Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador delivery. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador delivery. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 26 de maio de 2023

Mistificação e dominação cultural - Percival Puggina

         Você já reparou no quanto a esquerda detesta o Brasil? Observe o mimimi histórico que nos é despejado em salas de aulas e em fake analysis da mídia ideologicamente manipulada: o Brasil explorado, suas riquezas drenadas, “veias abertas” ao longo dos séculos por um colonialismo de péssima origem, que nada de bom produziu e a ninguém dignifica. Bem ao contrário de todos os povos, o brasileiro é ensinado a se constranger de sua história e a repudiar suas raízes. Rompidos nossos elos com o passado, o mesmo mimimi se volta para as sujeições internas, para a odiosa burguesia europeia, branca, machista, racista, capitalista e sei lá mais o quê. Tudo construído para que nos vejamos como palermas necessitados da inteligência, sagacidade e discernimento dos “intelectuais” e políticos que disponibilizam esse condensado de desinformação.

Você jamais ouvirá uma só palavra que nos dignifique. Elogiam a latino-americanidade, a pátria grande do Foro de São Paulo e da UNASUL, e vilipendiam nossas origens ibéricas e lusitanas.  
Nessa infeliz preleção, o pequeno Portugal, cujo território é uma terça parte do meu Rio Grande do Sul, que foi o primeiro Estado Nacional europeu, torna-se objeto de ressentimento e desprezo.  
Oculta-se o fato de aquela minúscula nação se haver erguido à liderança mundial nos séculos XV e XVI, assumido a tarefa quase impossível de povoar o continente brasileiro e ter trazido a esta parte do mundo civilização a ocidental e cristã. Aliás, minimiza-se a própria importância dessa civilização que nos proporcionou idioma, fé e cultura.  
Até a comemoração dos 500 anos do Descobrimento foi repudiada!

Grandes figuras da nossa história precisam sumir em breves referências que não exaltam sua importância e, menos ainda, os propõem ao reconhecimento e à gratidão nacional: José Bonifácio, Pedro I, Diogo Feijó, Duque de Caxias, Barão de Mauá, Pedro II, D. Leopoldina, Barão do Rio Branco, Joaquim Nabuco, Rui Barbosa. Eles e tantos outros, em qualquer país que os contasse entre seus filhos, seriam credores de louvor e admiração. No contrapelo, os que viram pelo avesso nossa história oferecem o culto a José Dirceu, José Genoíno, Carlos Marighella, Luís Carlos Prestes...

Por isso, multidões se emocionam com os vídeos do Brasil Paralelo. Eles enfatizam nossa dignidade, nossos méritos, os fundadores da pátria. Sobram-nos razões para o justificado orgulho nacional que todos os povos têm e no qual fundam parte de suas energias. 
Não somos filhos da macega! Não se trata de ocultar recantos sombrios de nosso passado (qual país não os tem?), mas de fazer o que os demais fazem, valorizando os muitos aspectos positivos para neles cravar raízes e com eles estabelecer nossa identidade nacional.
 
A conta política da história mal contada se materializa em submissão aos narradores que também se apresentam como redentores da riqueza nacional. 
Em cinco séculos, apenas os 14 anos de governo petista mereceriam respeito. Tenho ouvido, como sedutor relato contado e aprendido, que o Brasil tem riquezas abundantes das quais e graças às quais todos poderiam viver na fartura. É parte do processo de dominação cultural preservar e reforçar a atitude dependente e subalterna em relação ao Estado, entendido como inesgotável provedor de nossas necessidades comuns e de nossa segurança individual. O Estado precisa ser grande e forte para que à sua sombra possamos viver em meio a muitas estatais, empregos públicos e pressuroso atendimento de todas as demandas sociais. Os sedutores que nos querem dominar se apresentam como portadores desse cardápio de muitos direitos e escassos deveres, a preços de liquidação, embora no delivery só disponibilizem miséria e totalitarismo.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


sexta-feira, 16 de julho de 2021

Até o boteco da esquina melhora seu sistema. Só o TSE não - VOZES

Urna eletrônica

A grande guerra do “voto impresso” que o público está vendo acontecer na sua frente é um desses clássicos da comédia — todos os personagens estão errados. Para começar, o público pagante, cujos interesses deveriam ser os únicos a serem levados em conta nessa conversa toda, está a anos-luz de distância do debate; até agora ninguém parou cinco minutos para pensar no que seria melhor para ele.

