Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Internacional Comunista. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Internacional Comunista. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Anitta e o flato bovino: ainda sentiremos falta da esquerda caviar - Paulo Polzonoff Jr.

Vozes - Gazeta do Povo

"Para nós, há apenas o tentar. O resto não é da nossa conta". TS Eliot.


O ano era 2004. Ou 2005. Infelizmente já alcancei aquela idade em que um ano a mais ou a menos não faz muita diferença para a história. De qualquer forma, era um ano de Lula como Presidente. De Zé Dirceu, de Palocci, da gerentona Dilma sendo gestada. De Gleisi Hoffmann & Cia. Depois de derrotas nos pleitos de 1989, 1994 e 1998, a esquerda estava em festa por ter eleito um operário para comandar os destinos do país.

E eu estava ali, no meio de uma festa dentro da Festa. Por razões que só a Providência explica, tinha sido convidado para o aniversário de um esquerdista notável: o escritor e cineasta Fausto Wolff. Em Copacabana, apartamento de frente para o mar. Aquele janelão descortinando a beleza do mar noturno. Aquela rodelona enorme de queijo sobre a mesa. Uísque single malt 12 anos. E a nata da intelectualidade carioca ali.




Anitta e Alessandro Molon em live sobre agronegócio: a esquerda já teve quadros mais qualificados.




Anitta e Alessandro Molon em live sobre agronegócio: a esquerda já teve quadros mais qualificados. -  Foto: Reprodução/ YouTube



Curitibano caipirão que era (os detratores dizem que ainda sou), fiquei num canto, bebendo mais uísque do que deveria (o primeiro single malt a  gente nunca esquece) e observando a fauna ao meu redor. Cambaleando seu corpanzil, Fausto Wolff veio falar comigo e me deu alguns conselhos de bêbado que, curiosamente, trago comigo até hoje. “Nunca ataque as pessoas, Paulo. Ataque as ideias”, disse ele.

Aí chegou a hora de cantar o parabéns. Fausto Wolff, que tinha uns cinco  metros de altura, mandou todo mundo calar a boca, soltou meia-dúzia de  expletivos, fez um discurso falando mal da imprensa, que se recusava a divulgar seus livros, criticou as “medidas neoliberais” de Lula e, por fim, convidou os presentes a entoarem a Internacional Comunista.
E eu ali, no meio de Ziraldos e Jaguares, me perguntando aonde é que eu tinha ido parar.

“Tudo tem muito”
Havia algo de patético na cena. Mas também algo de admirável. Eu não sabia, mas estava entre legítimos representantes da esquerda caviar retratada tão bem por meu colega Rodrigo Constantino. Uma esquerda romântica, utópica e inegavelmente talentosa (leiam À Mão Esquerda, do Fausto Wolff) e bem-sucedida. Era gente estudada, viajada e ilustrada, que não precisava dar cambalhotas (nem imitar foca) para defender a visão de mundo marxista da qual eu discordava.

Hoje me peguei lembrando dessa festa e das pessoas ali presentes com alguma nostalgia
Tudo porque assisti a um “debate” ocorrido em maio entre a funqueira Anitta, autora dos imortais versos “An an, tutudum, an na/ Vai, malandra, an na”, e o deputado federal Alessandro Molon (PSB), uma mistura de Greta Thunberg e Richard Gere com sotaque carioca. Durante a conversa, uma Anitta que afirma ter estudado para tratar do assunto diz as maiores bobagens possíveis sobre o agronegócio. “Existe mais cabeça de gado do que cabeça de pessoa [no Brasil]”, observa ela em certo momento – não o mais constrangedor.

[saibam mais sobre a 'live' dos dois gênios, clicando aqui.]

