Obras com nudez e representações de diversidade sexual levam instituições a praticar autocensura, sob pressão de prefeitos
“Vocês não vão me tocar”, disse Maikon K,
quando um policial militar levantou a mão em sua direção. O artista
paranaense dava início à performance DNA de DAN, no projeto Palco
Giratório no Sesc-DF, em julho passado, quando foi interrompido. Um
grupo de PMs rasgou a peça de plástico onde realizava a ação. Uma chave
de braço depois, Maikon estava em uma viatura policial, sem sapatos ou
documentos, escoltado por duas motos em direção a uma delegacia. Para
não permanecer em uma cela, o artista assinou um termo circunstanciado
de ato obsceno. No dia seguinte, o governador do Distrito Federal,
Rodrigo Rollemberg, e o secretário de Cultura, Guilherme Reis,
telefonaram para se desculpar. “Não cabe censura à arte”, escreveu a
secretaria em nota. Mas, se isso é verdade, por que vemos tantos casos
em 2017? [o SESC é uma entidade mantida com dinheiro da contribuição das empresas comerciais e não pode se destacar como patrocinador de ações imorais, cenas de nudez que estimulam a pedofilia e outras aberrações.
Recentemente apresentou a peça: Dedo no ânus;
patrocinou também a apresentação de uma anormal chamada Judith Butler, que se apresenta como filósofa.]
Maikon K foi convidado pelo festival de
teatro Cena Contemporânea a voltar a Brasília em setembro e realizar sua
performance. Juntamente com o fotógrafo Kazuo Okubo, da Fotona,
participou também de um registro de cerca de 150 pessoas nuas. Mas o que
parecia um grande símbolo de vitória diante de pressões conservadoras
foi por água abaixo alguns dias depois. No dia 10 do mesmo mês, o
Santander Cultural de Porto Alegre encerrou precipitadamente a exposição
Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira.
A mostra tinha curadoria de Gaudêncio Fidélis, deveria
terminar no início de outubro e contava com mais de 270 trabalhos que,
sobretudo, tratavam de diversidade, seja sexual, seja religiosa ou
cultural. Entre os artistas estavam Candido Portinari, Leonilson, Lygia
Clark e Adriana Varejão. Diante de protestos, ameaças físicas a
funcionários e um rumor que estipulava 20 mil clientes perdidos, a
instituição deu Queermuseu por encerrada. Além de críticas moralistas e
de calúnias, apontaram-se a falta de classificação etária e o fato de a
exposição ter sido realizada por meio da Lei Rouanet. Foram 37 mil
avaliações negativas na página do Facebook do Santander Cultural,
somando as pessoas que protestaram contra a exposição com aquelas que
criticaram seu cancelamento.
Artistas se mobilizaram com a campanha
342 Artes, contra a censura e a difamação. Um abaixo-assinado chegou a
mais de 70 mil assinaturas, clamando pela reabertura da mostra. Surgiram
cidades e espaços culturais interessados em remontá-la. O secretário de
Cultura de Belo Horizonte, Juca Ferreira, disse ver com bons olhos
receber a exposição, mas logo foi inibido pela posição contrária de
Alexandre Kalil, prefeito da cidade.
[consideramos o trecho acima descrito como um alerta para o desrespeito desses autodenominados artistas. Os que desejarem continuar lendo, cliquem em SELECT.]