Depois, o “voto impresso” não é impresso — embora uma das facções se oponha furiosamente à impressão dos votos, a outra diz que jamais pensou em imprimir voto nenhum. Mais: é uma questão essencial para as eleições de 2022, mas os políticos acabam de adiar ainda uma vez a sua discussão, jogando tudo para “depois do recesso”. O lado “A” acha que o lado “B” quer roubar na apuração. O lado “B” acha que o lado “A” quer criar uma ditadura no Brasil.

Com a desonestidade fundamental que marca toda a discussão política no Brasil de hoje, transformaram uma questão puramente técnica, comandada pela mecânica e pela eletrônica, numa divisão ideológica irremediável.  A “esquerda”, encarnada no caso pelo ministro Luís Roberto Barroso e seus colegas do STF, diz que o sistema atual de urnas eletrônicas não pode ser tocado em absolutamente nada; não seria mais passível de nenhum tipo de aperfeiçoamento, por ter atingido a perfeição, segundo seus defensores, e qualquer tentativa de mexer nisso é um crime contra a democracia. A “direita”, encarnada pelo presidente Jair Bolsonaro, diz que esse mesmo sistema torna impossível uma eleição limpa — e que se as eleições de 2022 não forem limpas, não haverá eleição nenhuma.

Entre os dois fogos, ficam perdidos e no mais completo prejuízo o eleitor, que deveria ser o centro dos debates, e os que querem simplesmente um sistema de voto e de apuração melhores, mais modernos e mais seguros que o atual. O STF veta a discussão do assunto; diz que qualquer tentativa de melhorar o processo atual, em vigor há 25 anos, é “virar a mesa” para falsificar os resultados e impor uma “ditadura” ao país. Não foi capaz, até agora, de dar uma única resposta séria a uma pergunta simples: 
- por que seria errado tentar aprimorar o atual sistema? 
- Qual o crime em querer melhorar um conjunto de máquinas?
Os bancos, por exemplo, melhoram todos os dias a segurança, a eficácia e a inteligência de seus processos eletrônicos gastam bilhões de reais nesse trabalho. A Receita Federal faz a mesma coisa; não passa na cabeça de ninguém, ali, trabalhar hoje com os métodos de 1996. A indústria e o comércio criam a cada ano, ou menos, novos ambientes eletrônicos para o exercício de suas atividades. 
O Uber melhora o seu sistema. 
O delivery de pizza melhora o seu sistema. 
O boteco da esquina melhora o seu sistema.

Só os burocratas do Tribunal Superior Eleitoral, sob o comando do STF, têm a certeza absoluta de que não há nada a melhorar nos mecanismos de votação e apuração das eleições brasileiras.

Mas os nossos políticos acham que nada disso é realmente importante, tanto que jogaram tudo para depois — na esperança de que a coisa acabe morrendo de morte natural. Como sempre acontece, mais uma vez fica claro que no Brasil há muita democracia, muita instituição, muito Estado de direito, muita ciência política só não há povo. Esse não chega nem perto da conversa do ministro Barroso, dos mandarins da Câmara e do Senado, e de toda essa gente que aparece no jornal do horário nobre.

J. R. Guzzo,colunista -  Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 16 de junho de 2021

Delivery - J.R. Guzzo

 O Estado de S. Paulo

Governador do Amazonas pediu seu habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal com a tranquilidade de quem pede uma pizza

Talvez haja alguma explicação que esteja sendo mantida em sigilo. Talvez exista alguma verdade de ordem superior que ainda não esteja disponível para o cidadão comum. Mas, quando se faz uma lista das decisões que o Supremo Tribunal Federal toma em todos os casos nos quais a vítima é o eráriotodos –, o único entendimento possível, pela lógica elementar, é o seguinte
a corrupção está oficialmente autorizada, no Brasil de hoje, para todos os efeitos práticos. 
Na lei continua sendo proibido roubar o Estado; não se pode levar para casa nem um apontador de lápis. Mas, quando se vê o que realmente acontece, na vida real, para os que são acusados de corrupção, fica claro que está valendo um “liberou geral”: não acontece nada, nunca, para ninguém. Não é uma opinião. É o que mostra a contabilidade fria das sentenças assinadas pelos 11 membros do tribunal.
Como chegar a alguma conclusão diferente quando se olha, com toda a boa vontade do mundo, para o que acaba de acontecer com o governador do Amazonas
O homem foi objeto, dias atrás, de uma operação de busca e apreensão, tanto em sua casa como no escritório, por suspeitas de ladroagem na gestão da covid.  
Eis aí uma pessoa-chave para ser ouvida na tal CPI que se diz encarregada de “investigar” tudo o que aconteceu a respeito do assunto, não é mesmo? 
Não, não é. A ministra Rosa Weber decidiu que o governador não precisa ir à CPI, para não passar por “constrangimentos”; ele pediu seu habeas corpus com a tranquilidade de quem pede uma pizza no delivery, e foi atendido com a mesma rapidez.