Em seguida, ela critica o consumismo e a abundância (“tudo tem muito”) para dizer que o flato das vacas é muito poluente. Anitta fala ainda sobre o uso de água na pecuária e sugere que a proteína nossa de cada dia deveria ser muito mais cara. “Aí a gente não teria um estímulo tão grande à agropecuária”, conclui ela com uma lógica capaz de causar mais estragos do que nitrato de amônia. “E os alimentos usados para alimentar as vacas poderiam alimentar a gente por muito tempo”, argumenta, por assim dizer, ela. Em seguida Anitta sugere que haja um limite para a produção de carne, desestimulando o consumo e magicamente salvando o meio ambiente.

De volta àquela festa

(........)
Mas sou obrigado a reconhecer que, a despeito da hipocrisia, dos volteios linguísticos e, em alguns casos, da devoção cega ao “metalúrgico impoluto”, a esquerda single malt, queijos finos & caviar tinha aquilo que a gente chamava de “estofo”. Ou pretendia ter. Ela também conhecia e respeitava suas próprias limitações. E havia, sim, muitos tapinhas nas costas e afagos no ego, mas isso era contrabalanceado por um espírito crítico que beirava o maldoso e por um temor reverencial que os impedia de passar ainda mais vergonha em público.

Você talvez diga que estou romantizando. Mas, sei lá, diante da Esquerda Raudério que temos hoje, essa esquerda que pede criminalização da gordofobia, promove ideologia de gênero, se acha capaz de discutir agronegócio com base em alguns minutos de estudo (leia-se: procurando sobre o assunto no Twitter), defende censura para opositores e que expressa suas melhores ideias por meio de grunhidos, rebolados ou pintando os cabelos de verde-limão, acho que ainda sentiremos falta dos Chicos, Caetanos, Faustos e Ziraldos. Da esquerda que sabia citar Maiakovski e sonhava em salvar o mundo do capitalismo malvadão enquanto esparramava uma porção generosa de caviar sobre a torradinha.

[Se você gostou deste texto, mas gostou muito mesmo, considere divulgá-lo em suas redes sociais. 
Agora, se você não gostou, se odiou com toda a força do seu ser, considere também. 
Obrigado.]

Paulo Polzonoff Jr, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo


terça-feira, 14 de novembro de 2017

Antifa: a origem comunista do grupo radical

O grupo extremista anarco-comunista Antifa esteve presente nas manchetes devido aos recentes confrontos violentos em Charlottesville, na Virgínia. No entanto, embora a organização tenha sido aplaudida por alguns meios de comunicação de esquerda por incluir nacionalistas brancos e neonazistas em sua lista de alvos, a organização nem sempre combateu o fascismo, como afirma.
A organização era anteriormente parte da frente de operações da União Soviética para implantar uma ditadura comunista na Alemanha, e que rotulou todos os partidos rivais como ‘fascistas’.

A origem da organização pode ser rastreada a partir da ‘frente unida’ da Internacional Comunista da União Soviética (Comintern) durante o Terceiro Congresso Mundial realizado em Moscou, em junho e julho de 1921, de acordo com o livreto alemão intitulado ’80 Anos de Ação Antifascista’, escrito por Bernd Langer e publicado pela Associação para a Promoção da Cultura Antifascista. Langer é um ex-membro do Antifa Antônomo, anteriormente uma das maiores organizações antifascistas da Alemanha, que se dissolveu em 2004.

A União Soviética foi uma das ditaduras mais violentas do mundo, matando cerca de 20 milhões de pessoas, de acordo com ‘O Livro Negro do Comunismo’, publicado pela Harvard University Press. O regime soviético só fica atrás, em número de mortes, do Partido Comunista Chinês sob Mao Zedong, que matou cerca de 65 milhões de pessoas.
“O antifascismo é mais uma estratégia do que uma ideologia.”
Bernd Langer, ex-membro do grupo Antifa Autônomo
A estratégia da frente unida era reunir organizações de esquerda para incitar a revolução comunista. Os soviéticos acreditavam que, após a revolução russa em 1917, o comunismo se estenderia para a Alemanha, uma vez que o país tinha o segundo maior partido comunista, o Partido Comunista da Alemanha (KPD).

