Na Cidade de Deus, uma das primeiras comunidades a receber uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em 2008, o terceiro dia de tiroteios assustou moradores e impediu que mais de 2 mil alunos de 11 unidades da rede municipal de educação fossem às aulas. Para a população, a sensação é de que não há lugar seguro no Rio. Os crimes acontecem nas ruas, dentro de casa, de escolas, de túneis, nas imediações de estádios, em brigas de trânsito e até no útero materno, como foi o caso do bebê Arthur. Impressiona como as tragédias se sucedem sem que autoridades esbocem reação. As medidas adotadas revelam-se tímidas e de pouco efeito.
É verdade que o Estado do Rio atravessa uma das maiores crises financeiras de sua história, problema que afeta todos os setores, inclusive o de segurança. Mas a penúria não pode ser pretexto para a inércia. Se há poucos recursos, é preciso, mais que nunca, aplicá-los melhor. Ademais, autoridades de segurança têm de rever suas estratégias, porque, claramente, as que estão aí não estão dando resultado. É necessário também melhorar o policiamento ostensivo. Quando bandidos fecham um dos principais túneis da cidade, apostam na falta de vigilância.