Como avalia o Brasil pós impeachment e pós-eleições?
As urnas foram muito eloquentes. Houve uma rejeição total ao PT, ao
mito Lula, a Dilma. E deu ainda um recado: golpe não cola. No caso mais
específico da eleição do João Doria em primeiro turno, em São Paulo,
houve um discurso duro, mas ao mesmo tempo educado, conciliador,
amortecendo essa onda de ódio. O discurso da privatização também me
chamou a atenção. Era um tabu falar em privatização e virou um trunfo
eleitoral. A derrota do PT foi acachapante. Em São Paulo, perdeu em
redutos petistas. O PT passou de maior partido do Brasil a um partido
nanico. Talvez a esquerda não leve em consideração, mas o Brasil é um
país conservador. Há um segmento sectário da esquerda que quer impor uma
suposta vanguarda política que é um retrocesso e sempre uma figura de
lamentação.
Por que o sr. diz que Lula é um grande enganador?
Toda a narrativa de esquerda é mentirosa. Lula é um psicopata.
Psicopata é sedutor, simpático, causa empatia. Há um livro,
“Ponerologia”, de Andrzej Lobaczewski, um psiquiatra polonês. Ele
escreveu esse livro no campo de concentração. Ele mostra fabulosamente
como acontece a fabricação do poder, do populismo, tanto nazismo quanto
socialismo, e ele é feito de duas camadas diferenciadas: o alto da
pirâmide é sempre ocupada por psicopatas e a base por histéricos. Os
líderes são psicopatas, e a militância é histérica. É um livro básico
para entender a coisa da simpatia e da malandragem, do homem do povo,
dos líderes carismáticos. Veja Fidel Castro, famosíssimo, fazia um
espagueti violento, charmoso.
O livro mostra como uma sociedade adoece nesse sentido. E eu acredito que nós estamos nesse momento. E se o Lula é psicopata, a Dilma está mais para oligofrênica. Parece ser uma pessoa com alguma dislexia, não sabe se expressar. Perto dela, o Lula parece um cara inteligente, dentro da sua ignorância crassa. Dilma é opaca, não tem carisma, é furibunda por haver provavelmente entraves cognitivos no cerebelo dela. Talvez, no Rio, o Marcelo Freixo possa chamá-la para ser secretaria de alguma coisa, caso seja eleito. Mas acho que ela não se cria mais em lugar nenhum.
O livro mostra como uma sociedade adoece nesse sentido. E eu acredito que nós estamos nesse momento. E se o Lula é psicopata, a Dilma está mais para oligofrênica. Parece ser uma pessoa com alguma dislexia, não sabe se expressar. Perto dela, o Lula parece um cara inteligente, dentro da sua ignorância crassa. Dilma é opaca, não tem carisma, é furibunda por haver provavelmente entraves cognitivos no cerebelo dela. Talvez, no Rio, o Marcelo Freixo possa chamá-la para ser secretaria de alguma coisa, caso seja eleito. Mas acho que ela não se cria mais em lugar nenhum.
Há tempos o sr. tece críticas duras ao ex-presidente.
Lula tem o que merece, assim como a Dilma. Lula é um criminoso e o PT
é uma organização criminosa. Ele deve ser preso por vários motivos. O
que está sendo imputado, muito embora seja pena suficiente para ele
pegar 30 anos de cadeia, é a ponta de um iceberg. Al Capone foi preso
pelo imposto de renda. O que está em jogo é algo muito mais barra pesada
do que falar sobre o roubo do ladrão de galinha do sítio de Atibaia.
Pode ser específico?