Foi no Quarto Congresso Mundial do Comintern, em 1922, que o plano tomou forma. Moscou criou o lema “Para as Massas” como estratégia de sua frente unida e procurou unir os vários partidos comunistas e trabalhadores da Alemanha sob uma única bandeira ideológica sob seu controle. “A ‘frente unificada’ não significava uma cooperação igualitária entre as diferentes organizações, mas o domínio do movimento dos trabalhadores pelos comunistas”, escreve Langer.

Benito Mussolini, um socialista marxista que foi expulso do Partido Socialista da Itália em 1914 por causa de seu apoio à Primeira Guerra Mundial, mais tarde fundou o movimento fascista como um partido político próprio. Ele tomou o poder através de sua ‘Marcha sobre Roma’, em outubro de 1922.  Na Alemanha, Adolf Hitler tornou-se chefe do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista) em 1921 e executou uma tentativa de golpe em 1923.

O KPD decidiu usar a bandeira do antifascismo para criar um movimento. Langer observa, no entanto, que para o KPD, as definições de ‘fascismo’ e ‘antifascismo’ eram “indiferenciadas”, e o termo ‘fascismo’ serviu apenas como retórica para apoiar sua oposição agressiva.  Ambos os sistemas comunista e fascista se baseavam no coletivismo e na economia controlada pelo Estado. Ambos também propuseram sistemas em que o indivíduo é fortemente controlado por um Estado poderoso, e ambos são responsáveis por atrocidades em larga escala e genocídio. O relatório de 2016 emitido pelo serviço de inteligência nacional da Alemanha, o Escritório Federal para a Proteção da Constituição (BfV), assinala a mesma questão: do ponto de vista do extremista de esquerda, o rótulo de ‘fascismo’ usado pelo Antifa muitas vezes não se refere ao fascismo real, mas é meramente um rótulo atribuído ao ‘capitalismo’.

Enquanto os extremistas de esquerda afirmam lutar contra o fascismo ao lançar seus ataques contra outros grupos, o relatório afirma que o termo ‘fascismo’ tem um duplo significado sob a ideologia da extrema esquerda, indicando a ‘luta contra o sistema capitalista’.  Foi assim desde o início, de acordo com Langer. Para os comunistas na Alemanha, o ‘antifascismo’ significava simplesmente ‘anticapitalismo’. Ele observa que os rótulos só serviram como “guerra de conceitos” sob um “vocabulário político”.

Uma descrição do grupo Antifa existente no site da BfV diz que a organização ainda mantém esta mesma definição básica de capitalismo como sendo ‘fascismo’. “O grupo argumenta que o Estado capitalista produz o fascismo, ou no mínimo o tolera. Portanto, o antifascismo é dirigido não apenas contra extremistas de direita reais ou hipotéticos, mas também contra o Estado e seus representantes, em particular contra os membros das autoridades de segurança”, afirma.

Langer observa que historicamente, ao rotular os interesses anticapitalistas do movimento comunista como ‘antifascismo’, o KPD usou essa retórica para rotular todos os outros partidos políticos como fascistas. Langer afirma: “Assim, os outros partidos que se opuseram ao KPD foram chamados de fascistas, especialmente o SPD [Partido Social Democrata da Alemanha]”.  Então, no que hoje seria considerado irônico, o grupo a que os “antifascistas” comunistas mais fortemente dirigiram seu novo rótulo de ‘fascismo’ foram os social-democratas.  Em 23 de agosto de 1923, o Bureau Político do Partido Comunista da Rússia realizou uma reunião secreta, e de acordo com Langer, “todas as autoridades importantes falaram de uma insurreição armada na Alemanha”.

