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quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Gente com nojo da Bandeira - Adriano Marreiros

Tenho que aproveitar enquanto ainda há algum resto de Liberdade.

Bandeira idolatrada

Altiva a tremular

Onde a liberdade

É mais uma estrela

A brilhar!

Fibra de herói: Barros Filho e Guerra Peixe

Estou fora de data, mas precisei escrever urgente.  E tenho que aproveitar enquanto ainda há algum resto de Liberdade.

Curto Rock, curto Jazz, curto Blues.  Os  dois últimos eu conheço e ouço menos do que deveria e, pra conhecer e ouvir mais, fui à Redenção, ontem de manhã, com Nanda, para ouvir um pouco.  E sim, conheço os... perigos da Redenção...

Encontramos lá o Átrio e a Rachel, como combinado, curtimos boa música e resolvemos ir almoçar uma boa carne, antes que nos proíbam. No caminho pro nosso carro, Nanda vê umas bijuterias interessantes num quiosque e me pergunta qual eu achava mais bonita.  Como costuma ocorrer, sugeri uma e, logo,  ela disse preferir outra. 

Háháhá, devia ter feito psicologia reversa...  Antes, porém, que ela comprasse, a senhora que nos atendia ofereceu uma realmente bela: era de um verde e amarelo lindos, Imperiais, bem Bragança e Habsburgos.  Creio que até uma Imperatriz usaria...

Imediatamente disse:  “Leva este, Nanda: é das cores da Bandeira!!        A tal senhora fez cara de nojo.  Engraçado... sei como é essa turma do Bonfim, tanto que mencionei conhecer os perigos, mas eu não tinha falado nadinha de política. E mais, não defendi sequer os verdadeiros valoresnão tinha defendido a vida dos inocentes desde a concepção, não tinha defendido a punição de bandidos, não tinha defendido a Liberdade de expressão, não tinha defendido a posse de armas pelas pessoas de bem, não tinha criticado as agências de left checking, não tinha criticado grandes episódios de corrupção, não tinha defendido valores judaico-cristãos: nada disso! Nada!  Eu só tinha elogiado as cores por serem as da Bandeira de nosso país.

Mas não me intimidei – Vô Josino já dizia que “cara feia pra mim é fome” – e complementei o que estava dizendo:  “É o verde e amarelo da Bandeira, do Brasil e mais, em tons imperiais.  Parece o que nossos Imperadores usavam”.  À medida que eu elogiava, mais ela fechava a cara, mas, como não queria perder a venda, embalou o produto e passou o cartão, chegando a ensaiar um pretenso projeto de sorriso, um sorriso amarelo, mas de uma amarelo feio, anêmico, não belo como o do colar e da Bandeira: e olha que nem mostrou os dentes.

Pegamos então o carro e fomos encontrar Átrio e Rachel na Texas Fumaçaria, que adoro por dois motivos: primeiro porque tem no nome o Estado americano[1]  mais admirável, onde o cidadão está acima do Estado, onde os valores são mais cultivados, onde a Bandeira nacional americana é amada  e respeitadaSegundo, por causa daquele sanduíche maravilhoso de Brisket que não tem mais em lugar nenhum.

Entre uma e outra lambuzada de um sanduiche que não se pode comer impunemente (de terno, nem pensar) meus pensamentos me levaram à lembrança do torpe e asqueroso regime nazista.  Se não me engano, eles nunca chegaram a mudar oficialmente a bandeira da Alemanha, mas, na prática, em qualquer ocasião, só usavam a do partido.  Mas, mesmo que eu esteja enganado: o fato é que substituíram a Bandeira de uma Nação pela bandeira de um partido... e impuseram o partido único, uma única opinião, desarmamento civil, o genocídio étnico e de opositores e outros horrores.

É esse tipo de perigo que mais me preocupa quando lembro daquele esgar de nojo.

Não temais ímpias falanges,

Que apresentam face hostil:

 Vossos peitos, vossos braços

São muralhas do Brasil.

Vossos peitos, vossos braços

 Vossos peitos, vossos braços

São muralhas do Brasil.

Hino da Independência.