O caso mais grave do PT não é a corrupção em si. É a conduta
ideológica criminosa de querer se perpetuar no poder por meio de uma
doutrina altamente questionável que já deu errado e estão regurgitando:
querer reeditar a cortina de ferro que a União Soviética perdeu no Leste
Europeu. A Lava Jato mostra que Lula foi longe, mas é cedo para cantar
vitória, apesar dessa derrocada da esquerda e da dita onda
conservadora.Eles ainda detém poder. Essa resiliência do Lula e do PT
reside na área cultural. É assustador ver Chico Buarque declarando
“vamos fazer uma nova junção da esquerda”. Esse cara come capim. Isso
atenta contra a inteligência dele. A minha revolta advém de um exame de
consciência. Eu já apoiei isso.
Como era o tempo em que apoiava o partido?
Fiz campanha para o PT por 11 anos. Em 1989, no dia da eleição do
Collor, cantei Lula-lá ao vivo no Faustão. O Faustão falava na minha
orelha: “A Globo vai sair do ar”. Já pedi desculpas ao Faustão por
isso. Eu fiz aquilo com a mesma cara e coragem que hoje digo o
contrário. Eu me sinto otário. Nunca cobrei um tostão para fazer
campanha para o PT. Na metástase de corrupção que invadia os partidos,
eu via uma chance do PT mudar o poder público. Ingenuidade. No início de
2000 eu fui ao Capão Redondo (SP) com um vereador do PT, o Albertão. E,
então, na rádio comunitária onde estávamos, chega uma figura
suspeitíssima. Depois, vim a saber que era um colombiano das Farc, com
uma mala de 50 mil dólares para a campanha desse vereador petista. Eu
entrei no núcleo duro do partido. Eu tinha uma relação com Lula.
Como era essa relação?
Com Lula, tive um encontro, no diretório do PT em São Paulo.
Encontrei-me com Lula, Genoino, Jose Dirceu, Mercadante, Marisa. Eu já
tinha visto Lula duas ou três vezes. Uma coisa emblemática aconteceu. O
Ale Yousseff (produtor cultural) chamou o Lula para me cumprimentar.
Quando Lula apertou minha mão, e disse “Oi companheiro”, acabou a luz!
Ficamos uns 10 minutos no escuro. Aquela falta de assunto.
Por que achou emblemático?
Foi quase cenográfico. Parecia que a luz tinha acabado como fruto de
nosso choque eletromagnético. Além dessa circunstância jocosa, fui lá
para cobrar investimento em educação. Lula respondeu: “Companheiro, isso
é a nossa prioridade”.
E ocorreram outros encontros?
Isso foi em 2002. Fiquei com o telefone do Lula. E meu único
telefonema para ele foi para alertá-lo para ter cuidado com Gilberto
Gil, porque ele era um braço da Warner Brothers e era um cara que estava
impossibilitando tanto a numeração de CDs, uma luta histórica na
classe, como inviabilizando a lei contra o jabá (pagamento às rádios por
música tocada), e que depois, como ministro, acabou sacramentando. Eu
liguei e disse: “Lula, cuidado com o Gil e com a Paula Lavigne, que é
assessora do José Serra”. Lula foi solícito: “Muito obrigado
companheiro. Vamos monitorar o caso.” Me pareceu atento ao que eu dizia.
Quando Gil virou ministro, fiquei perplexo. Pensei: ele está botando a
raposa no galinheiro. Quando Gil assumiu o ministério, e eu cheguei a
achar que, com sua ascensão, mal ou bem ele fosse abraçar uma briga
histórica da classe. No ano seguinte, ele dá uma entrevista praticamente
falando que o jabá era uma prática que não adiantava ir contra,
tornando-o quase aconchegante culturalmente.
O sr. declarou que ser de direita é um xingamento e ser de esquerda é um elogio.