O KPD ficou à frente deste chamado, lançando um movimento sob a bandeira da Frente Unida de Ação e chamando sua ala “antifascista” armada sob o nome de Antifaschistische Aktion (‘Ação Antifascista’), que o Antifa ainda usa na Alemanha e no qual as organizações Antifa em outros países estão enraizadas.  Nesta época, Hitler e seu Partido Nazista começaram a surgir no cenário mundial, e o Partido Nazista empregou um grupo semelhante ao Antifaschistische Aktion para a prática de violência política e intimidação, chamados de ‘camisas marrons’.

Antifaschistische Aktion, enquanto isso, começou a atrair alguns membros que se opunham à chegada do fascismo real na Alemanha e que não se filiaram ou desconheciam os laços da organização com a União Soviética.  No entanto, a violência instigada pelo grupo Antifaschistische Aktion teve, em grande medida, um efeito oposto. As táticas contínuas de violência e intimidação de todos os sistemas rivais sob o movimento Antifa, juntamente com sua ideologia violenta, levaram muitas pessoas ao fascismo.

“A violenta retórica revolucionária dos comunistas, que prometia a destruição do capitalismo e a criação de uma Alemanha soviética, aterrorizou a classe média do país, que sabia muito bem o que tinha acontecido aos seus homólogos na Rússia depois de 1918”, escreve Richard J. Evans em ‘The Third Reich in Power‘.  “O antifascismo é dirigido não apenas contra extremistas de direita reais ou hipotéticos, mas também contra o Estado e seus representantes, em particular contra os membros das autoridades de segurança.” 
 
Escritório Federal da Alemanha para a Proteção da Constituição
“Assombrados pelo fracasso do governo em resolver a crise e assustados com o surgimento dos comunistas”, diz Bernd, “eles começaram a relevar as pequenas facções da direita política convencional e se voltar para os nazistas”.

Langer ressalta que, desde o início, o KPD foi um membro do Comintern e, “depois de alguns anos, se tornou um partido stalinista”, tanto ideológica quanto logisticamente. Ele afirma que o partido até se tornou “financeiramente dependente da sede de Moscou”.

Os líderes do KPD, com o grupo Antifa como seu movimento baseado na violência e intimidação de partidos políticos rivais, ficaram sob o comando do aparelho soviético. Muitos líderes do KPD tornaram-se mais tarde líderes da República Democrática Alemã Comunista, incluindo seu infame Ministério da Segurança do Estado, a Stasi.
Como diz Langer, “o antifascismo é mais uma estratégia do que uma ideologia”.
“Ele foi posto em prática na Alemanha na década de 1920 pelo KPD”, não como um movimento legítimo contra o fascismo que mais tarde surgiria na Alemanha, mas “como um conceito de luta anticapitalista”, escreve.

Colaborou: Christian Watjen
Publicado no Epoch Times em Português.


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Intentona Comunista - Parte 2

Histórico da Intentona Comunista II

Extraído do Projeto Orvil pela Editoria do site www.averdadesufocada.com

CAPITULO II

O PARTIDO COMUNISTA - SEÇÃO BRASILEIRA DA INTERNACIONAL COMUNISTA (PC-SBIC)

1. A Internacional Comunista

O lançamento do "Manifesto Comunista" de Marx e Engels situa-se no exato momento em que duas correntes vão chocar-se na doutrina e nos fatos: 1848 é, com efeito, o ano das revoluções européias. O brado lançado no Manifesto - "proletários de todos os países uni-vos"- teria conseqüência prática. Em breve seria tentada a união dos operários, acima das fronteiras nacionais, para combater o capitalismo e implantar o socialismo.

O conceito de internacionalismo proletário daí derivado deu origem à formação das Internacionais, verdadeiras multinacionais ideológicas, que, sob o pretexto de dirigir a luta em nome da classe operária, passaram a fomentar a criação de partidos em vários países, que subordinariam seus programas partidários às resoluções de seus Congressos.