D. Pedro I e Evaristo da Veiga

Publicado originalmente no portal Tribuna Diária

O autor é mestre em Direito, membro do Movimento Contra a Impunidade (MCI) e do Ministério Público Pró Sociedade (MP Pró Sociedade), autor de “2020 D.C., Esquerdistas Culposos e Outras Assombrações” e de “Hierarquia e Disciplina são Garantias Constitucionais”.


domingo, 19 de janeiro de 2020

Goebbels na era digital - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Alvim sai, mas Bolsonaro fica e Goebbels, Bannon e Olavo continuam pairando no ar

[aceitem,  que dói menos: 

- com as bençãos de DEUS, Bolsonaro fica e em 2022 será reeleito, tendo como vice o ministro Sérgio Moro;

é o inevitável, aceitem, se unam à Cruzada em prol do crescimento do Brasil e ao retorno, engrandecidos, de valores hoje esquecidos, vilipendiados, desvalorizados e que são tão caros ao BRASILEIROS DE BEM.]

Poderia ter sido apenas uma papagaiada chocante, mas o que o secretário nacional de Cultura Roberto Alvim fez foi muito pior: uma performance bem construída e ensaiada. Ator e diretor de teatro, ele encarnou o gênio do mal Joseph Goebbels, plagiando seus textos e usando o mesmo cabelo, o mesmo olhar, o tom solene e, como fundo musical, a ópera preferida de Hitler. [atenção apreciadores de Wagner e óperas: a esquerda estúpida (existe outra?)tenta censurar os grandes mestres e suas épicas produções, mas,não vão conseguir.
O que tem que ser proibido, urgentemente é a 'foice e martelo' - símbolos do comunismo, que assassinou mais de 100.000.000 de pessoas.] censura imposta pela derrotada esquerda não

Poderia também ter sido um surto individual, um fato isolado, um ponto fora da curva, mas o arroubo nazista foi num habitat onde, vire e mexe, um protagonista acena com a volta do tenebroso AI-5 e o presidente Jair Bolsonaro se delicia fazendo loas aos ditadores sanguinários Pinochet e Stroessner. A própria trajetória de Roberto Alvim no governo já diz tudo. Ele foi premiado com o principal cargo da Cultura nacional por ter atacado Fernanda Montenegro como “sórdida” e “mesquinha”, convocado artistas para uma “máquina de guerra cultural” e planejado ceder espaços culturais para teatros evangélicos. Nomeado com carta branca numa secretaria de cultura jogada como estorvo no Ministério do Turismo, ele teve passagem tão rápida quanto devastadora. Na Fundação Palmares, um negro racista. Na Funarte, um terraplanista que identifica rock com drogas e satanismo. [os que discordarem ou tiverem dúvidas, dispam-se das ideias preconcebidas, dos preconceitos e escutem alguns clássicos do rock.] Na Casa de Rui Barbosa, alguém muito distante de ser personalidade e alheio aos meios acadêmicos. Na Biblioteca Nacional, um monarquista. Verdadeiro strike.

Pelos elogios feitos ao secretário, o presidente da República parecia bem satisfeito com esse desmonte macabro da Cultura, que é a alma de uma nação e um dos mais calorosos orgulhos brasileiros, mas acaba de atrair o Brasil para mais uma onda de manchetes vexaminosas pelo mundo afora. O culto ao nazismo foi parar nos principais jornais dos Estados Unidos, da Europa, da América Latina, aprofundando a deterioração da imagem do País no exterior às vésperas de mais um Fórum Econômico Mundial em Davos. Eu não queria estar na pele do ministro Paulo Guedes e dos integrantes da delegação brasileira. Vão ouvir poucas e boas. E o que responder? [acabaram com os que admiram o nazismo nos Estados Unidos? e os neonazistas da Europa, foram eliminados?
o problema no Brasil é que a maior parte dos formadores de opinião entendem que arte é ofender JESUS CRISTO, é espezinhar VALORES CRISTÃOS, desvalorizar a FAMÍLIA, incitar a DESORDEM, cultuar a concessão de direitos SEM  a contrapartida de DEVERES.]

A performance nazista de Roberto Alvim compõe bem um todo em que pululam noções muito particulares (ou falta de noção?) sobre meio ambiente, educação, política externa, direitos humanos e mídia, em que prevalece o culto às armas e o governador de um dos principais Estados defende um peculiar combate à criminalidade: “mirar a cabecinha do bandido e pou!”. [não estamos julgando a conduta do governador do Rio, apenas lembramos que ele e o Presidente Bolsonaro estão rompidos politicamente.] O resultado é que as cabecinhas na mira são outras, dentro de casa, na escola, no parquinho ou passeando com a avó nesse mesmo Estado: as das crianças. Todas negras e pobres.