Como assim? Todo mundo que vai lá, e que está na lista negra do presidente, do relator e da esquerda nacional, tem sofrido os constrangimentos mais agressivos, desonestos e grosseiros já registrados na história das CPIs no Brasil. Por que estes podem ser massacrados em público e o governador do Amazonas não pode responder nem a uma perguntinha?

É incompreensível, pura e simplesmente – embora não haja nada de simples, e muito menos de puro, nessa história toda. Foi murmurado, aqui e ali, que havia problemas com a “independência de Poderes” um governador, homem do Executivo, não podia ser interrogado pelos senadores, gente do Legislativo. É uma piada. O STF meteu na cadeia um deputado federal em pleno exercício do seu mandato, e ninguém falou em interferência nenhuma. Dia sim, dia não, o tribunal manda o presidente ou algum dos seus ministros fazerem alguma coisa em “cinco dias”, ou, às vezes, menos: explicar por que não usa máscara, resolver em três anos o problema das penitenciárias, informar o que o Exército está fazendo na Amazônia, e por aí afora. (Num dos seus melhores momentos, acaba de autorizar a disputa de um torneio de futebol.)

Falou-se, também, que o governador está sendo investigado pela polícia e, se fosse ouvido na CPI, corria o risco de incriminar a si próprio. Heimmm? Mas de que lado o sujeito está? Se ele não fez nada, e não tem nada a esconder, por que raios iria se incriminar? Bastaria dizer a verdade. A CPI é presidida por um senador do Amazonas o lugar onde mais se roubou dinheiro da covid no Brasil, e possivelmente no mundo. Foi acusado de meter a mão na área da saúde, sua mulher foi presa pelo mesmo motivo e seus três irmãos também foram parar no xadrez. Se um cidadão assim pode ser o presidente da CPI, e ninguém está preocupado se ele vai se “incriminar”, qual é o problema com o governador?

Fala-se muito do ministro Gilmar Mendes, mas Rosa Weber é a mesma coisa; todos, no fundo, são a mesma coisa. Daqui a pouco a turma que precisa de habeas corpus nem vai mais mandar advogado ao STF. Vão resolver por telefone.

JR Guzzo, jornalista - O Estado de S. Paulo


sexta-feira, 12 de março de 2021

Dobrando a aposta - J. R Guzzo

O Estado de S.Paulo 

Os gestores da epidemia não sofrem as consequências das decisões que tomam

Eis aí o Estado de São Paulo de volta à fase de restrições radicais por conta da covide é bom ir dando graças a Deus, segundo indicam as “autoridades locaisque receberam do STF a incumbência de gerir a epidemia sem interferências de cima ou dos lados. Como acaba de dizer o gestor-chefe do Alto Comissariado que decide hoje em dia o que o cidadão pode ou não pode fazer na sua vida, a atual “fase vermelha” da quarentena talvez não seja suficiente para satisfazer o grau de paralisia da sociedade que acham satisfatório; já ameaçou com a adoção de uma “fase preta”, na qual querem proibir ainda mais coisas. Quais? Nem eles sabem direito. Só dizem que vai ficar pior.

Permanecem de pé, enquanto eles distribuem as suas ordens, duas questões essenciais. A primeira é: para que tudo isso? Nunca se adotaram medidas de intervenção nas liberdades individuais e públicas mais extremas que as de agora. Ao mesmo tempo, nunca morreu tanta gente – quase 260 mil pessoas, segundo os critérios que definem o que é morte por covid e segundo os últimos números publicados pela imprensa. Obviamente, pela observação objetiva dos fatos que estão à vista de todos, o “fique em casa” não deu certo se tivesse dado, a quantidade de mortos e de infectados estaria diminuindo, e não aumentando. Tudo o que se diz em defesa do fechamento é a mesma coisa que vem sendo dita desde o começo: seria pior se não fosse assim. Quanto pior? Aí cada um diz o que quer. Haveria 3 milhões de mortos etc. etc. etc. Ou seja: acreditem em mim, façam “home office” e chamem o motoboy para o “delivery”.