Em 1864, foi fundada em Londres a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT). que ficou posteriormente conhecida como I Internacional. Reunia diferentes correntes do movimento operário europeu, que se opunha ao capitalismo, destacando-se entre elas a dos marxistas e anarquistas. Não suportando as dissensões de grupos anarquistas que não queriam se submeter à autoridade centralizadora de Marx e ao processo da Comuna de Paris, encerrou suas atividades em 1876 .

A II Internacional surgiu em 1889. A II Internacional perdurou até a 1ª Guerra Mundial, quando o nacionalismo mostrou-se, na prática mais forte e decisivo do que o internacionalismo.Depois de depurada dos anarquistas e dos comunistas e de ter passado por alguns períodos de crise e recesso, ressurgiu, em 1951, já Com o nome de Internacional Socialista.

A III Internacional, também conhecida como Comintern ou Internacional Comunista (IC), foi criada em 1919 por Lênin Aproveitando-se da base física conseguida com a revolução russa, em 1917, a IC pode colocar em prática sua doutrina de expansão mundial do comunismo, aIicerçada na experiência dos sovietes. No seu II Congresso Mundial, realizado em 1920, a IC aprovou seu estatuto e estabeleceu as 21 condições exigidas para a filiação dos diversos partidos comunistas, das quais algumas são transcritas abaixo:

"3ª - Nos países burgueses, a ação legal deve ser combinada com a ação ilegal. Nesses países deverá ser criada uma aparelhagem clandestina do Partido, capaz de atuar decisivamente no mommento oportuno.".

"4ª- Deverá ser feita uma ampla campanha de agitação e propaganda nas organizações militares, particularmente no Exército ".

"6ª- Todos os partidos comunistas devem ser internacionalistas e renunciar ao patriotismo e ao pacifismo social . Deverá ser demonstrado aos operários , sistematicamente, que sem a derrubada revolucionária do capitalismo não haverá desarmamento nem paz mundial".

"14ª - Todos os partidos comunistas são obrigados a prestar todo o auxílio necessário às Repúblicas Soviéticas, na sua luta face à contra - revolução ".

"16ª - Todos os partidos comunistas são obrigados a obedecer às resoluções e decisões da Internacional Comunistas, considerada como um partido mundial ùnico".

Essas condições, que espelhavam a rigidez da linha leninista, proporcionaram ao Partido Comunista da União Soviética ( PCUS) a oportunidade de expandir o Movimento Comunista Internacional ( MCI) , subordinando os interesses internacionais dos países submetidos aos dos soviéticos e facilitando a interferência nas políticas internas das demais nações.

2. A formação do PC-SBlC No Brasil, as duas primeiras décadas deste século foram marcadas por algumas poucas agitações de cunho social.

O movimento operário e sindical, por nove anos, desde 1908, dirigido pela Confederação Operária Brasileira ( COB ), possuia traços anarquistas e voltava-se, basicamente, para agitações contra a guerra mundial, inclusive, com ameaças de greve geral.

O marxismo-Ieninismo, ainda pouco conhecido e freqüentemente confundido com o anarquismo, procurava florescer em 7 ou 8 cidades brasileiras com a criação de alguns grupos que, apesar de se intitularem comunistas, não passavam, na verdade, de anarco-sindicalistas.

Foi quando, no inicio da década de 20, a Internacional Comunista (IC) e suas 21 condições de filiação chegaram ao nosso País, e nossos "comunistas" as assumiram, pressurosos. Em 25 de março de 1922, nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói, num congresso que durou três dias, 9 pessoas fundaram o Partido Comunista - Seção Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC).

