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segunda-feira, 15 de março de 2021

Nas entrelinhas: Isolamento ou morte

Bolsonaro não está se dando conta do tamanho do desastre que sua atitude contraria às medidas de isolamento social pode provocar

A “imprensa mequetrefe”, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), tem seu valor. “Mequetrefe” (indivíduo intrometido, dado a meter-se no que não é de sua conta; enxerido), por exemplo, fora o repórter free-lance Gareth Jones, assim tratado pelo governo soviético na década de 1930. Ele tinha 27 anos, havia entrevistado Hitler e viajou para Moscou por conta própria com o firme propósito de entrevistar Stálin. Sem acesso ao líder comunista, rumou clandestinamente para Ucrânia, intrigado com a origem dos recursos investidos na industrialização da antiga União Soviética. Descobriu a “grande fome” provocada pelas coletivizações forçadas de Stálin, presenciando até casos de canibalismo.

A história é contada no filme “Mr. Jones” — “A Sombra de Stálin”, na versão brasileira –, exibido no NOW. O roteiro se inspira no documentário “Hitler, Stalin & Mr. Jones”, levado ao ar em 2012 pela BBC. Chantageado para se calar sobre o que viu, Jones foi vítima de uma campanha de difamação, após publicar sua história na imprensa londrina. Fora desmentido por Walter Duranty, jornalista do New York Times e vencedor do Pulitzer, mais preocupado com o acesso às autoridades soviéticas do que com a realidade ao seu redor. A roteirista Andrea Chalupa inclui na trama o escritor George Orwell, autor do romance “A Revolução dos Bichos”, aproveitado o fato de que o dono da fazenda também se chama Mr. Jones. A censura em Moscou justificaria a analogia.

Holodomor é uma palavra ucraniana que significa “deixar morrer de fome”, “morrer de inanição”. Tal palavra passou a ser empregada para definir os acontecimentos que levaram à morte por fome de milhões de ucranianos entre os anos de 1931 e 1933. É óbvio que a intenção de Stálin não era essa, seu objetivo era expropriar os camponeses que haviam enriquecido nos tempos da “Nova Política Econômica” (NEP) do líder bolchevique Vladimir Lenin, que adotara o capitalismo no campo para abastecer as cidades.

As coletivizações forçadas de Stálin foram feitas para financiar a indústria pesada e preparar a União Soviética para a guerra iminente com a Alemanha, porém, resultaram numa tragédia humanitária. Estima-se de 3,3 a 6,3 milhões o número de mortos no Homolodor. Para Stálin, a morte dos camponeses ucranianos foi o efeito colateral da industrialização acelerada e do esforço de guerra contra Hitler.

 

                                            Imagem: Reprodução/TVT

Isolamento
A história de Mr. Jones não tem nada a ver com o que está acontece no Brasil? Tem, sim. Bolsonaro não está se dando conta do tamanho do desastre que sua atitude contraria às medidas de isolamento social pode provocar. Governadores e prefeitos as estão adotando para conter a expansão da pandemia. Comete um erro atrás do outro com seu negacionismo, darwinismo social e falta de empatia com as vítimas da pandemia. Não se deu conta de que deixar o novo coronavírus se reproduzir e sofrer mutações possibilita reinfecções e uma nova onda ainda mais violenta da pandemia, que está se transformando numa endemia. Não leva em conta os cálculos exponenciais dos sanitaristas sobre o aumento de casos e mortes.

