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quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Operação Tremembé - Bernardo Mello Franco

O Globo

Tentativa de transferir Lula teve cheiro de vingança

[parte da imprensa e alguns militontos ainda hipervalorizam a importância do presidiário petista; quem iria perder tempo para se vingar do maior ladrão do Brasil?
Lula é um criminoso com duas condenações - mais cinco processos que poderão gerar igual número de reprimendas na esfera penal - e NADA JUSTIFICA  o tratamento hiperprivilegiado que recebe do STF (em menos de 12 horas, a defesa do Presodentro Luiz Inácio Lula da Silva consiga o milagre de que o Supremo Tribunal Federal receba um recurso, coloque em pauta e faça o julgamento).
 
[O que os Bolsonaristas desejam é que o presidiário petista receba o mesmo tratamento de qualquer criminoso condenado - inúmeros deputados, senadores e governadores que estão presos (alguns ainda devido prisão preventiva ou apenas condenados em primeira instância) em penitenciárias;
não existe lei que ampare que ex-presidente condenado (caso do petista a sentença foi confirmada em terceira instância = STJ) cumpra pena em prisão especial.)
Queremos apenas JUSTIÇA, na hora de condenar e na hora de cumprir a pena = todos sejam tratados da mesma forma.]
 Não é preciso simpatizar com Lula para sentir cheiro de vingança na tentativa de transferi-lo para um presídio no interior de São Paulo.  Na decisão divulgada ontem de manhã, a juíza Carolina Lebbos citou até o barulho de militantes petistas no entorno da carceragem em Curitiba. Ela mencionou a “perturbação do sossego no local”, como se os vizinhos da Polícia Federal não estivessem acostumados ao som de sirenes e buzinas. A juíza também alegou que a mudança forçada ofereceria “melhores condições de ressocialização do preso”. Soou como deboche, porque a defesa era contrária à transferência. O pedido foi feito pela PF, subordinada ao ministro Sergio Moro. [o risco não é só de não ocorrer a ressocialização do preso e sim do mesmo desencaminhar outros bandidos que tenham a desventura de com ele conviver em prisão comum.
As reclamações da PF e da vizinhança desde que o condenado petista se encontra na sede da PF em Curitiba, antecedem, em muito, a ida de Moro para a parta da Justiça.]
 
Se a ideia era dar uma demonstração de força da Lava-Jato, o tiro saiu pela culatra. A Operação Tremembé irritou até adversários históricos de Lula. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, concordou com um deputado que apontou “perseguição” ao petista.  Mais tarde, ele chamou a decisão da juíza de “extemporânea” e paralisou as votações para que parlamentares fossem protestar no Supremo. A caravana reuniu deputados de 12 partidos, incluindo siglas de centro-direita que romperam com o PT antes do impeachment de Dilma Rousseff. A procuradora Raquel Dodge, que tem rejeitado todos os pedidos da defesa de Lula, afirmou que a mudança forçada violava as regras de execução penal e os direitos do preso. [a manifestação da Dodge não foi amparada em nenhuma lei, apenas no seu entendimento pessoal, que não é lei, e teve sua utilidade: serviu para mostrar ao presidente Bolsonaro mais um nome que não deve ser indicado para o cargo de Chefe da PGR.] 
 
No plenário do Supremo, fez-se uma trégua na guerra entre “garantistas” e “lavajatistas”. Num fenômeno raro, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso ficaram do mesmo lado e votaram contra a remoção do ex-presidente. O recurso da defesa foi acatado por ampla maioria: 10 a 1. Os arquitetos da Operação Tremembé faltaram à aula de cálculo político. Passou o tempo em que o Supremo carimbava qualquer decisão vinda de Curitiba. Nas últimas semanas, aumentaram as críticas a métodos e modos da Lava-Jato. O vazamento de mensagens em que os procuradores ironizam e atacam ministros deixou o clima mais carregado. [MENSAGENS? quais? foram obtidas de que forma? são comprovadamente autênticas?]  O julgamento de ontem indica que o tribunal começou a dar o troco.

Bernardo M. Franco - O Globo