A segunda questão é igualmente simples: depois de um ano inteiro de gestão exclusiva da covid (na prática, as decisões locais não podem ser mudadas por decisões superiores) e de gastarem dezenas de bilhões de reais em dinheiro tirado do público, o que as autoridades que trataram da epidemia têm para mostrar em seu favor? 
Nesse período o cidadão foi governado por decretos-leis e a Constituição foi sistematicamente desrespeitada. 
Uma recessão que fez a economia recuar mais 4% em 2020 destruiu empregos, liquidou empresas e arruinou as vidas de milhões de brasileiros. 
Num país desesperadamente atrasado na educação de suas crianças e jovens, a maioria das escolas está fechada há um ano. 
Em troca de tudo isso, o que se tem são 260 mil mortos e a constatação de que o sistema público de hospitais está em colapso – segundo os próprios responsáveis diretos pelo seu funcionamento.
As coisas estão assim, dizem eles, porque o número de casos aumentou demais. Mas não é justamente para isso, para resolver emergências extremas, que receberam esses poderes todos e estão aí fazendo o que bem entendem desde março de 2020? 
 
 Não foi para tratar exclusivamente da covid que Estados e municípios receberam, ao longo deste último ano, R$ 35 bilhões em verbas federais? Com esse dinheiro o Brasil poderia ter hoje 250 mil leitos de UTI; tem menos de um terço disso.  
Quando apresentados a qualquer desses fatos, os comissários da covid ficam impacientes: dizem que é tudo “negacionismo” e encerram a conversa. 
Não muda nada – o fracasso continua do mesmo tamanho, e daí eles dobram a aposta.   O fato é que os gestores da epidemia não sofrem as consequências das decisões que tomam
Nenhum deles perdeu o emprego até hoje, nem renda, nem fez cinco minutos numa fila de ônibus, nem passou um dia inteiro sem café da manhã, almoço e janta
Ninguém ficou sem elevador, luz elétrica e água quente – para isso, garantindo o conforto de quem está “em casa”, há sempre um infeliz pendurado no poste ou enfiado embaixo da terra. Eles que se aglomerem. 
[por falar em aglomeração, o secretário de  Mobilidade Urbana do DF, braço direito do Ibaneis Rocha, foi questionado devido o excesso de aglomerações no transporte urbano - a autoridade saiu-se com essa pérola de burrice e desprezo pelos trabalhadores - deboche mesmo:"é preciso esse pessoal evitar o transporte coletivo."]
 
J. R. Guzzo, jornalista  - O Estado de S. Paulo

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Sugiro aos deputados que voltem a bater ponto em Brasília [trabalhar... outra coisa] - Gazeta do Povo - VOZES

JR Guzzo 

Sessão "presencial"

De volta às atividades para mais um ano legislativo, e agora sob nova gerência, a Câmara do Deputados dá a impressão de que vai examinar pelo menos examinar a possibilidade de reabrir o estabelecimento para sessões “presenciais”, a palavra da moda para definir se alguma coisa está sendo feita de verdade ou não. Uma reunião “presencial”, por exemplo, é uma reunião que realmente acontece, com a presença de seres humanos. Uma reunião “não presencial” pode ser qualquer coisa. Em geral não é nada: não requer a presença de pessoas de carne e osso, e tem funcionado desde o início da epidemia de covid como um excelente recurso para a simulação de atividade.

Sob a nova direção de Arthur Lira (PP-AL), Câmara dos Deputados discute a retomada das sessões presenciais apesar da pandemia de Covid-19. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

A Câmara, e mais um monte de gente, está sem trabalho “presencial" há quase um ano; os senhores deputados estiveram entre os primeiros brasileiros a fugir do serviço e se converter à religião do “#fique em casa”. Mantiveram intactos, é óbvio, os seus salários, benefícios, passagens aéreas, apartamentos “de função”, funcionários dos gabinetes, carros, motoristas e cada tostão que o regulamento permite. Em troca, vão de vez em quando para a frente do computador e ali apertam uma tecla qualquer para 
cumprir com suas obrigações parlamentares.                            [sobre a religião do "#fique em casa", não podemos deixar de citar outra categoria fervorosa = professores.
Grande
parte dos professores do estado do Joãozinho, após quase um ano de cumprimento integral da política do não comparecimento às escolas, (ficar em casa é outra coisa, afinal com o advento dos celulares, dar aula virtual é possível de qualquer ponto do Brasil.)se declarou em greve para não voltar ao trabalho presencial, real. Tais indivíduos integram a categoria dos 
professores mercenários.

