Essência predatória foi imposta às administrações públicas nacionais
Está aí
para quem quiser ver um exemplo da essência predatória que a privataria impôs
às administrações públicas nacionais. A gestão do prefeito João Doria, de São
Paulo, divulgou seu plano de privatização da área de 960 mil metros quadrados
do autódromo de Interlagos. Prevê a concessão de 14% da área para construção de
torres, mais 25 prédios, um shopping center e um complexo empresarial. A pista
de corridas continuará lá, e será criado um parque público.
Parece
uma boa ideia, mas vem do Rio, do descortino do então governador da Guanabara
Carlos Lacerda (1960-1965) e da audácia de Lota Macedo Soares, o exemplo do uso
da coisa pública para o embelezamento de uma cidade e conforto de sua
população. Em 1961,
Lacerda tinha sob sua jurisdição uma área de 1,2 milhão de metros quadrados na
orla do Flamengo, resultante do desmonte de um morro do centro da cidade. Era
um monumental terreno baldio. Tinha tudo para virar uma área lúgubre, como as
terras adjacentes às avenidas marginais de São Paulo. Lota entrou em cena e
pediu poderes excepcionais para criar um parque de sonhos. Chamou o arquiteto
Affonso Reidy para projetá-lo, e o paisagista Burle Marx para enfeitá-lo.
Recrutou o iluminador americano Richard Kelly e ele criou aqueles postes de 45
metros de altura. Hoje o Parque do Flamengo é uma joia do Rio.
Lota era
uma mulher miúda e valente, namorada da poeta Elizabeth Bishop. Ela foi
radical, expulsando a especulação imobiliária, e Lacerda, o Anticristo da
esquerda, apoiou-a. A ideia era fazer um parque, uma coisa pública. Doria foi
radical no sentido contrário, o da coisa privada. Sua ideia é fazer um
empreendimento imobiliário, mantendo um autódromo girafa. (A pista de Monza
fica dentro de um parque e a de Mônaco, numa malha urbana.)
Existe a
ideia do negócio, mas não existe um plano de parque. O Brasil tem arquitetos e
paisagistas capazes de criar um novo Aterro do Flamengo em Interlagos, mas não
se falou nisso. Qualquer trainee de banco de investimentos é capaz de desenhar
a engenharia financeira própria para sustentar o investimento e a manutenção da
área com a construção de quantas torres forem necessárias.
O CHEFE
MILITAR GARANTE A LEI
Em
novembro passado realizou-se uma operação conjunta de tropas do Exército e da
polícia do Rio no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Onze pessoas foram
baleadas e oito morreram, inclusive um padeiro de 19 anos que passava de moto
pela área. Até hoje há um tiroteio de versões, mas não se conhecem os
depoimentos dos 17 soldados que participaram da ação. Má ideia, mas ainda há
tempo para que a patrulha revele o que aconteceu. Situações
desse tipo envolvem soldados, cabos, sargentos e, no máximo, tenentes ou
capitães. Acima deles há coronéis e generais, sem os quais é impossível
estimular silêncios.
Fala-se
muito no que teria sido o revanchismo da Comissão da Verdade. Tudo bem, pode-se
olhar para um caso ocorrido em 1971 no 1º Batalhão de Infantaria Blindada.
Chegou ao
conhecimento do bispo da cidade, Dom Waldyr Calheiros, que, numa investigação
de tráfico de drogas, 15 soldados foram torturados e quatro morreram. Uma
sindicância teatral deu em nada, e os mortos foram classificados como
desertores. Dom Waldyr denunciou o caso, e o comandante da brigada, general Walter
Pires, reabriu a investigação. Um ano depois o tenente-coronel que comandava o
batalhão, um capitão, um tenente, três sargentos, dois cabos e dois policiais
civis foram condenados pela Justiça Militar a penas que somaram 473 anos de
prisão. [situações diversas: ao que consta em Salgueiro suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas, reagiram à abordagem policial e os militares tiveram que reagir usando a força necessária;
apontar um padeiro de 19 anos como exemplo de inocente - buscando como é habitual em todo confronto que ocorre no Rio atribuir culpa à ação policial apontam uma das vítimas como um inocente motoqueiro que passava pelo local - é fácil, já que a população das favelas costumam depor conforme os traficantes determinam e identificar como culpado que os traficantes apontam.
No caso do 1º BIB os acusados eram militares com pouca possibilidade de serem os criminosos e houve precipitação dos investigadores.]
O capitão
defendeu-se dizendo que, no ambiente político da época, cumpriu ordens: “Ou são
todos responsáveis ou ninguém é responsável”.
Walter
Pires foi mais tarde ministro do Exército.
O que o
tenente-coronel e o capitão fizeram cabia na moldura do que se fazia nos
DOI-Codi. Nessa ponta da questão, em 2013, o coronel Carlos Alberto Brilhante
Ustra, ex-comandante do DOI de São Paulo, disse à Comissão da Verdade: “Quem
deveria estar aqui é o Exército Brasileiro. Não eu”. Ustra jamais foi
repreendido em sua carreira militar e ao tempo em que comandou o DOI era um
simples major. [NUNCA nada foi provado contra o coronel Ustra, um herói nacional e que apenas cumpriu o DEVER.]
(...)
EREMILDO,
O IDIOTA
Eremildo
é um idiota e soube pelo deputado Rodrigo Maia que Temer cogitou criar um
imposto para custear seu programa de Segurança. O cretino
achou a ideia boa e pensa em sugerir a criação das PPB, Parceria Pública com
Bandido, com um Pró-Pó.
A
bandidagem recolheria anonimamente 10% do produto de seus assaltos e da venda
de cocaína. Receberiam bônus ao portador, que poderiam ser trocados por redução
dos dias de cadeia quando fossem capturados.
MATÉRIA COMPLETA, em O Globo