No caso de Alvim, Bolsonaro, pelo menos, foi rápido no gatilho. Antes das 11h ele já havia decidido a demissão, sob pressão dos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo, de amplo arco político da esquerda à direita, de toda a opinião pública e até da embaixada da Alemanha. Mas o xeque-mate foi da comunidade judaica. Tal como Donald Trump, ele é daqueles: “Mexeu com Israel, mexeu comigo”. [Bolsonaro esqueceu que quem escolhe e nomeia ministros (é o que consta da Constituição Federal, condição inclusive já reconhecida pelo plenário do Supremo) é o Presidente da República.
Por óbvio,  quem tem competência constitucional para escolher o titular de um ministério, tem para escolher titulares de órgãos subordinados àquele Ministério.
Deveria tomar a decisão pela demissão - mesmo não havendo obrigação legal, o componente político tornava a exoneração aconselhável - mas, recusar e divulgar a recusa, opinião dos presidentes das Casas do Poder Legislativo e de nações estrangeiras.] 

A partir daí, começou outra tortura nacional: quem seria o sucessor ou sucessora? Veio o medo. Alvim sai, mas Goebbels, assim como Steve Bannon e Olavo de Carvalho, continua pairando sobre o governo Bolsonaro. E não apenas na Cultura, mas na área mais eficaz do nazismo: a propaganda. Nem “a guerra ao marxismo cultural” nem máxima de que “uma mentira repetida mil vezes vira verdade” foram demitidos. Continuam vivos, fortes, entranhados na alma do governo. Aliás, desde a campanha, quando o “gênios do mal” modernos conseguiram massificar como verdade a mentira de que só Bolsonaro derrotaria Lula e o PT. [até que provem o contrário, só JAIR BOLSONARO derrotou os citados;
no século passado, o condenado petista, perdeu também para Collor e FHC.]   Uma mentira repetida não mil, mas milhões de vezes. Goebbels reencarna na era digital.
Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S.Paulo 


segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

A pós-verdade no poder - Fernando Gabeira

Blog do Gabeira

Minha formação cultural se deu principalmente no século XX recheado de rocambolescas teorias revolucionárias. De um modo geral, eram apostas no futuro, uma inconsciente reconstrução do paraíso. Se há algo no século XXI para o qual custo a encontrar o tom adequado de lidar é esse período de pós-verdade, em que as evidências científicas ou não são atropeladas por narrativas grotescas.

Em discurso, presidente da Funarte exalta "fé no senhor Jesus" - O Globo

EXTREMISMO NA CULTURA

Bernardo Mello Franco

[O Estado é laico; 
mas,nada impede que uma autoridade em um discurso demonstre sua fé.
Ou apenas os aztistas podem pregar seu ateísmo vazio?
Cogitei de usar o termos autista, mas,iria ofender aos que são autistas por doença e não por incompetência.]


Reprodução


Os delírios do maestro
Numa fauna repleta de lunáticos e teóricos da conspiração, Dante Mantovani tem conseguido se destacar pelo exotismo. Não é pouca coisa. Antes de pousar no governo Bolsonaro, o novo presidente da Funarte fez questão de registrar seus delírios em vídeo. Num deles, associou o rock ao satanismo e ao aborto.
“O rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto. A indústria do aborto, por sua vez, alimenta uma coisa muito mais pesada, que é o satanismo. O próprio John Lennon disse abertamente, mais de uma vez, que ele fez um pacto com o diabo”, divagou.
[cabem dois reparos às manifestações do maestro:
- se equivocou quando disse que a Terra é plana;
- esqueceu de incluir nas doutrinas satânicas o funk.]

Em outra gravação, o maestro disse que agentes soviéticos infiltrados na CIA distribuíram ácido para os hippies em Woodstock. Num terceiro vídeo, ele garantiu que a Terra é plana. Devia ser convocado para uma acareação com o ministro da Ciência e Tecnologia, que já foi ao espaço e viu o planeta de cima.  Até outro dia, as parvoíces de Mantovani eram problema dele e de quem o seguia na internet. Agora viraram problema do país, porque o olavista vai comandar políticas públicas e pilotar um orçamento de R$ 123 milhões anuais.