Temos duas categorias de professores: - os mercenários = aqueles que são professores, ou estão, apenas pelo salário que, convenhamos, já foi melhor. Permanecem na profissão com um único objetivo = uma aposentadoria mais favorável.
- Felizmente, grande parte dos professores são os DEDICADOS, os que tem vocação para ensinar e que honram a máxima: PROFESSOR, a PROFISSÃO QUE FORMA TODAS AS OUTRAS. Que pode ser sintetizada: A profissão de professor é a mais importante de todas, porque ele forma do médico ao engenheiro, passando pelos cientistas, nenhuma atividade é tão essencial a uma sociedade como a educação. É por isso também que o professor tem de ser cada vez mais valorizado e respeitado como um mestre.
Estes, obviamente, trabalham por um salário, necessidade presente, mas são movidos principalmente pela dedicação e amor pela arte de ensinar.Estes, em sua maioria, até durante a pandemia,  tentaram reduzir os efeitos maléficos da absurdo fecha tudo.]

Parece estar em discussão, agora, uma proposta para a Câmara voltar às sessões "presenciais”, ou seja, voltar ao trabalho. Nem é preciso dizer que a ideia foi recebida a pedradas por deputados que militam na "Confederação Nacional da Quarentena pelo Tempo que for Necessário". Segundo eles, não haveria condições de garantir a “segurança sanitária” de suas excelências. É mais uma prova, entre tantas que aparecem na vida diária, do sistema de castas que governa este país de forma cada vez mais absoluta – para quem está em cima, como os deputados, tudo, sempre; para quem está em baixo, como 90% da população, nada, nunca.

Não passa pela cabeça dos parlamentares brasileiros (nem dos professores, funcionários públicos de alta linhagem, etc.) que todos os dias quase 8 milhões de pessoas se apertam no metrô e nos trens urbanos de São Paulo, por exemplo, porque precisam trabalhar para ficar vivos. E no resto do país? E em todas as milhares de atividades que não permitem o “trabalho online”? Onde está o precioso “distanciamento social” para eles? E a sua “segurança sanitária”?

A mensagem dos deputados que exigem “sessões virtuais” para si próprios – e de todos os mandarins que pensam como eles – é a seguinte: quem tem de trabalhar que vá para o diabo que o carregue. Eles que se virem e continuem trabalhando dia e noite para garantir o nosso delivery.

Talvez seja melhor, para o seu próprio bem, que os senhores deputados e congêneres não continuem mais muito tempo fora do trabalho. Já não aparecem no local de serviço há um ano. Se quiserem ficar em casa mais um ou dois, ou sabe-se lá quantos, vão deixar o público se acostumar de vez com a sua ausência. Não é uma boa ideia.

JR Guzzo, jornalista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 13 de julho de 2020

Frente Nacional Pró-Vírus não quer que o país volte a trabalhar - J.R. Guzzo


Vozes - Gazeta do Povo

Alarmismo
O público pode se preparar porque vem artilharia grossa por aí — um esforço concentrado, por parte das tropas da "Frente Nacional Pró-Vírus", para retomar a iniciativa na guerra contra a produção e contra o trabalho que vêm travando com tanto sucesso há três meses. Nenhum partido, nenhuma revolução de massas e nenhuma greve geral de “operários e camponeses”, como a esquerda gostava de dizer 50 anos atrás, conseguiu tanto sucesso até hoje para jogar no chão o sistema econômico de um país quanto o vírus que veio da China.

É muito natural, portanto, que as forças do movimento pró-vírus fiquem agitadas com os primeiros sinais de que a epidemia possa estar começando a ceder. Ou melhor: os governos dos estados e municípios, a quem o STF entregou a exclusividade na gestão da crise, começam a admitir que não está dando mais para manter o “distanciamento social” para sempre. Sem a sua ajuda, a paralisação do Brasil até o "Dia do Juízo Final" não tem mais o futuro que parecia ter até agora.O contra-ataque do consórcio pró-vírus pode ter sucesso maior ou menor — depende da sua capacidade de meter medo nos governadores e prefeitos que estão encarregados de decidir sobre o que funciona, o que funciona mais ou menos e o que continua proibido de funcionar. 

