O presidente parte para Pequim deixando por aqui uma sequência de instabilidades. Inúteis
Pelo que o presidente Lula disse na conversa com jornalistas na quinta passada, ficamos assim:
1) As metas de inflação mudarão, certamente para níveis superiores, mas não se sabe quanto e quando isso será feito. O governo discutirá depois que o presidente voltar de sua viagem à China.
2) O presidente nomeará para o Banco Central (BC) dois diretores alinhados com os interesses do governo. Esses interesses não foram explicitados, mas todo mundo sabe que o governo quer a redução da taxa básica de juros. Logo, devem ser indicados nomes comprometidos com a redução. Mas isso também fica para depois da viagem à China.
3) A política de preços da Petrobras mudará, abandonando a referência às cotações internacionais do petróleo. A nova política levará em conta os custos internos da estatal. Como? Isso ainda será discutido, também depois da China.
O presidente parte para Pequim deixando por aqui uma sequência de instabilidades. Inúteis.
A meta de inflação, ao contrário do que sugeriu Lula, não é um problema
do BC. Ou melhor: só é problema do BC depois que o governo, por meio do
Conselho Monetário Nacional (CMN), fixa as metas. O CMN é integrado
pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, e pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto. Logo, o governo tem maioria e pode alterar as metas a qualquer momento. [IMPORTANTE LEMBRAR que a meta da inflação sendo decidida pelo CMN, controlado pelo governo do maligno, a decisão errada do CMN, ou seja qualquer m... , expelida por aquele Conselho, portanto mais uma c... do DESgoverno. MARAVILHA.]
Isso pode levar a uma situação contrária à desejada por Lula: o BC
tendo de elevar a taxa de juros. Mas, dirão, o governo colocará lá dois
diretores alinhados. E, no ano que vem, nomeia mais dois. Outra
instabilidade inútil. O BC tem nove diretores e decide por maioria.
Valendo a lógica de Lula — que coloca a atual diretoria do BC contra os
interesses do governo —, este governo será minoritário até o fim de
2024.[bem antes disso o atual presidente estará preso ou foragido - ele cai antes do final deste 2023. Ele está arrumando o dominó, é só questão de cair a primeira pedra.]
Mas quando e como será feita a mudança? O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse na GloboNews que a nova política reduziria o preço do diesel em 25 centavos por litro. A diretoria da Petrobras mandou carta ao ministro perguntando onde estavam esses cálculos.
Um dia depois, Lula desautorizou o ministro, mas confirmou que a política de preços mudará. Como? Ainda estudando. Quando? Adivinhem.
Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - Coluna em O Globo