O maestro fez seu primeiro discurso na quinta-feira, em solenidade no Paço Imperial. Quem passou por lá relatou um clima de constrangimento e incredulidade.
“Estou responsável pela arte no governo federal”, começou Mantovani. Em tom pastoral, ele disse que o Brasil foi “abençoado por Deus desde o princípio”. Depois informou que o país teria sido “civilizado”, e não colonizado por Portugal.
“Devemos a nossa cultura, sim, a Portugal. E Portugal saiu para desbravar os mares, para levar a fé no nosso senhor Jesus Cristo. Precisamos lembrar que nós vivemos num país que tem origem cristã”, emendou.
No fim do discurso, o maestro disse que sua gestão ajudará a “elevar a moral e a autoestima, de modo que o nosso povo alcance voos cada vez maiores” (sic). 

Pareceu se referir à autoestima do povo, não à dele próprio. Criada em 1975, a Funarte chegou a ser extinta no início do governo Collor, em outro momento de perseguição às artes e à cultura. Agora se vê rebaixada à condição de playground de extremistas.Os desvarios de Mantovani preocupam servidores e ex-dirigentes do órgão. “O pessoal está bastante assustado”, conta o ator Stepan Nercessian, que presidiu a Funarte durante o governo Temer. “Aquilo pode virar uma coisa de louco. Vão ter que montar um departamento de efeitos especiais lá dentro”, ironiza.

O maestro terraplanista integra um time da pesada. Nos últimos dias, o governo entregou a Biblioteca Nacional, a Secretaria do Audiovisual e a Fundação Palmares a outros bolsonaristas de carteirinha. Todos recrutados pelo teatrólogo Roberto Alvim, que anunciou o plano de montar uma “máquina de guerra cultural” com verbas públicas. Na primeira chance, ele tentou contratar a mulher sem licitação.
“O problema não é ser reacionário. É uma questão de lucidez mesmo”, diz Nercessian sobre os novos gestores. “É uma coisa inacreditável. Não sabia que o ódio que eles sentem pelos artistas era tão grande”.

Bernardo Mello Franco, jornalista - O Globo


segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

'Rock leva ao aborto e ao satanismo', diz presidente da Funarte e União perde 24 mil servidores com freio nos concursos e aposentadoria recorde

O Globo

'Rock leva ao aborto e ao satanismo', diz presidente da Funarte

No YouTube, Dante Mantovani defende outras teorias da conspiração, como a de que soviéticos infiltrados na CIA distribuíram LSD em Woodstock

Maestro e agora presidente da Funarte, Dante Mantovani também é youtuber. No canal Dante Mantovani, com mais de 6 mil inscritos, o novo integrante do governo costuma tirar dúvidas sobre música erudita, mas  aproveita para praticar um dos esportes favoritos do YouTube: compartilhar teorias da conspiração . O canal continua no ar, ao contrário dos perfis de Mantovani em outras redes sociais, que foram excluídos na semana passada, diante do anúncio de que ele assumiria a Funarte.
Em um vídeo, por exemplo, o maestro, aluno do ideólogo de direita Olavo de Carvalho , endossa teorias de que agentes comunistas infiltrados na CIA foram responsáveis por distribuir LSD para jovens em Woodstock. O objetivo final, diz ele, seria destruir a família, vista como "base" do capitalismo. 

 Guinada ideológica : Conheça os novos secretários da pasta de Cultura de Roberto Alvim
 
"Existe toda uma infiltração de serviços de inteligência dentro da indústria fonográfica norte-americana que se não levarmos em conta, não vamos entender nada. A União Soviética mandou agentes infiltrados para os Estados Unidos para realizar experimentos com certos discos realizados para crianças. Esses agentes iam, se infiltravam e iam mudando, inserindo certos elementos para fazer engenharia social com crianças. Daí passaram para música para adolescentes", afirma ele, ao citar como exemplo o surgimento de Elvis Presley na década de 1950. 

Na sequência, Mantovani menciona Woodstock e diz que os Beatles "colocaram em prática as ideias da Escola de Frankfurt" , que segundo ele, queria destruir a cultura ocidental.