No Brasil, a esquerda é a detentora da benevolência. É patológico. Se
você estudar Stalin, Mao Tse Tung, Fidel Castro, eles foram assassinos,
psicopatas, causaram mortandade, fome, totalitarismo, miséria. A
esquerda brasileira se melindra com os militares quando a esquerda é
endemicamente militarista. Quem gosta de parada, míssil, farda verde
oliva é a esquerda. Hitler era de esquerda em seu partido estatista,
trabalhista e autoritário. Ele tinha o manifesto comunista como livro
de cabeceira. Essas figuras estão dentro desse oráculo. Um universo
basicamente estatista. Quando se fala do fascismo das privatizações,
eles tem que entender que o fascismo é totalmente estatista. É
fundamental para a democracia tirar o sex appeal da esquerda. Isso tem
que ser feito com alta cultura. Você vê os artistas, todos comunistas, é
uma vergonha. Esquerda é cafona, clichê, retardada.
O sr. é chamado de roqueiro de extrema direita. Como se sente?
Me chamar de roqueiro é como chamar surfista de paneleiro. Uso o rock
como concepção de música. A adjetivação “de Direita”, no Brasil, é
contaminada. Mas, se ser de direita é lutar pela propriedade privada,
pelo livre comércio, pela liberdade de expressão, então sou um cara de
direita. O conceito de direita deve ser revisto. Quem conduz a recessão
social, o ódio, a indulgência tem sido a esquerda.
Do que o sr. gosta?
Gosto de literatura portuguesa. Eça de Queiroz. Mas literatura
brasileira…? Tento gostar de Machado de Assis desde que minha mãe me deu
a coleção para escrever bem. Leio, mas odeio. A narrativa me irrita.
Sensorialmente, quando leio Machado me sinto na antessala da delegacia
do Catete. Não é nada aconchegante. Tenho sensação similar quando entro
no Facebook. Acho chato Guimarães Rosa. E Graciliano Ramos, são três
delegacias do Catete. É um purgatório intelectual. Na música, sou
conservador e amo a música brasileira até os anos 50. Gosto do Roberto
Carlos da Jovem Guarda, antes dele se tornar um motel ambulante,
daqueles com cheiro de desinfetante sexual. Quando estava começando a
ouvir Rolling Stones e Beatles, vejo um panaca de 20 anos cantando. Era
Chico Buarque, que parecia ter pressão baixa: “Estava à toa na vida…”
Pensei: que coisa reacionária. Minha mãe adorava. Ela não sabia
distinguir a beleza dos olhos azuis de Chico da beleza dos olhos azuis
de Médici. Chico era o noivinho da senhora de classe média. A
Tropicália, por mais que fosse cínica e ambígua, era mais subversiva em
sua linguagem. O Brasil não saiu da Semana de Arte Moderna de 1922. Ela é
onipresente e onipotente até hoje. Lula é a coroação do Macunaíma. Lula
é um herói sem nenhum caráter. A máxima que sintetiza a Semana de 22 é
que nós nos nutrimos dos nossos piores defeitos.
Nesse contexto, como vê Sergio Moro?
Em virtude dessa condição macunaímica, Sérgio Moro é alçado a herói.
Não tenho erudição jurídica para comentar a tecnicidade das questões da
Lava Jato, me aparenta que estão bem respaldadas. É engraçado, o PT
rouba 100 vezes mais do que o Paulo Maluf e as pessoas ficam com
peninha? Moro é um exemplo para a conduta moral do brasileiro mudar 180
graus o rumo dessa malandragem. Ele deve se tornar um paladino dessa
mudança. Aqui pega bem ser malandro e pagar propina para vaga de carro.
Para a gente ser um país adulto, temos que começar por ai.
Como avalia o governo Temer?
O momento é saia justa para o Temer. Ele é de um partido de raposa
que vem da coalizão com o PT e deve estar com mil problemas de rabo
sujo. Ele nomeia um ministro e o ministro é réu no STF. Nomear um réu
como Marx Beltrão não torna o governo simpático. O resultado das
eleições municipais vão dar mais legitimidade a ele como presidente. Mas
eu espero que Temer seja mais incisivo nas suas decisões e que tenha
menos receio de ter que agradar a todos. Mas Temer quer privatizar,
demitiu todo o poder de fogo da mídia do PT, blogs, isso foi
sensacional.
Fonte: IstoÉ - Gisele Vitória