O comando do Exército brasileiro não vai punir o general Antonio
Hamilton Mourão, que na última sexta-feira (15) sugeriu uma intervenção
militar no país, caso o Poder Judiciário não solucionasse o problema
político. Nesta terça-feira (19), em entrevista ao jornalista Pedro
Bial, o comandante do Exército brasileiro, general Eduardo Villas Bôas,
afirmou que Mourão não será punido e que seria necessário contextualizar
a fala dele, que se deu em um ambiente fechado, após ter sido
provocado. “Ele (Mourão) não fala pelo Alto Comando, quem fala pelo Alto
Comando e pelo Exército sou eu. Nós já conversamos para colocar as
coisas no lugar, mas punição, não”, afirmou.
Villas Bôas reforçou que a “ditadura nunca é melhor”, e que seria
preciso entender o momento na circunstância, com Guerra Fria e
polarização ideológica. O general reforçou que hoje o país tem
instituições amadurecidas e um sistema de peso e contrapeso que dispensa
a sociedade de ser tutelada. Villas Bôas também negou que Mourão tivesse desrespeitado a
legislação que proíbe oficiais da ativa de se manifestarem sobre o
quadro político-partidário. Para ele, a fala do colega foi
descontextualizada e mal interpretada. Ele ainda deu a entender que as
Forças Armadas podem, sim, agir em assuntos relacionados a crises.
“Se você recorrer ao que está na Constituição, no artigo 142, como
atribuição das Forças Armadas, diz que as Forças podem ser empregadas na
garantia da lei e da ordem por iniciativa de um dos poderes”, afirmou. [PERSISTINDO o quadro atual de bagunça que está instalado no Brasil e não sendo a Constituição Federal, especialmente o mandamento contido no seu artigo 142 suficiente para legitimar a necessária e imprescindível INTERVENÇÃO MILITAR CONSTITUCIONAL, pode ser sempre lembrado e invocado um pequeno trecho do preâmbulo do ATO INSTITUCIONAL Nº 1, que diz: " ... Fica,
assim, bem claro que a revolução não procura legitimar-se através do Congresso. Este
é que recebe deste Ato Institucional, resultante do exercício do Poder Constituinte,
inerente a todas as revoluções, a sua legitimação. ..." ]
Como exemplos, citou as recentes atuações do Exército para conter
ondas de violência no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. O comandante
das Forças continuou: “O texto diz que o Exército se destina à defesa da
pátria e das instituições. Essa defesa poderá ocorrer por iniciativa de
um dos poderes, ou na iminência de um caos. As Forças Armadas têm
mandato para fazer”.
O comandante do Exército ainda elogiou Mourão, afirmando que ele é
“um grande soldado, uma figura fantástica, um gauchão.” Ainda segundo
Villas Bôas, o general iniciou sua declaração polêmica frisando que
segue as diretrizes do comandante. “E nossa atuação desde o início das
crises, do impeachment, era promover a estabilidade, pautar sempre pela
legalidade, e preservar a legitimidade que o Exército tem.”
Em outubro de 2015, Mourão causou polêmica ao criticar o governo e a
então presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, ele perdeu o Comando
Militar do Sul e foi transferido para a Secretaria de Economia e
Finanças. Na época, um oficial sob seu comando fez homenagem póstuma ao
coronel Brilhante Ustra, acusado de inúmeros crimes de tortura e
assassinatos na ditadura militar.
Jungmann pede explicações a comandante do Exército sobre fala de general
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, havia pedido, na segunda-feira
(18), explicações ao comandante do Exército após Mourão ter sugerido a
intervenção militar. Em nota, o ministro afirma que foram discutidas
“medidas cabíveis a serem tomadas” em relação ao general Antonio
Hamilton Mourão, secretário de Finanças do Exército.
“Reitera o ministro da Defesa que as Forças Armadas estão plenamente
subordinadas aos princípios constitucionais e democráticos. Há um clima
de absoluta tranquilidade e observância aos princípios de disciplina e
hierarquia”, diz a nota.
Polêmica
O general Antonio Hamilton Mourão participou de um evento da
maçonaria em Brasília na sexta-feira (15) e, depois de uma palestra de
50 minutos, sugeriu que uma saída para os problemas da política no país
seria uma intervenção militar. A declaração foi feita em resposta ao
questionamento de um dos presentes, sobre a possibilidade de intervenção
no momento em que Michel Temer é denunciado pela segunda vez.
“[…] ou as instituições solucionam o problema político retirando da
vida pública o elementos envolvido em todos os ilícitos ou então nós
teremos que impor uma solução”, destacou o general, que é secretário de
economia e finanças da Força.
“Os Poderes terão que buscar uma solução. Se não conseguirem, temos
que impor uma solução. E essa imposição não será fácil. Ela trará
problemas. Pode ter certeza”, completou Mourão. O vídeo com a declaração
foi compartilhado nas redes sociais.
O PT publicou uma nota oficial criticando a declaração do general,
destacando que o posicionamento “fere frontalmente a Constituição e
ameaça seriamente a democracia”. A nota acrescenta que o general foi
afastado do Comando Militar do Sul, em 2015, por ter manifestado ideias a
favor de uma ação militar na política.
“A nova transgressão requereria imediatas providências por parte do
Comando-Geral do Exército e do Ministério da Defesa, para ratificar o
compromisso das Forças Armadas com a Constituição e impedir que fatos
como estes se repitam”, diz a nota, assinada pela presidente da legenda,
Gleisi Hoffmann.
A palestra de sexta-feira foi promovida por uma loja maçônica de
Brasília e acompanhada por integrantes do Rio de Janeiro e de Santa
Catarina, entre outros. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública, organização não
governamental, também em nota, disse que vê com “preocupação e
estranheza” a sugestão do general. “Esta declaração é muito grave e
ganha conotação oficial na medida em que o General estava fardado e, por
isso, representando formalmente o Comando da força terrestre. Ela é
ainda mais grave por ter sido emitida pelo Secretário de Economia e
Finanças, responsável pelo gerenciamento de recursos da Força e,
portanto, soar como chantagem aos Poderes constituídos em um momento de
restrição orçamentária.”
O comandante do Exército, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas,
informou por meio de nota à imprensa que o Exército reafirma
constantemente seu compromisso de pautar as ações na legalidade,
estabilidade e legitimidade. Ao jornal Estado de S. Paulo, Mourão alegou que “não está insuflando
nada” e que “não defendeu, apenas respondeu a uma pergunta”. Disse ainda
que “não é uma tomada de poder. “Não existe nada disso. É simplesmente
alguém que coloque as coisas em ordem, e diga: atenção, minha gente.
Vamos nos acertar aqui e deixar as coisas de forma que o país consiga
andar e não como estamos.”
Fonte: Jornal do Brasil
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quarta-feira, 20 de setembro de 2017
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