"Woodstock foi aquele festival da década de 60 que juntou um monte de gente, os hippies fazendo uso de drogas, LSD, inclusive existem certos indícios de que a distribuição em larga escala de LSD foi feita pela CIA. Mas como pela CIA? Tinha infiltrados do serviço soviético lá", diz o maestro, para em seguida concluir:"O rock ativa a droga que ativa o sexo que ativa a indústria do aborto. A indústria do aborto por sua vez alimenta uma coisa muito mais pesada que é o satanismo. O próprio John Lennon disse que fez um pacto com o diabo.”
Dante Mantovani
Presidente da Funarte
 
"O rock ativa a droga que ativa o sexo que ativa a indústria do aborto. A indústria do aborto por sua vez alimenta uma coisa muito mais pesada que é o satanismo. O próprio John Lennon disse que fez um pacto com o diabo."


Apesar da crença de que o rock leva ao satanismo, em vídeo de fevereiro de 2018 o youtuber disse acompanhar duas bandas do gênero: Metallica e Angra.
"Era uma banda brasileira que tinha grande preocupação com aspectos melódicos, tanto vocais quanto instrumentais, embora o ritmo fosse bastante frenético", avalia ele sobre o Angra.
Em outro vídeo, de dezembro de 2016, Mantovani critica o repertório musical da abertura das Olimpíadas do Rio e defende que "a verdadeira cultura" do Brasil é a música clássica de Heitor Villa-Lobos.
"Como apresentam numa abertura de Olimpiada aquelas aberrações sonoras que eu não tenho nem coragem de chamar de música!", reclama.
(...)
Procurado pelo GLOBO, Mantovani afirmou que estava indo para Brasília e que não poderia falar com a imprensa até quarta-feira, por recomendação do Secretário Especial de Cultura, Roberto Alvim. 

A nomeação do maestro para a Funarte saiu junto com a de Rafael Nogueira para a Biblioteca Nacional, conforme havia antecipado O GLOBO . Mantovani aparece em fotos nas redes sociais com Nogueira durante o 3º Simpósio Nacional Conservador de Ribeirão Preto, realizado em outubro, e é igualmente fã de Olavo de Carvalho.

Ele também faz parte da organização da Cúpula Conservadora das Américas — assim como Katiane de Fátima Gouvêa, nomeada na quarta-feira secretária do Audiovisual. Ainda é próximo de Camilo Calandreli, novo secretário de Fomento e Incentivo à Cultura , a quem já se referiu como "amigo-irmão". 

Ele se mostrou alinhado com seu futuro chefe, ao compartilhar, no último domingo, uma notícia sobre uma discussão da qual o secretário participou. "Este é o tom com o qual se deve falar com esquerdistas e comuno-globalistas; aprendam a lição com o mestre Roberto Alvim!", escreveu.

Globo Cultura

União perde 24 mil servidores com freio nos concursos e aposentadoria recorde

Estimativa é que o Executivo federal feche o ano com 613 mil funcionários com menor contratação desde 2001

 O governo fechará 2019 com o menor número de contratações de servidores em quase duas décadas. Até outubro, 9.784 funcionários haviam entrado no Executivo federal por meio de concurso público, segundo o levantamento mais recente do Ministério da Economia. Nesse ritmo, o total de ingressos este ano deve ser o mais baixo desde 2001. 

O número de servidores na ativa encolheu bem mais por causa do recorde no número de aposentadorias às vésperas da reforma da Previdência, promulgada no mês passado. Só nos primeiros dez meses do ano, foram 33.848. Assim, o saldo entre entradas e saídas de funcionários no Executivo federal está negativo em cerca de 24 mil trabalhadores este ano.


Em dezembro de 2018, havia 630 mil. A estimativa do governo é que o quadro de servidores ativos feche o ano em no máximo 613 mil com o menor ritmo de convocação de concursados de seleções já realizadas ainda válidas. Os dados compilados pelo GLOBO revelam o resultado da política de enxugamento do serviço público capitaneada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Para especialistas, a baixa reposição é importante para racionalizar gastos com pessoal. Entidades ligadas aos servidores alertam, no entanto, para o risco de comprometimento dos serviços prestados à população.


