Novo governo
não mudará nada para Dilma. O enfraquecimento de Eduardo Cunha, sim, poderá
mudar
[Contra Eduardo Cunha só existe as
delações premiadas que, na ótica dos seus adversários, são provas conclusivas,
incontestáveis.
Quando o acusado é o salafrário do
Lula, todas as delações são consideradas meras fofocas. Vale o mesmo para
Renan, que até agora não foi denunciado por Janot.]
A ser anunciado esta
manhã, o novo governo da presidente Dilma Rousseff já nasce velho. Confira. O PMDB tinha seis ministros antes da reforma: Kátia
Abreu (Agricultura), Eduardo Braga (Minas e Energia), Henrique Eduardo Alves
(Turismo), Hélder Barbalho (Pesca) e Eliseu Padilha (Viação Civil) e Edinho
Araújo (Portos).
Dos
seis, cinco continuarão. Sairá
Edinho, deputado, para a entrada de Celso Pansera, deputado de primeiro mandato
do PMDB carioca. O deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) irá para o Ministério da
Saúde – o sétimo ministério. A nomeação
da Pansera agrada o PMDB do governador Luiz Pezão, do ex-governador Sérgio
Cabral, de Eduardo Cunha e de Luiz Picciani, atual líder do partido na Câmara. Mas isso não muda nada.
O PMDB do
Rio é o mais fiel ao governo. Eduardo, o
maior desafeto do governo na Câmara, não deixará de sê-lo só por causa da
nomeação de Pansera. Parte da força de Eduardo decorre de sua posição de desafeto
do governo. Marcelo Castro
sempre votou com o governo. Era ligado a Eduardo. A reforma política, da qual
Marcelo foi relator, separou os dois.
A bancada do PMDB na Câmara tem
60 deputados. Desses,
22 assinaram, ontem, um manifesto se
dizendo independentes do governo. Por independentes, entenda-se: contra o governo. O manifesto ainda
atrairá mais assinaturas. Ministérios sem dinheiro adiantam pouco. Sempre é possível roubar algum. Ou usar o ministério para fazer negócios fora dele. Mas
com a Polícia Federal e o juiz Sérgio Moro ativos, é melhor dar tempo ao tempo.
O que
dará um refresco a Dilma nada tem a ver com a reforma. Tem a ver com a
descoberta pela Justiça suíça de cinco contas bancárias em nome de Eduardo e de
familiares dele. Imagine uma gangorra:
se Eduardo cai, Dilma sobe. E Eduardo está em queda. Tem tudo para cair
primeiro do que Dilma – se é que essa cairá.
O país assistirá nos próximos meses a um filme que já passou – a queda
do presidente da Câmara. Antes estrelado
por Severino Cavalcanti (PP-PE), agora estrelado por Eduardo. [comparar Severino Cavalcanti com Eduardo Cunha é tão sem propósito
quanto comparar Dilma com FHC.] Severino foi obrigado a renunciar à presidência da
Câmara e ao mandato de deputado porque recebia um mensalinho de R$ 10 mil pago por um dono de restaurante. Uma
merreca. Em depoimento à CPI da
Petrobras, Eduardo negou que tivesse
contas bancárias no exterior. Mentiu. Mentira é quebra de decoro. Quebra de
decoro é punida com cassação de mandato. [
Eduardo Cunha, sob fogo cerrado, pode até cair. O Brasil vive sem ele, o
importante é que antes caia Dilma e Lula seja neutralizado.]
O governo
orientará sua tropa para jogar pesado contra Eduardo e força-lo a renunciar. Por temperamento brigão, Eduardo poderá
responder ao ataque facilitando a instalação de um processo de impeachment
contra Dilma. [o que
Dilma e sua facção – ‘vitória na guerra’ -
mais teme é o inicio do processo de impeachment. Sabem que uma vez
iniciado – Eduardo Cunha tem autoridade para iniciar – só terminará com Dilma
ejetada da cadeira presidencial.]
Briga de
cachorro grande, enquanto a economia segue derretendo sem que o Congresso tenha
aprovado todas as medidas do ajuste fiscal. De volta ao novo governo de Dilma: a troca na Casa Civil de Aloisio
Mercadante por Jaques Wagner fará a felicidade de Lula,
que a bancou, e de quem acha Mercadante um chato (o mundo todo).
Wagner é
jeitoso e ameno. Mas a sombra de Mercadante poderá atrapalhá-lo. Dilma ama Mercadante de verdade. E para
tê-lo por perto, despachou o ministro da Educação escolhido por ela mesmo há
apenas seis meses. Do Ministério da Educação para a Casa Civil e dela de
volta para o Ministério da Educação – doce calvário o
de Mercadante. Que poderá ser
agravado pela suspeita de envolvimento dele com dinheiro de Caixa 2.
Fonte: Blog do Noblat