A munição que parecem mais empenhados em utilizar são “estudos” com números apavorantes sobre mortes e infecções, que estariam em índices altos demais para permitir a abertura que começa a ser tentada. Há também as “projeções”, que prometem para o futuro uma calamidade muito maior que a de agora, caso o abrandamento da quarentena não seja interrompido já. Médicos, cientistas e pesquisadores, que são apresentados sob o genérico de “especialistas”, multiplicam ameaças sobre o que vai acontecer. A mídia, em geral, apoia com o máximo de ruído possível a ofensiva – desde o início da epidemia, aliás, tem sido a colaboradora mais apaixonada da Frente Nacional Pró-Vírus.

Essa turma tem a seu crédito uma série de feitos realmente notáveis. Conseguiram convencer muita gente boa que ficar “em casa” é um gesto de heroísmo. Transformam fiscais da prefeitura em modelos de virtude. Baniram da discussão sobre a Covid-19 qualquer ponto de vista que não desse apoio cego à ideia do “confinamento total” até a “descoberta da vacina” – ou mesmo depois. Venderam a visão de um mundo onde ninguém precisa mais trabalhar, porque “o governo” tem de cuidar da população – ou, então, onde todos podem trabalhar em casa, pedir comida pelo “delivery” e fazer cursos de ioga pela televisão. Conseguiram, com o dilúvio de declarações dos seus “especialistas”, calar a ciência e impor uma medicina de superstição a milhões de pessoas.
O maior pesadelo para o partido do vírus é um Brasil que volte a funcionar normalmente. Vão fazer tudo o que podem para evitar isso.
J.R. Guzzo,  jornalista - Vozes - Gazeta do Povo


sexta-feira, 22 de maio de 2020

O novo imposto e a mão de gato - O Estado de S.Paulo

Celso Ming


Mais uma vez, Paulo Guedes insiste na criação de um imposto que lembra a velha CMPF, o imposto do cheque
O que é, o que é? Tem focinho de gato, orelha de gato, olho de gato, garra de gato, mas tem uma peninha na cabeça? A resposta qualquer criança sabe: é um gato com uma peninha na cabeça. Pois, mais uma vez, o ministro da Economia, Paulo Guedes, insiste na criação de um imposto que lembra a velha CMPF, o imposto do cheque. Também desta vez, ele insiste em dizer que não tem nada a ver com CPMF. Mas não esconde que será um imposto provisório – que fique entendido – a ser cobrado sobre operações digitais.

Sempre que essa ideia aparece, vem com supostas meritórias intenções. Em 1996, quando o então ministro da Saúde, Adib Jatene, defendeu a criação da CPMF, argumentou que viria para financiar a saúde pública. Alguém poderia ser contra o melhor dos objetivos, o ataque às doenças? Logo se viu que era apenas um jeito maroto de vender o imposto, porque a arrecadação foi para o caixa geral e daí para onde o governo determinasse.


Agora, o ministro argumenta que é preciso recriar empregos. O novo imposto derrubaria os encargos sociais das empresas, que, por sua vez, seriam encorajadas a contratar pessoal, agora quando o desemprego corre solto. Esse disfarce de imposto provisório também é velho de guerra. O imposto do cheque também começou provisório. Em dois anos deveria ser extinto. De provisório em provisório, foi ficando. Durou dez anos. [o óbvio: o mesmo P que inicia provisório, inicia permanente.]

Achar que esse imposto não dói porque seria automaticamente cobrado pelos bancos é uma empulhação. O que não é operação digital nesta economia moderna? Todas as operações bancárias têm pelo menos algumas fases digitais, os pagamentos por cartão de crédito ou de débito são digitais; o comércio eletrônico é digital, a encomenda de comida para entrega em domicílio (o delivery) é digital. Além disso, não é preciso ser tributarista para saber que este é um imposto de péssima qualidade. Incide cumulativamente (em cascata) ao longo de toda a cadeia de pagamentos, o que é expressamente proibido pela Constituição (art. 154). Na medida em que onera a mercadoria com impostos sobre impostos, encarece as exportações e, assim, tira competitividade do produto brasileiro. [para ficar bem claro: incide nas duas pontas - paga quando recebe e paga quando paga = na entrada e na saída.] 

