Nos
últimos dias, Lula exibe um temperamento corrosivo. Irritadiço, pronuncia um
palavrão atrás do outro. Já não exibe o mesmo sentimento de invulnerabilidade
que ostentava há duas semanas. Aos poucos, percebe que era prisioneiro de uma
fábula. Vivia a ilusão de ser o protagonista de uma ofensiva política. Contava
com a solidariedade de multidões inexistentes. E imaginava que, criando um
clima de conflagração, conseguiria amedrontar o Judiciário. Deu tudo errado.
Lula
habitava o lado avesso da realidade. De repente, beijou a lona duas vezes.
Numa, foi abatido pelo 3 a 0 no Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Noutra,
dobrou os joelhos com o indeferimento relâmpago de um habeas corpus preventivo
no Superior Tribunal de Justiça. Por absoluta falta de um plano de
contingência, Lula manteve a língua em riste. Mas até seus devotos mais leais
já admitem que o arsenal retórico do pajé do PT sofre o que os aviadores chamam
de cansaço de materiais. Inelegível,
Lula frequenta as manchetes há 11 dias como um corrupto de segunda instância. E
não há vestígio de agitação nas ruas. A vida cotidiana do brasileiro que molha
a camisa para encher a geladeira não se distanciou da normalidade. Mesmo o
“exército do Stédile” e os militantes sindicais da CUT retornaram para casa.
Dormem sem remorso e acordam sem culpa para o seu café-com-leite.