Formou-se no PT um grupo que enxerga no resultado das urnas uma nova
chance para aprender com os erros que fizeram do antipetismo a maior
força política da temporada eleitoral de 2018. Esse núcleo defende a
saída de Gleisi Hoffmann da presidência do partido e a desobstrução do
debate sobre uma autocrítica genuína. Informado, Lula travou o
movimento.
Preso em Curitiba desde 7 de abril, Lula executou três
lances. Num, sinalizou que continua prestigiando Gleisi. Noutro, cortou
as asas de Fernando Haddad, que alguns companheiros enxergavam como um
líder emergente. Num terceiro lance, Lula empurrou para depois do
Carnaval de 2019 qualquer debate sobre o futuro da legenda e o formato
da oposição a ser feita ao governo de Jair Bolsonaro. Com sua
trava, Lula represou articulações que estavam em estágio embrionário.
Mas o nível da inquietação interna no PT continua subindo. Sobe num
ritmo calculado —nem tão rápido que parece contestação à liderança de
Lula nem tão devagar que ignore as evidências de que o grande líder está
fadado a amargar pelo menos mais duas novas condenações na Lava Jato,
dessa vez sem Sergio Moro, o ''demônio'' para o qual Lula tentava
transferir suas culpas.
O pedaço inquieto do petismo projetava a
costura de alianças políticas em novas bases, agora sem a pretensão de
que o PT voltasse a impor aos parceiros sua liderança hegemônica. O
grupo passou a recear que, ao trancar o debate, Lula condene o PT ao
isolamento. Na semana passada três aliados —PCdoB, PSB e PDT— começaram a
colocar em pé um bloco de oposição na Câmara. Sem o PT.
Nesta
quarta-feira, enquanto Haddad visitava Lula na cadeia de Curitiba, Ciro
Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) discutiam em Brasília a formação de
uma frente de centro-esquerda para fazer oposição ao governo de Jair
Bolsonaro. De novo, sem o PT.
Na 13ª Vara Federal de Curitiba, a
juíza substituta de Sergio Moro, Gabriela Hardt, interrogou, também
nesta quarta-feira, três delatores da Odebrecht na ação sobre o sítio
utilizado pela família Lula da Silva em Atibaia. Marcelo Odebrecht e seu
pai, Emílio, reafirmaram que a obra de reforma da propriedade foi feita
como retribuição por favores prestados ao Grupo Odebrecht durante os
governos de Lula.
Ex-diretor da Odebrecht, Alexandrino Alencar
também repetiu o que dissera em sua delação. Segundo ele, as obras no
sítio foram bancadas pela empreiteira a pedido da então primeira-dama
Marisa Letícia. Alega-se que ela queria presentear o marido quando ele
deixasse a Presidência. Alexandrino contou ter levado o pedido de Marisa
a Emílio Odebrecht, que ordenou a execução das obras. É contra
esse pano de fundo que Lula leva o pé à porta para bloquear a
movimentação do grupo que defende um debate franco sobre as perversões
cometidas pelo PT. Pela enésima vez, o petismo se dá conta de que Lula
pensa primeiro nele, não no partido que fundou.
Blog do Josias de Souza
LEIA TAMBÉM: Na política, time de Bolsonaro tropeça na língua
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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quinta-feira, 8 de novembro de 2018
À espera de novas condenações, Lula trava o PT
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sábado, 3 de fevereiro de 2018
Eleitor desamparado [Lula é covarde até para greve de fome]
A vantagem comparativa do PT é grande, mas o fato é que todos os partidos estão mal com o eleitor. O que costuma derrubar o PT são períodos de denúncias de corrupção, mais do que radicalização do discurso. Em agosto de 2016, com o fim do processo de impeachment da então presidente Dilma, o índice do PT caiu para 9% de preferências, e o total de eleitores sem partidos atingiu o recorde de 75%. O dado mais importante é o vácuo político, a maioria absoluta não se sente representada pela oferta de partidos e candidatos. Segundo o Datafolha, esse sentimento se acentuou a partir de junho de 2013.
Embora o maior problema do PT sejam as acusações de corrupção, o que indica que esse prestígio partidário pode ser reduzido à medida que o eleitorado tomar conhecimento da condenação em segunda instância de Lula — segundo o mesmo Datafolha, 24% dos eleitores nem ouviram falar do julgamento de Lula no TRF-4 e outros 9% ouviram falar, mas disseram estar mal informados —, a radicalização partidária diante da condenação de Lula e seu impedimento de concorrer devido à Lei da Ficha Limpa podem jogar o partido num gueto político do qual será difícil sair. Ontem, na abertura do ano judiciário, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, disse que é “inadmissível e inaceitável” que se ataque a Justiça. A procuradora-geral da República também salientou que ainda há muito a fazer para corrigir os rumos do país.
A mesma pesquisa do Datafolha revela que 53% dos eleitores querem Lula na cadeia, e 37% dos entrevistados consideram que ele recebeu um tratamento igual ao de todos os outros criminosos, enquanto outros 22% perceberam que ele recebeu um tratamento melhor. Os acintosos discursos de dirigentes partidários e aliados de diversos níveis — falando em sangue nas ruas, morte de pessoas e desobediência civil — caíram no vazio, mas deixaram no ar a desconfiança de que uma parte do PT trabalha fora das regras democráticas. Outras reações chegam ao ridículo, como a proposta de organizar um milhão de habeas corpus pelo país pedindo a liberdade de Lula, numa ação coordenada pelos diretórios regionais do PT, outra tentativa de desmoralizar a Justiça.
Houve também a proposta de que Lula fizesse greve de fome quando preso, em protesto. Os que tiveram essa ideia não sabem que essa questão sempre foi problemática para Lula. Quando foi preso em 1980 durante a ditadura militar, devido à greve dos metalúrgicos, os sindicalistas resolveram fazer uma greve de fome.
O líder Zé Maria, um dos fundadores do PT e hoje candidato permanente à Presidência da República pelo PSTU, conta, em relato publicado no blog do sociólogo Ricarte Almeida Santos nunca desmentido, que houve “uma grande decepção” quando descobriram que “Lula estava furando a greve de fome, recebendo barras de chocolate e comendo às escondidas”.
Ainda presidente, Lula fez uma visita oficial a Cuba em meio a uma greve de fome de um preso político conhecido por Zapata. Lula deu declarações dizendo que “(…) temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos. A greve de fome não pode ser um pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade”.
Zapata morreu com Lula ainda em solo cubano, e a comparação de presos políticos com presos comuns levou a críticas severas contra ele.
Merval Pereira - O Globo
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