De acordo com Haroldo Lima, Deputado Federal pelo PC do B da Bahia ..o Congresso discutiu e aprovou as 21 condições de ingresso na Internacional Comunista, elegeu uma Comissão Central Executiva, criou um Comitê de Socorro Aos Flagelados Russos, tratou de questões práticas e encerrou seus trabalhos entoando o hino internacional dos trabalhadores, a Internacional" - Lima, H: "Itinerário das Lutas do PC do Brasil", 1981, página 4

Desde o nome e a sigla (PC-SBIC), obedecendo a 17ª condição, até à renúncia ao pacifismo social, o novo Partido aceitava a agitação permanente e a tese da derrubada revolucionária, das estruturas vigentes, renegava as regras de convivência da sociedade brasileira, propunha-se a realizar atividades legais e ilegais e subordinava-se às Repúblicas Socialistas Soviéticas.

3. As atividades do PC-SBIC

o PC-SBIC surgiu legal, registrado como entidade civil. Três meses depois, o estado de sitio, decorrente da revolta tenentista, colocava-o na ilegalidade e inibia o desenvolvimento de suas atividades de agitação.

Em 1924, um fato viria repercutir no PC-SBIC: a realização do V Congresso da IC, em junho/julho, já sob o impacto da morte de Lenin. Nesse Congresso a IC, mudando de tática, passou a adotar a da "Frente Única'", vista por Zinoviev, como "um método para agitação e mobilização das massas".

Zinoviev foi o primeiro chefe do Comintern e o encarregado de expor , no seu V Congresso, a estratégia que seria aplicada tanto à "Frente Única" quanto às atividades das organizações de frente.

No final de 1926, modificou-se o quadro político-institucional, com o governo de Washington Luís trazendo ventos liberalizantes, tendo o PC inclusive, um curto período de legalidade, de 1º de julho a 11 de agosto de 1927. Obedecendo aos ditames do V Congresso da IC, a direção do Partido lançou a palavra de ordem "Ampla agitação das massas", justificada pela necessidade de "fazer surgir o Partido da obscuridade ilegal à luz do sol da mais intensa agitação política".

Partindo da teoria à prática, criou o Bloco Operário e Camponês BOC) como uma "frente única operária", que, não por acaso, tinha na sigla as mesmas letras da conhecida e já extinta COB.

Ainda seguindo a tática de frente, o PC-SBIC iniciou um trabalho de aproximação com Prestes, que se encontrava na Bolívia e , nessa época, ainda não se tornara comunista. Mas, o ano de 1928 foi marcado pela crise econômica mundial.

Pensando em aproveitar a miséria que adviria para os operários,a IC realizou o seu VI Congresso, de julho a setembro, mudando a tática de "frente única" para a de "classe contra classe". O proletariado mundial, premido pela crise, poderia ser arrastado para a revolução. Era a oportunidade para os comunistas isolarem-se e lutar contra todas as posições antagônicas, desde as burguesas até as operárias. A IC determinara o fim da "frente". Na URSS, iniciava-se a "cortina de ferro".

Tal resolução pegou o PC-SBIC de surpresa. Para as eleições de outubro de 1928, já lançara candidatos através do BOC, que, gradativamente, se vinha tornando o substituto legal do PC.

Imediatamente, o PC-SBIC convocou o seu III Congresso, realizado em dezembro de 1928 e janeiro de 1929, em Niterói. Além de reeleger Astrojildo Pereira como secretário-geral, o Congresso do PC-SBIC determinou a intensificação do trabalho clandestino do PC,a fim de não ser ultrapassado pelo BOC. Com tal medida, pensava acalmar os chefes moscovitas, que viam no BOC a continuação da antiga tática de "frente única".

Ledo engano. Não compreendiam, ainda, os comunistas brasileiros, que a curvatura dos dorsos não era apenas temporária à guisa de um cumprimento. Ela teria que ser permanente. Vivia-se, em Moscou, a plena época dos expurgos. O poderoso Stalin, com mão de ferro, mandava assassinar os principais dirigentes do Comitê Central (CC) e o fantasma do trotskismo servia de motivo para o prosseguimento das eliminações, tanto na "pátria-mãe" como nos partidos satélites.

