Administrador pede, na ação, que o presidente da República seja condenado por caluniar moradores do complexo com falas sobre crime organizado
No texto, X., sustenta que Bolsonaro cometeu crime ao associar indevidamente a sigla “CPX” – que, na verdade, representa a expressão “Complexo de Favelas” – diretamente a traficantes e ao crime organizado é uma grave ofensa à reputação dos moradores do Complexo do Alemão.
Vista aérea do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro (RJ) Giuseppe Cacace/AFP
“Em 12 de outubro de 2022, durante um evento realizado no Complexo do Alemão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apareceu trajando um boné com a sigla ‘CPX’, um presente de R S – fundador do jornal Voz das Comunidades e articulador da caminhada que aconteceu no Complexo do Alemão. O boné, na verdade, é a abreviação da expressão ‘Complexo de Favelas’, sendo utilizado inclusive por autoridade em redes sociais e documentos oficiais para se referir à região”, diz X. na ação.
“No entanto, os apoiadores do querelado começaram a divulgar mensagens associando indevidamente a sigla CPX a traficantes e ao crime organizado – o que, obviamente, ofende a reputação dos moradores do Complexo do Alemão”, segue X.
O morador do Alemão também cita a fala de Bolsonaro no debate da Band, quando disse a Lula que ele havia participado de uma agenda com moradores do complexo de favelas sem a presença de policiais, onde “só tinha traficante”. “Ressalte-se que o presidente, apesar de afirmar que conhece o Rio de Janeiro, confundiu o Complexo do Salgueiro com o Complexo do Alemão – onde de fato foi realizado o evento ao qual ele se referia. Mas o pior de tudo foi que, mesmo depois de ter tido tempo suficiente para se informar sobre o real significado de ‘CPX’, o querelado continuou desqualificando durante o debate todos os moradores e participantes do ato realizado na agenda de campanha do candidato Lula, afirmando que ao lado dele só havia ‘traficante’”, diz a queixa-crime de X.
“Não há como deixar de ressaltar, igualmente, que, por conta de discursos preconceituosos e, porque não dizer, criminosos, como o proferido pelo querelado, os moradores da periferia, especialmente das favelas do Rio de Janeiro, têm que provar diariamente sua inocência para além dos muros da comunidade, já que são obrigados a andar com nota fiscal dos produtos que carreguem como celulares, tablets, bicicletas…”, diz X.
Brasil - Revista VEJA