Folha de S. Paulo - O Globo
Bolsonaro precisa levantar o tapete - Caso de Fábio Wajngarten será avaliado pela Comissão de Ética da Presidência, que tem um passado de tumultos e frangos
Comissão de Ética deveria dar alegrias, mas tem sido fonte de tristezas
O erro deles, se algum houve, ou alguns, foi de se demitirem em silêncio.] Passou por baixo das pernas dos seus doutores a evolução patrimonial do comissário Antonio Palocci e ela conviveu com a escalafobética prática dos ministros que tinham empresas de consultoria. Em 2011, eram cinco.
Instituição que deveria dar alegria aos contribuintes, a comissão foi fonte de tristezas. Em 2012, a presidente Dilma Rousseff dispensou legalmente cinco do seus sete integrantes e essas cadeiras ficaram vazias por cinco meses. No ano seguinte, a comissão deixou de publicar suas atas. Deu no que deu.
Wajngarten explicou-se na quarta-feira com um forte argumento: “Fui orientado pela SAJ (Subchefia de Assuntos Jurídicos do Planalto), pela AGU (Advocacia-Geral da União) e pela CGU (Controladoria-Geral da União)” para “que eu saísse do quadro de gestão” da empresa. Esse argumento terá a força de sua documentação. Se existem uma consulta formal de Wajngarten a qualquer um desses órgãos e uma resposta informando que seu simples afastamento funcional eliminava qualquer conflito de interesses, será o jogo jogado. Se não existem papéis assinados, o argumento vira pó, entrando no mundo nebuloso das conversas do Planalto, nas quais todo mundo faz o que acha que pode e depois diz que não teve nada a ver com isso.
O jabuti foi apanhado pela CGU, uma instituição do Estado, destinada a zelar pelo patrimônio da Viúva. Nada a ver com essa espécie desgraçada dos jornalistas.
O edital foi revogado em setembro e, desde então, jogou-se o jabuti para baixo do tapete. Passaram-se quatro meses e ninguém sabe quem concebeu o tal edital, quem tocou o assunto e quem chegou a justificar suas maluquices. Isso tudo num caso em que o governo teria do que se orgulhar pela ação da CGU e pela decisão do presidente do FNDE de revogá-lo.
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Casa de Windsor
A rainha Elizabeth foi rápida no gatilho e cedeu ao desejo dos Duques de Sussex de se afastarem da família real. Ela poderia ir adiante, colocando a Casa de Windsor na realidade do século 21.
A senhora ficaria num de seus castelos com os filhos, netos, cavalos e cachorros, administrando suas crises familiares. Enquanto isso, o Palácio de Buckingham seria ocupado pelas equipes que fazem as séries “The Crown”, com seu relativo rigor factual, e “Downtown Abbey”, com seu toque de classe.
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Bolsonaro e Thaís
Jair Bolsonaro chamou a jornalista Thaís Oyama, autora do livro “Tormenta”, de “essa japonesa que eu não sei o que faz no Brasil”. Ela faz o mesmo que ele: vive no país onde nasceu. Oyama é neta de japoneses e Jair é bisneto de italianos.
Por mais preconceitos que tenham ofendido os japoneses, foram migalhas se comparados com as ofensas atiradas contra os italianos.
Delas, a mais interessante partiu de um ilustre quatrocentão ao referir-se a Alfredo Buzaid, ministro da Justiça do presidente Médici.
“Não se pode confiar nos italianos, veja o caso desse Buzaid”.
(Ele descendia de imigrantes do Oriente Médio.)
Na Folha de S. Paulo - O Globo, MATÉRIA COMPLETA - Elio Gaspari, jornalista