A I Conferência dos Partidos Comunistas da América Latina, realizado em junho de 1929, em Buenos Aires, condenou "a politica do PC-SBIC frente à questão do Bloco Operário e Camponês e o seu atrelamento a este órgão"

O ano de 1930 foi decisivo para o PC-SBIC. Em fevereiro, a IC baixou, a "Resolução sobre a questão brasileira", com base na Conferência de Buenos Aires. Nesse documento, critica a politica de frente ainda adotada pelo PC-SBIC e ironiza o BOC como sendo um "segundo partido operário". Ao mesmo tempo, induz o partido a "preparar-se para a luta, a fim de encabeçar a insurreição revolucionária".

Os dias de Astrojildo Pereira estavam contados. Em novembro de 1930, uma Conferência do PC-SBIC expulsa o secretário-geral. Em São Paulo, foi afastada uma dissidência trotskista liderada por Mário Pedrosa. Numa guinada para a esquerda, o Partido encerra sua política de alianças, expurga os intelectuais de sua direção e inicia uma fase de proletarização.

4. A fase do obscurantismo e da indefinição

O periodo compreedido entre o final de 1930 e os meados de 1934 caracterizou-se por um quase obscurantismo do PC-SBIC, que, empregando uma linha dúbia e equivocada, se emaranhava em sucessivas crises.

A agitação politica no Brasil, entretanto, foi intensa. Em 1930, ainda sob influência dos ideais do tenentismo, formou-se a Aliança Liberal, um agrupamento de oposições.Em outubro e novembro desse ano, não acatando o resultado das eleições presidenciais que indicara o o paulista Júlio Prestes, a Aliança, a frente de um movimento revolucionário, alçou Getúlio Vargas ao poder.

Nesse início da década de 30, o prestígio de Luiz Carlos Prestes, então exilado no Prata, ainda era muito grande. As repercussões nacionais da sua Coluna faziam-no um dos mais respeitados líderes entre os tenentes. No entanto, era, ainda, um revolucionário em busca de uma ideologia.

Em maio de 1930, Prestes criou a Liga de Ação Revolucionária (LAR), definindo-se contra a Aliança Liberal. Em março de 1931, aderiu, publicamente, ao comunismo. O PC-SBIC logo tentou incorporar a LAR. Prestes, no entanto, com a força de sua liderança, tentava engolfar o PC-SBIC.

O maior líder comunista do Brasil não pertencia aos quadros do PC!

Essa insólita situação foi, aparentemente, resolvida com uma insólita solução: Prestes deixou a Argentina e foi residir na URSS, para ser o representante brasileiro na Internacional Comunista.

Na área internacional, a política de "classe contra classe" revelara-se desastrosa para o PCUS. Não houve a tão deseja da recessão mundial, e a força de Hitler, aproximando-se, gradualmente, do Japão e da Itália, aterrorizava os soviéticos. Esses fatos marcaram uma nova linha política: foi aliviado o isolamento e retomado o diálogo com as nações ocidentais, culminando com o ingresso da URSS na Liga das Nações em 1934.

A tudo isso assistia o PC-SBIC, atarantado. Debatendo-se entre as ordens de Moscou, padecia de uma correta definição da linha política e era envolvido por sucessivas crises de direção.

Apesar do sectarismo obreirista, característico desse período, a intensificação da atividade clandestina do PC-SBIC trouxe-lhe um dividendo: o relativo sucesso no trabalho militar, de infiltração e recrutamento nas Forças Armadas.

Aproveitando o idealismo revolucionário, e até certo ponto ingênuo, do movimento tenentista conseguiu a simpatia de muitos militares. A atuação de militares no Partido, como Mauricio Grabois, Jefferson Cardin, Giocondo Dias, Gregório Bezerra, Agliberto Vieira, Dinarco Reis, Agildo Barata e o próprio Prestes, são exemplos desse trabalho de infiltração e recrutamento.

Esse trabalho militar foi decisivo para o advento da primeira tentativa de tomada do poder pelos comunistas, por meio da luta armada.