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quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Gente com nojo da Bandeira - Adriano Marreiros

Tenho que aproveitar enquanto ainda há algum resto de Liberdade.

Bandeira idolatrada

Altiva a tremular

Onde a liberdade

É mais uma estrela

A brilhar!

Fibra de herói: Barros Filho e Guerra Peixe

Estou fora de data, mas precisei escrever urgente.  E tenho que aproveitar enquanto ainda há algum resto de Liberdade.

Curto Rock, curto Jazz, curto Blues.  Os  dois últimos eu conheço e ouço menos do que deveria e, pra conhecer e ouvir mais, fui à Redenção, ontem de manhã, com Nanda, para ouvir um pouco.  E sim, conheço os... perigos da Redenção...

Encontramos lá o Átrio e a Rachel, como combinado, curtimos boa música e resolvemos ir almoçar uma boa carne, antes que nos proíbam. No caminho pro nosso carro, Nanda vê umas bijuterias interessantes num quiosque e me pergunta qual eu achava mais bonita.  Como costuma ocorrer, sugeri uma e, logo,  ela disse preferir outra. 

Háháhá, devia ter feito psicologia reversa...  Antes, porém, que ela comprasse, a senhora que nos atendia ofereceu uma realmente bela: era de um verde e amarelo lindos, Imperiais, bem Bragança e Habsburgos.  Creio que até uma Imperatriz usaria...

Imediatamente disse:  “Leva este, Nanda: é das cores da Bandeira!!        A tal senhora fez cara de nojo.  Engraçado... sei como é essa turma do Bonfim, tanto que mencionei conhecer os perigos, mas eu não tinha falado nadinha de política. E mais, não defendi sequer os verdadeiros valoresnão tinha defendido a vida dos inocentes desde a concepção, não tinha defendido a punição de bandidos, não tinha defendido a Liberdade de expressão, não tinha defendido a posse de armas pelas pessoas de bem, não tinha criticado as agências de left checking, não tinha criticado grandes episódios de corrupção, não tinha defendido valores judaico-cristãos: nada disso! Nada!  Eu só tinha elogiado as cores por serem as da Bandeira de nosso país.

Mas não me intimidei – Vô Josino já dizia que “cara feia pra mim é fome” – e complementei o que estava dizendo:  “É o verde e amarelo da Bandeira, do Brasil e mais, em tons imperiais.  Parece o que nossos Imperadores usavam”.  À medida que eu elogiava, mais ela fechava a cara, mas, como não queria perder a venda, embalou o produto e passou o cartão, chegando a ensaiar um pretenso projeto de sorriso, um sorriso amarelo, mas de uma amarelo feio, anêmico, não belo como o do colar e da Bandeira: e olha que nem mostrou os dentes.

Pegamos então o carro e fomos encontrar Átrio e Rachel na Texas Fumaçaria, que adoro por dois motivos: primeiro porque tem no nome o Estado americano[1]  mais admirável, onde o cidadão está acima do Estado, onde os valores são mais cultivados, onde a Bandeira nacional americana é amada  e respeitadaSegundo, por causa daquele sanduíche maravilhoso de Brisket que não tem mais em lugar nenhum.

Entre uma e outra lambuzada de um sanduiche que não se pode comer impunemente (de terno, nem pensar) meus pensamentos me levaram à lembrança do torpe e asqueroso regime nazista.  Se não me engano, eles nunca chegaram a mudar oficialmente a bandeira da Alemanha, mas, na prática, em qualquer ocasião, só usavam a do partido.  Mas, mesmo que eu esteja enganado: o fato é que substituíram a Bandeira de uma Nação pela bandeira de um partido... e impuseram o partido único, uma única opinião, desarmamento civil, o genocídio étnico e de opositores e outros horrores.

É esse tipo de perigo que mais me preocupa quando lembro daquele esgar de nojo.

Não temais ímpias falanges,

Que apresentam face hostil:

 Vossos peitos, vossos braços

São muralhas do Brasil.

Vossos peitos, vossos braços

 Vossos peitos, vossos braços

São muralhas do Brasil.

Hino da Independência.

D. Pedro I e Evaristo da Veiga

Publicado originalmente no portal Tribuna Diária

O autor é mestre em Direito, membro do Movimento Contra a Impunidade (MCI) e do Ministério Público Pró Sociedade (MP Pró Sociedade), autor de “2020 D.C., Esquerdistas Culposos e Outras Assombrações” e de “Hierarquia e Disciplina são Garantias Constitucionais”.