 [o que esses governadores querem? eles podem ter esquecido mas a grande maioria dos brasileiros - o que inclui seus governados - sabe que por quase um ano os chefes dos municípios e estados tiveram liberdade total para conduzir todas as ações de distanciamento e isolamento sociais, nos seus estados e municípios. 
O que fizeram de útil no combate à peste?
- gastaram dinheiro a rodo - quase sempre mal gasto = compras sem licitações, contratações de empresas para terceirizar a terceirização, não podemos esquecer que um deles adquiriu respiradores superfaturados (+300%) de uma ADEGA - e se deu bem: nem preso foi, continua "governando". 
O único contratempo é que não recebeu toda a grana -  já que o 'fornecedor' para ganhar mais entregou respiradores defeituosos e a casa caiu. Todos sabem que tem um outro prefeito e/ou governador honesto, mas a maioria...
- O Supremo autorizou no inicio da pandemia que estados e municípios ficassem à frente das ações de distanciamento e isolamento sociais, sem o Poder Executivo da União interferir
Meteram os pés pelas mãos com decisões antagônicas em municípios limítrofes =  com caso de um lado da rua ser de um município adepto do tranca tudo e o outro adepto do libera tudo. Os exemplos são inúmeros e citamos apenas um: em BH a regra é fechar tudo e em Ribeirão das Neves é abrir tudo. Na rua que divide os dois municípios,o pessoal de BH quando quer aglomerar, tomar umas, atravessa a rua e  aglomera em Ribeirão, depois volta para BH trazendo o vírus. 
- Agora querem acusar Bolsonaro que foi impedido de mandar abrir ou fechar o que os municípios decidissem fechar ou abrir?
- Acusam que o presidente é responsável pelas aglomeração e não uso de máscaras - em qual caso alguém, comprovadamente, morreu devido discurso ou palavras do nosso presidente? 
- qual vacina não foi comprada por ele ter manifestado, por palavras, lives, etc, , ser contra? 
- Não vale citar a Pfizer, dizendo que a farmacêutica   ofereceu em outubro vacinas e o Brasil não comprou - sabemos que as vacinas da Pfizer só foram liberadas bem depois daquele mês.
- Qual a representatividade dos governadores e dessa turma que formou o Pacto pela Vida e pelo Brasil? (virou moda - querem acusar o presidente Bolsonaro inventam um 'fórum de governadores', um 'conass' (formado pelos secretários estaduais de Saúde e presidido por advogado) um "pacto" disso ou daquilo,chamam um especialista em nada, e todos já começam com 1.000% de credibilidade = afinal são contra o presidente Bolsonaro!!!
- essas entidades fazem alguma coisa de útil? o que fazem é procurar por todos os meios tentar impedir o presidente de governar.]

Pacto pela Vida e pelo Brasil ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2021/03/15/governadores-compromisso-manifesto-pacto-pela-vida.htm?cmpid=copiaecola
Pacto pela Vida e pelo Brasil ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2021/03/15/governadores-compromisso-manifesto-pacto-pela-vida.htm?cmpid=copiaecola

Na avaliação de Bolsonaro, os óbitos são inevitáveis, o mais importante é manter a economia em pleno funcionamento. Entretanto, não é o isolamento que provoca recessão e desemprego, mas a multiplicação dos casos de covid-19, numa velocidade muito maior do que a vacinação da população. Estamos tendo um “apagão” nos hospitais, daqui a pouco teremos um “apagão” nos cemitérios. Não são apenas falta de leitos, faltam insumos e profissionais de saúde; faltarão câmaras frigoríficas.

Bolsonaro não é um desorientado, tem uma estratégia errada mesmo. Erra de conceito, ao apostar na centralidade a qualquer preço da atividade econômica; erra de método, ao desarticular o Sistema Único de Saúde (SUS), opondo o Ministério da Saúde aos governadores e prefeitos; e erra ao pregar desobediência civil às medidas sanitárias, criando um ambiente favorável para o vírus se propagar. Não leva em conta que o colapso sanitário resultará no colapso econômico, com desorganização da cadeia produtiva e crise de abastecimento. Com a velocidade atual de propagação da covid-19, somente um freio de arrumação pode evitar o desastre, ou seja, o lockdown temporário onde for preciso. [o que o ilustre articulista, quis,  ou quer,  dizer com 'freio de arrumação'
- o que os defensores da tão frágil democracia - especialmente quando usada para acusar o nosso presidente -   acham do uso do eufemismo?]

Nas Entrelinhas -  Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense