultura
Antifascista. Langer é um ex-membro do Antifa Antônomo, anteriormente
uma das maiores organizações antifascistas da Alemanha, que se dissolveu
em 2004.
“O antifascismo é mais uma estratégia do que uma ideologia.”
Bernd Langer, ex-membro do grupo Antifa Autônomo
Bernd Langer, ex-membro do grupo Antifa Autônomo
A
estratégia da frente unida era reunir organizações de esquerda para
incitar a revolução comunista. Os soviéticos acreditavam que, após a
revolução russa em 1917, o comunismo se estenderia para a Alemanha, uma
vez que o país tinha o segundo maior partido comunista, o Partido
Comunista da Alemanha (KPD).
Foi no
Quarto Congresso Mundial do Comintern, em 1922, que o plano tomou forma.
Moscou criou o lema “Para as Massas” como estratégia de sua frente
unida e procurou unir os vários partidos comunistas e trabalhadores da
Alemanha sob uma única bandeira ideológica sob seu controle. “A
‘frente unificada’ não significava uma cooperação igualitária entre as
diferentes organizações, mas o domínio do movimento dos trabalhadores
pelos comunistas”, escreve Langer.
Benito
Mussolini, um socialista marxista que foi expulso do Partido Socialista
da Itália em 1914 por causa de seu apoio à Primeira Guerra Mundial, mais
tarde fundou o movimento fascista como um partido político próprio. Ele
tomou o poder através de sua ‘Marcha sobre Roma’, em outubro de 1922. Na
Alemanha, Adolf Hitler tornou-se chefe do Partido Nacional Socialista
dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista) em 1921 e executou uma
tentativa de golpe em 1923.
O KPD
decidiu usar a bandeira do antifascismo para criar um movimento. Langer
observa, no entanto, que para o KPD, as definições de ‘fascismo’ e
‘antifascismo’ eram “indiferenciadas”, e o termo ‘fascismo’ serviu
apenas como retórica para apoiar sua oposição agressiva. Ambos os
sistemas comunista e fascista se baseavam no coletivismo e na economia
controlada pelo Estado. Ambos também propuseram sistemas em que o
indivíduo é fortemente controlado por um Estado poderoso, e ambos são
responsáveis por atrocidades em larga escala e genocídio. O relatório de 2016 emitido
pelo serviço de inteligência nacional da Alemanha, o Escritório Federal
para a Proteção da Constituição (BfV), assinala a mesma questão: do
ponto de vista do extremista de esquerda, o rótulo de ‘fascismo’ usado
pelo Antifa muitas vezes não se refere ao fascismo real, mas é meramente
um rótulo atribuído ao ‘capitalismo’.
Enquanto
os extremistas de esquerda afirmam lutar contra o fascismo ao lançar
seus ataques contra outros grupos, o relatório afirma que o termo
‘fascismo’ tem um duplo significado sob a ideologia da extrema esquerda,
indicando a ‘luta contra o sistema capitalista’. Foi
assim desde o início, de acordo com Langer. Para os comunistas na
Alemanha, o ‘antifascismo’ significava simplesmente ‘anticapitalismo’.
Ele observa que os rótulos só serviram como “guerra de conceitos” sob um
“vocabulário político”.
Uma descrição
do grupo Antifa existente no site da BfV diz que a organização ainda
mantém esta mesma definição básica de capitalismo como sendo ‘fascismo’. “O grupo
argumenta que o Estado capitalista produz o fascismo, ou no mínimo o
tolera. Portanto, o antifascismo é dirigido não apenas contra
extremistas de direita reais ou hipotéticos, mas também contra o Estado e
seus representantes, em particular contra os membros das autoridades de
segurança”, afirma.
Langer
observa que historicamente, ao rotular os interesses anticapitalistas do
movimento comunista como ‘antifascismo’, o KPD usou essa retórica para
rotular todos os outros partidos políticos como fascistas. Langer
afirma: “Assim, os outros partidos que se opuseram ao KPD foram
chamados de fascistas, especialmente o SPD [Partido Social Democrata da
Alemanha]”. Então,
no que hoje seria considerado irônico, o grupo a que os “antifascistas”
comunistas mais fortemente dirigiram seu novo rótulo de ‘fascismo’ foram
os social-democratas. Em 23 de
agosto de 1923, o Bureau Político do Partido Comunista da Rússia
realizou uma reunião secreta, e de acordo com Langer, “todas as
autoridades importantes falaram de uma insurreição armada na Alemanha”.
O KPD
ficou à frente deste chamado, lançando um movimento sob a bandeira da
Frente Unida de Ação e chamando sua ala “antifascista” armada sob o nome
de Antifaschistische Aktion (‘Ação Antifascista’), que o Antifa ainda usa na Alemanha e no qual as organizações Antifa em outros países estão enraizadas. Nesta
época, Hitler e seu Partido Nazista começaram a surgir no cenário
mundial, e o Partido Nazista empregou um grupo semelhante ao Antifaschistische Aktion para a prática de violência política e intimidação, chamados de ‘camisas marrons’.
Antifaschistische Aktion,
enquanto isso, começou a atrair alguns membros que se opunham à chegada
do fascismo real na Alemanha e que não se filiaram ou desconheciam os
laços da organização com a União Soviética. No entanto, a violência instigada pelo grupo Antifaschistische Aktion
teve, em grande medida, um efeito oposto. As táticas contínuas de
violência e intimidação de todos os sistemas rivais sob o movimento
Antifa, juntamente com sua ideologia violenta, levaram muitas pessoas ao
fascismo.
“A violenta retórica
revolucionária dos comunistas, que prometia a destruição do capitalismo e
a criação de uma Alemanha soviética, aterrorizou a classe média do
país, que sabia muito bem o que tinha acontecido aos seus homólogos na
Rússia depois de 1918”, escreve Richard J. Evans em ‘The Third Reich in Power‘. “O antifascismo é
dirigido não apenas contra extremistas de direita reais ou hipotéticos,
mas também contra o Estado e seus representantes, em particular contra
os membros das autoridades de segurança.”
Escritório Federal da Alemanha para a Proteção da Constituição
“Assombrados
pelo fracasso do governo em resolver a crise e assustados com o
surgimento dos comunistas”, diz Bernd, “eles começaram a relevar as
pequenas facções da direita política convencional e se voltar para os
nazistas”.
Langer
ressalta que, desde o início, o KPD foi um membro do Comintern e,
“depois de alguns anos, se tornou um partido stalinista”, tanto
ideológica quanto logisticamente. Ele afirma que o partido até se tornou
“financeiramente dependente da sede de Moscou”.
Os
líderes do KPD, com o grupo Antifa como seu movimento baseado na
violência e intimidação de partidos políticos rivais, ficaram sob o
comando do aparelho soviético. Muitos líderes do KPD tornaram-se mais
tarde líderes da República Democrática Alemã Comunista, incluindo seu
infame Ministério da Segurança do Estado, a Stasi.
Como diz Langer, “o antifascismo é mais uma estratégia do que uma ideologia”.
“Ele foi
posto em prática na Alemanha na década de 1920 pelo KPD”, não como um
movimento legítimo contra o fascismo que mais tarde surgiria na
Alemanha, mas “como um conceito de luta anticapitalista”, escreve.
Colaborou: Christian Watjen
Publicado no Epoch Times em Português.