Ah, sim, o ministro garante que a alíquota será baixa, não só para reduzir o tamanho da facada, mas também para reduzir as distorções. Essa é também uma história conhecida. Um imposto assim sempre começa com uma alíquota quase simbólica. Mas, lá pelas tantas, falta dinheiro nos cofres públicos e o ministro de plantão dirá que não há outro jeito senão aumentar a alíquota e assim sucessivamente. [vide o IOF: alíquota diária até parece irrisória, suportável; 
só que quando você faz a operação financeira incide uma alíquota única, de apenas 0,38% = rendimento de dois meses da caderneta de poupança.
Um exemplo: faltando um dia para o aniversário de sua poupança você tem uma necessidade urgente e inadiável e para não perder o 'rendimento' da poupança você usa o cheque especial por um dia.
Mesmo que seja naquele banco dos 'dez dias sem juros' você paga de imediato 0,38% de IOF mais um percentual diário.
Para recuperar os 0,38% você tem que somar dois meses de poupança.] 

Se após tantos desmentidos essa anomalia for realmente recriada, Estados e municípios haverão de brigar por fatias do que vier a ser arrecadado sob o argumento de que o fato gerador do imposto é o mesmo do ICMS ou do ISS, que lhes cabe por direito. Finalmente, esse imposto vai sendo proposto na pior hora, quando o desemprego e a crise tiram renda do trabalhador, quando, altamente endividadas, as empresas estão quebrando e não conseguem sequer honrar seus compromissos junto com o Fisco.

Esta é mais uma mão de gato.

Celso Ming, colunista - O Estado de S. Paulo


terça-feira, 14 de abril de 2020

Mourão: "Mandetta cruzou a linha da bola e fez falta grave" - Correio Braziliense

O general afirma que o ministro da Saúde não precisava ter dito algumas coisas, mas opina que o presidente Jair Bolsonaro não deve trocá-lo agora

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, disse, nesta terça-feira (14/4) que o novo coronavírus está sendo politizado no Brasil, fruto da polarização, mas que isso também ocorre em outros países. Em videoconferência, afirmou que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, “cruzou a linha da bola”, cometendo uma falta grave (no pólo, jogo praticado pelo vice-presidente) durante a entrevista que concedeu no domingo, quando disse queo povo não sabe se escuta o presidente Jair Bolsonaro ou o ministro da Saúde”. “Ele não precisava ter dito algumas coisas”, destacou. No entanto, Mourão opinou que ele não deve sair. “Existe muita especulação e o presidente não deve trocar o ministro agora”, disse.

O general rechaçou que a ala militar tenha tido influência na manutenção de Mandetta no cargo. “Tem sido nossa grande preocupação separar as Forças Armadas dos elementos militares que fazem parte do governo. Nenhum comandante fica dando apoio expresso ao governo, porém cumpre sua missão, como irá cumprir com relação a qualquer governo”, destacou. “Ala militar foi um figura militar criada por parte da imprensa. O que existe são ministros militares. O general Heleno, do GSI, ocupa um cargo tradicional do Exército. Então, no Planalto, tem mais dois ali onde não havia militares e eu, que fui eleito junto com o presidente. No caso do ministro Mandetta, está sendo considerado muito bom, agora, então, capitaneado pelo ministro Braga Netto (Casa Civil), porque precisa de um coordenador. A questão envolve vários ministérios, Cidadania, Relações Exteriores”, disse.

“Não será favorável nessa hora (a troca). Avaliando a situação e o trabalho do Mandetta cabe muito mais uma conversa, chamar e acertar a passada, e discutir intramuros e não via imprensa. Eu não estava na conversa que tiveram (Bolsonaro e Mandetta) na semana passada. Todo mundo diz que existe um anão embaixo da mesa do presidente. Então, a não ser o anão tenha ouvido alguma coisa…”, brincou. Mourão, entretanto, negou que tenha havido entrevero na reunião ministerial da semana passada. “Ele abriu a reunião em relação a todo o ministério, sobre a necessidade para uma maior coordenação. Quando chegou a hora do Mandetta falar, ele apresentou suas ponderações sobre a situação, a coisa transcorreu num nível de serenidade e lealdade. Não houve essa briga.”

[FORA DO TEMA, mas oportuno.........

