Que delírio é esse que toma conta do País? Imaginam os senhores
parlamentares e mesmo o povo em geral que conseguiremos seguir adiante
sem uma reforma previdenciária convincente? Acabou o caixa disponível. É
fato. Todos sabem e fazem de conta que não. Idealizam o Estado como uma
mãe de benevolência e fartura irrestritas.
Há de se cair na realidade.
Deixemos de lado as promessas populistas, a resistência politiqueira de
arautos farsantes, meros candidatos à eleição que ludibriam a opinião
pública. Não há mais recurso extra para engordar o orçamento vinculado a
essa rubrica. E ponto final. Portugal e Grécia, que chegaram ao limite
da irresponsabilidade e levaram o assunto com a barriga enquanto
puderam, acabaram por cortar de vez a aposentadoria.
Encerraram o
benefício e a população de idosos ficou a ver navios por absoluta
incapacidade financeira dos dois países em honrar com o compromisso. O
Brasil, em três anos – o prazo é esse mesmo! – pode chegar lá, nas
mesmas circunstâncias de insolvência previdenciária, se nada for feito.
Um pouco de sensatez e engajamento ao projeto de reforma é aconselhável
aos brasileiros. Especialmente àqueles responsáveis por votar o tema. É
preciso rever o sistema, cortar benefícios, colocar travas, criar as
tais escalas de contribuição mais rígidas, estabelecer tetos realistas
de idade mínima, arrancar os privilégios, [aqui se impõe um comentário: os chamados privilégios nem sempre são privilégios no sentido literal da palavra {Privilégio é uma condição de vantagem atribuída à uma pessoa ou grupo em comparação aos demais. O privilégio garante ressalvas e imunidades que destacam o indivíduo perante outros, dando-lhe direitos especiais além dos comuns a todos.} e sim situações especiais resultantes de fatos especiais.
Exemplo, já recorrente: se determinada categoria contribui para a Previdência Social sob determinado salário, mesmo ganhando acima do salário referência, é JUSTO, LEGAL e LÍCITO que receba como aposentadoria o VALOR MÁXIMO sobre o qual contribuiu;
se outra categoria contribui sobre o valor total que recebe de salário, apesar de ser este valor bem superior ao da contribuição máxima daquela outra categoria, é JUSTO, LEGAL e LÍCITO que receba como aposentadoria o valor equivalente ao sobre o qual contribuiu. Aqui está mais mastigado.] demover os lobbies classistas
daqueles que levam mais que a média em prejuízo da esmagadora maioria. Pode-se discutir como e em que áreas, estratégicas ou não, a mexida na
fórmula deve ser mais acentuada. O coerente, decerto, seria atacar
primordialmente as chamadas gordas pensões dadas a militares e a seus
familiares, servidores públicos de vários matizes e naturezas
funcionais, e mesmo a regra que contempla os excelentíssimos senhores
parlamentares, que possuem privilégios de encher os olhos nesse tocante.
As castas previdenciárias deveriam simplesmente sumir, em prol do
interesse geral. O governo tergiversou na questão. Recuou diante de
eventuais adversários de porte e deu assim fôlego aos que gritam mais
alto. Os privilegiados fizeram valer a vontade junto ao Executivo, que é
em ultima instância quem elabora e encaminha a proposta final. Mas a
briga foi apenas adiada. Terá de ocorrer de uma maneira ou de outra, o
quanto antes. Nada disso tira da frente a urgência de se produzir alguma
solução, por menor que seja, nesse campo. Não dá mais para adiar. Os
simpatizantes da ideia do deixa como está para ver no que vai dar querem
tão somente o caos. Sabem que a previdência não aguenta seguir nessa
toada indefinidamente. Políticos jogam com a tática de empurrar o tema –
amargo por natureza – para depois da eleição. Imprudência absoluta. Em
um ano a situação de penúria será mais aguda e o grau de intervenção
também.
Vivemos tempos de um governo de transição e, por isso mesmo,
criou-se o ambiente ideal para o ajuste antes que a nova gestão tome
posse e dê continuidade à retomada do desenvolvimento, sem amarras como
essa para desatar. Do contrário, o País perderá o bonde e despenderá uma
energia enorme para resolver a questão mais adiante. Será bem mais
complexo e custoso fazer passar qualquer proposta de envergadura na
temporada de início de novo governo, normalmente voltado para a costura
de composições e dedicado a garantir prestígio com os eleitores. Muitos,
no passado, tentaram e não conseguiram – de FHC a Lula, com ensaios de
mobilização tímidos nos mandatos de Collor, Itamar e Dilma.
Em síntese:
há décadas uma necessária reforma previdenciária aguarda na fila. A
maioria dos congressistas e políticos de calibre fazem proselitismo
inconsequente sobre o assunto para angariar simpatizantes. O
presidenciável Ciro Gomes, para ficar em um exemplo, optou pelo
alarmismo tolo e fora de hora ao reverberar que alguns querem tirar a
aposentadoria do trabalhador. Na verdade, se nada for feito, ela será
mesmo eliminada – independentemente de quem esteja no comando da Nação –
por insuficiência de recursos. Seria um despropósito. Cada um de nós
quer e possui o direito a se aposentar. É só zelar por ele, assegurando a
saúde financeira do sistema. Reforma já, antes que seja tarde!
Por: Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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sábado, 11 de novembro de 2017
Todos querem se aposentar
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