Ação vil da PM precisa ser motivo de vergonha, punição e mudança de orientação
Da esq. para dir. em cima: Denys Henrique Quirino da Silva, 16; Gustavo
Cruz Xavier, 14; Gabriel Rogério de Moraes, 20; Mateus dos Santos Costa,
23; Da esq. para dir. em baixo: Bruno Gabriel dos Santos, 22; Dennys
Guilherme, 16; Marcos Paulo, 16; Luara Victoria de Oliveira, 18 e
Eduardo Silva, 21; jovens mortos na madrugada de domingo (1), durante
ação da PM em baile funk na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo
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Um “fato”... Como assim, governador, “se possa ter havido erros e
falhas”? Em qualquer lugar, uma ação policial que redunde na morte de
nove civis num tropel figurará como um desastre completo. Mais que questão de procedimento, bastaria bom senso para evitar
encurralar uma multidão nos becos e escadas escuras de uma favela,
obstruindo as saídas mais amplas. Circulam na rede cenas de espancamento
selvagem e gratuito de rapazes e moças.
Já da alegada perseguição a motociclistas que teriam disparado armas de
fogo contra policiais não há evidência, [também não há evidência, se existe a imprense não se preocupa em noticiar, se a responsabilidade do proprietário do local onde ocorria o FUNK, ou do promotor do evento, está sendo apurada?
Afinal, é pacífico que a responsabilidade de propiciar condições de 'fuga', em áreas com eventos com grande número de pessoas, é do proprietário e/ou promotor do evento.] até agora, além do relato dos
agentes. Testemunhas do massacre negam essa versão, de resto similar ao
pretexto para o tiro estúpido que vitimou a menina Ágatha no Rio de
Janeiro. Policiais militares se sentem autorizados a surrar e a atirar a esmo em
ambientes de pobreza, coisa que não praticam em bairros nobres, porque
governadores como Doria e Wilson Witzel (PSL-RJ) estão sempre prontos a
contemporizar com a violência policial.
Navegam com oportunismo eleitoral a onda de truculência que assola o país, a principiar do Planalto. O presidente da República, Jair Bolsonaro, e seu ministro da Justiça,
Sergio Moro, defendem uma temerária “exclusão de ilicitude” para
exculpar agentes que matem sem justificativa, não só policiais como
militares das Forças Armadas. Bastaria a eles alegar violenta emoção ou
boçalidade similar. PMs demonstram todos os dias que não precisam disso para matar sem
causa. Os nove mortos de Paraisópolis são vítimas de uma ação que
deveria ser motivo de vergonha, punição e, sobretudo, mudança profunda
de orientação em um estado que se pretende civilizado.
Editorial - Folha de S. Paulo