Em 2018, a União nomeou 13.360 novos servidores. Para alcançar esse patamar este ano, precisaria contratar mais de 3.500 funcionários até dezembro. Isso significaria quase dobrar o volume mensal de ingressos registrado até agora. Não é o que o governo pretende.

Segundo o secretário de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia, Wagner Lenhart, o plano é apostar em digitalização de serviços, remanejamentos, reformulação de carreiras e terceirização, com a contratação de mais funcionários temporários, para conter o peso da folha nas contas públicas:
— É um trabalho de ganho de eficiência e produtividade, uma mudança de perfil de profissional e também, como é de conhecimento de todos, consequência de uma restrição orçamentária que faz com que a gente tenha um cuidado ainda maior na hora de fazer contratações ou nomeações. 

Queda de 50% até 2030
O freio na contratação é uma das ações recomendadas por especialistas para reequilibrar o Orçamento. Há duas semanas, a Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, projetou que o governo pode reduzir pela metade o total de servidores ativos, para 383 mil, se não repuser nenhum aposentado até 2030.


O órgão que mais perdeu gente em 2019 foi o INSS, que concede aposentadorias e outros benefícios a trabalhadores do setor privado. Até a última quinta-feira, 6.006 funcionários do órgão haviam se aposentado e só três haviam sido contratados. As saídas no instituto respondem por quase 20% de todas as baixas no funcionalismo federal neste ano. Com a debandada, o quadro de servidores na autarquia caiu de 29 mil para 23 mil.

Para evitar um apagão, o INSS recorreu à digitalização de serviços e remanejamento de pessoal dentro do próprio órgão. Hoje, dos 96 serviços prestados pelo órgão, 90 podem ser feitos pela internet ou pelo telefone.O número de funcionários dedicados apenas aos processos de pedido de benefício saltou de 2.751 para 6.686, mesmo com a redução no quadro geral.

Isso foi possível com a redução do pessoal em áreas menos essenciais, como a administrativa. Não faltam queixas dos usuários, mas Renato Vieira, presidente do INSS, diz que essa transformação está aumentando a produtividade do órgão. Em outubro, foram decididos 977 mil pedidos de benefício, 49% a mais que os 655 mil processados em janeiro. — Ninguém pode imaginar que, com menos servidores, a qualidade do serviço permaneça igual se nenhuma medida for tomada — diz Vieira.

Sindicatos criticam
A falta de contratações em outras áreas preocupa sindicatos ligados ao funcionalismo federal. Segundo Kléber Cabral, presidente do Sindifisco, que representa auditores da Receita Federal, o último concurso público para o órgão foi realizado em 2014.
— Em 2007, éramos 12 mil auditores fiscais. Hoje, pouco mais de 8 mil. A Receita está fechando unidades, delegacias e agências, não apenas por questões de restrição orçamentária, mas também por falta de pessoal. A galinha dos ovos de ouro vai acabar morrendo de fome — critica.

Maurício Porto, presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa), reclama da dificuldade de convocação dos concursados aprovados em 2017. A seleção habilitou 547 candidatos, dos quais 247 foram para um cadastro de reservas. No último dia 21 de novembro, o Ministério da Agricultura recebeu autorização para nomear 100 desses aprovados, mas a categoria considera a reposição insuficiente.

Tramitação: Maia diz que, se tiver aval de juristas, Câmara vai enviar proposta para mudar regras do funcionalismo
— Hoje temos 2,5 mil fiscais em atuação, e o ideal seria 4 mil. É uma situação bastante crítica e um limitante para o crescimento do agronegócio e das exportações brasileiras — argumenta Porto.

Procurada, a Receita informou que a decisão sobre concursos cabe ao Ministério da Economia. A pasta disse que novos concursos estão suspensos e que a prestação de serviços à população não será prejudicada.
O Ministério da Agricultura, por sua vez, reconhece que há déficit de pessoal e informou que vem buscando reposição de 545 auditores fiscais agropecuários que se aposentaram entre 2017 e outubro deste ano.
"O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento vem buscando reposição de pessoal junto ao Ministério da Economia. Das solicitações realizadas, foi autorizado concurso público para 300 vagas de Auditores Fiscais Médicos Veterinários em meados de 2017, com posse dos concursados em julho de 2018. E agora o Governo liberou a nomeação de mais 100 Auditores Fiscais Médicos Veterinários deste concurso. Esses candidatos deverão ser nomeados ainda este ano", disse a pasta em nota. 

