Você já reparou no quanto a esquerda detesta o Brasil? Observe o mimimi
histórico que nos é despejado em salas de aulas e em fake analysis da
mídia ideologicamente manipulada: o Brasil explorado, suas riquezas
drenadas, “veias abertas” ao longo dos séculos por um colonialismo de
péssima origem, que nada de bom produziu e a ninguém dignifica. Bem ao
contrário de todos os povos, o brasileiro é ensinado a se constranger de
sua história e a repudiar suas raízes. Rompidos nossos elos com o
passado, o mesmo mimimi se volta para as sujeições internas, para a
odiosa burguesia europeia, branca, machista, racista, capitalista e sei
lá mais o quê. Tudo construído para que nos vejamos como palermas
necessitados da inteligência, sagacidade e discernimento dos
“intelectuais” e políticos que disponibilizam esse condensado de
desinformação.
Você jamais
ouvirá uma só palavra que nos dignifique. Elogiam a
latino-americanidade, a pátria grande do Foro de São Paulo e da UNASUL, e
vilipendiam nossas origens ibéricas e lusitanas.
Nessa infeliz
preleção, o pequeno Portugal, cujo território é uma terça parte do meu
Rio Grande do Sul, que foi o primeiro Estado Nacional europeu, torna-se
objeto de ressentimento e desprezo.
Oculta-se o fato de aquela
minúscula nação se haver erguido à liderança mundial nos séculos XV e
XVI, assumido a tarefa quase impossível de povoar o continente
brasileiro e ter trazido a esta parte do mundo civilização a ocidental e
cristã. Aliás, minimiza-se a própria importância dessa civilização que
nos proporcionou idioma, fé e cultura.
Até a comemoração dos 500 anos
do Descobrimento foi repudiada!
Grandes
figuras da nossa história precisam sumir em breves referências que não
exaltam sua importância e, menos ainda, os propõem ao reconhecimento e à
gratidão nacional: José Bonifácio, Pedro I, Diogo Feijó, Duque de
Caxias, Barão de Mauá, Pedro II, D. Leopoldina, Barão do Rio Branco,
Joaquim Nabuco, Rui Barbosa. Eles e tantos outros, em qualquer país que
os contasse entre seus filhos, seriam credores de louvor e admiração. No
contrapelo, os que viram pelo avesso nossa história oferecem o culto a
José Dirceu, José Genoíno, Carlos Marighella, Luís Carlos Prestes...
Por isso,
multidões se emocionam com os vídeos do Brasil Paralelo. Eles enfatizam
nossa dignidade, nossos méritos, os fundadores da pátria. Sobram-nos
razões para o justificado orgulho nacional que todos os povos têm e no
qual fundam parte de suas energias.
Não somos filhos da macega! Não se
trata de ocultar recantos sombrios de nosso passado (qual país não os
tem?), mas de fazer o que os demais fazem, valorizando os muitos
aspectos positivos para neles cravar raízes e com eles estabelecer nossa
identidade nacional.
A conta
política da história mal contada se materializa em submissão aos
narradores que também se apresentam como redentores da riqueza nacional.
Em cinco séculos, apenas os 14 anos de governo petista mereceriam
respeito. Tenho ouvido, como sedutor relato contado e aprendido, que o
Brasil tem riquezas abundantes das quais e graças às quais todos
poderiam viver na fartura. É parte do processo de dominação cultural
preservar e reforçar a atitude dependente e subalterna em relação ao
Estado, entendido como inesgotável provedor de nossas necessidades
comuns e de nossa segurança individual. O Estado precisa ser grande e
forte para que à sua sombra possamos viver em meio a muitas estatais,
empregos públicos e pressuroso atendimento de todas as demandas sociais.
Os sedutores que nos querem dominar se apresentam como portadores desse
cardápio de muitos direitos e escassos deveres, a preços de liquidação,
embora no delivery só disponibilizem miséria e totalitarismo.
Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores
(www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país.
Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.