"A Justiça e a contaminação de banditismo em meio ao coronavírus"

CNJ e a contaminação de bandidolatria

CNJ legislou ao promover mudança constitucional - mais grave: em CLÁUSULA PÉTREA.
Mortes causadas pela infestação de bandidos gerada pela Justiça

Gazeta do Povo - Vozes

Isolamento
Ao ser questionado sobre qual forma de isolamento acha melhor, se a horizontal, proposta por Mandetta, ou a vertical, defendida pelo presidente, Mourão respondeu que prefere o isolamento inteligente. “A realidade é que temos que buscar os dados concretos para conhecer a real situação que está sendo enfrentada. Na minha opinião, o que está ocorrendo, apesar de não termos exata dimensão por falta de testes, é que a curva vem sendo controlada e colocada de forma amena para realidade do nosso país”, destacou.

“Para buscar um isolamento inteligente, precisamos ter uma testagem maior a fim de definir grupos onde há risco ou onde é menor. O presidente tem chamado a atenção para isso, temos que olhar mais para as ações do que as palavras”, sustentou. Segundo Mourão, apenas 500 municípios, de 5,5 mil, têm grande incidência de contaminados. “Poderíamos isolar áreas não contaminadas e elas poderiam operar normalmente. Com medidas mais restritivas nas áreas onde há mais infectados. Essa avaliação ainda não ocorre”, disse.

Defesa
(.....)

Citou o 36º presidente norte-americano, Lyndon Johnson, para justificar algumas atitudes de Bolsonaro. “O vírus está sendo politizado, em outros países e aqui no Brasil, fruto da polarização. Eu não critico governador A ou governador B. Mas Lyndon Johnson, que lutou de todas as formas em passar a legislação específica para cidadania aos negros americanos, disse uma coisa certa: se o homem não pode implementar o que acha correto na presidência para que ser presidente?”.

Mourão defendeu Bolsonaro ao dizer que o presidente mostra, desde o início, uma  preocupação com a população desassistida, àquela em que o Estado tem mais dificuldade de chegar. E criticou as carreatas de domingo. “As pessoas que vão às ruas -- estamos há um mês com a turma confinada -- eu chamo de isolamento zona sul. Pessoal cujo salário não foi afetado e recebe comida por delivery dos melhores restaurantes. Essa turma está incomodada e executou seu direito de se expressar. Mas não foram (carreatas) expressivas. A favela não foi protestar.”

Cloroquina
“Essa questão da cloroquina, eu passei um ano em Angola e tomava semanalmente para evitar malária. Existe parte do grupo médico que considera que ela tem resultado (no grupo dos extremamente graves se salvar a vida de 15% dos que iriam falecer, tem validade). Existe um debate, eu prefiro esperar. Temos a turma que defende que depois do segundo ou terceiro dia já poderia ser usado, mas tem reações no sistema cardíaco. Como não tem um estudo consistente, e estamos no calor da disputa, acontece esse antagonismo em relação ao remédio.”

(.....)

Atraso de salários dos servidoresIndagado se concorda que funcionários públicos devem dar sua cota de sacrifício, com redução salarial, o general disse que essa discussão está dentro da proposta de reforma administrativa. “Estava no forno, previa uma série de medidas para conter o avanço das despesas, o funcionalismo é um dos responsáveis pelo desequilíbrio fiscal”, destacou. Além disso, essa cota estava prevista no Plano Mansueto, que o vice-presidente chamou de Mãesueto. “Mas a Câmara optou por não incluir (o corte nos salários). Poderá ocorrer o que já acontece no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, ou seja, o pagamento será atrasado. Às vezes, é melhor ter um recuo agora para voltar à normalidade daqui a quatro, cinco meses”, afirmou.

Tutela
Mourão negou tutela sobre o presidente. “O que existe é um processo decisório. A situação é estudada por diferentes grupos que definem linhas de ação e tudo é levado ao presidente. Cada grupo vai defender sua linha de ação, mas ele é o decisor de acordo com as observações que foram feitas. Não há tutela e nem insubordinação, que é previsto no código militar, mas não no civil. As nuances, ainda mais na política, são totalmente distintas da caserna.” 

(....)

Vice-presidência 
Mourão afirmou que poderá acompanhar Bolsonaro na reeleição se isso for da vontade do presidente. “Minha relação com o mundo político é de respeito, mesmo discordando das ações de vários, mas isso faz parte da política. Quando terminar esse período, se Bolsonaro me quiser para acompanhá-lo, vou. Mas estarei com quase 70 anos e, se não for, terei tempo para os meus netos.”

Correio Braziliense, MATÉRIA COMPLETA