O Ministério informou ainda que também investe em digitalização com acoes como a solicitação online Certificado Veterinário Internacional (em parceria com o antigo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão), a simplificação do processo de exportação de bebidas e do Cadastro Geral de Classificação de Produtos Vegetais e o registro automático de produtos de origem animal, de bebidas e de fertilizantes.

Na avaliação do economista Raul Velloso, especialista em contas públicas, há espaço para cortes no funcionalismo e redução de gastos. O impacto fiscal de aposentados é baixo, porque eles continuam na folha de pagamento como inativos, mas a redução dos concursos tem efeito no longo prazo.— Existe um trabalho para reduzir (o quadro) sem perder eficiência. A sensação é de que tem muita gente sobrando — diz Velloso.

Uma portaria editada pelo governo em julho do ano passado flexibilizou as regras para transferências de funcionários entre órgãos e estatais, liberando os deslocamentos sem a necessidade do aval do órgão de origem do funcionário. Para Lenhart, da secretaria de Gestão, todas as medidas de contenção da folha têm como objetivo reforçar uma mudança de cultura no funcionalismo: — Havia uma cultura de olhar para a trás e não para a frente quando vai fazer concurso público. Se tinha uma carreira com 600 vagas e 200 saem, a tradição era pedir mais 200. Só que isso não significa que você vai conseguir atender aos desafios do futuro. 

Impacto nos 'concurseiros'
A política do governo de reduzir a folha de pessoal deve causar incerteza para quem está no chamado cadastro de reserva dos concursos. A contratação desses candidatos está sujeita a regras mais duras desde março deste ano, quando um decreto limitou os poderes dos órgãos de convocar. Os concursos têm validade de dois anos, prorrogáveis por mais dois. Os editais determinam o número de vagas a serem preenchidas. Aprovados num concurso de 200 vagas, por exemplo, vão para a reserva a partir da posição 201.

Até março, o Ministério da Economia podia autorizar que órgãos convocassem até 50% mais que o previsto no edital. Agora, só 25%. Mas, segundo o secretário de Gestão, Wagner Lenhart, o plano do governo é não ir além das vagas previstas nos editais, contemplando apenas os que têm direito adquirido. O governo não tem estimativa de quantos estão nas duas situações. Cada órgão tem sua estatística.
A queda no número de contratações já colocou em alerta o mercado voltado para os chamados “concurseiros”. O advogado Marcos Kolbe, sócio de um escritório especializado, diz que a demanda por nomeações na Justiça aumentou: — O escritório este ano voou. O problema é que existem vagas, mas estão precarizadas com temporários. Hoje, 70% dos processos são sobre isso.

O quadro forçou uma readaptação nos cursinhos. Segundo Arthur Lima, sócio do Direção Concursos, candidatos têm migrado para outras áreas do serviço público, como a Justiça. Ele lembra que seleções como a do INSS, que não ocorreu este ano, costumam atrair até 1 milhão de pessoas: — Houve de fato diminuição no Executivo federal. O concurseiro precisou olhar para outras oportunidades. Um exemplo foi o concurso do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. O número de inscritos na seleção deste ano dobrou em relação ao último, de 2014.

O Globo - Economia
 

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Nova direita na Europa cresce embalada por jovens




Grupos extraparlamentares formam base de apoio a partidos extremistas


Um ano depois da vitória de Emmanuel Macron na França, que teve o efeito de frear provisoriamente a ascensão de Marine Le Pen, o fantasma da extrema-direita volta a assustar a Europa. Em Áustria, Itália, Eslovênia, Bulgária ou Dinamarca, populistas de direita participam de governos ou estão preparando-se para assumir o poder. No Leste Europeu, o grupo Visegrad, formado por Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia, desafia a União Europeia com a sua política de tolerância zero com refugiados. Mas o que mais preocupa especialistas é a expansão de uma rede de organizações extraparlamentares com representantes em todos os setores da sociedade que formam a base de apoio aos partidos extremistas. Essa nova cultura juvenil é de extrema-direita, e grupos racistas (como o “movimento identitário”) ganharam fôlego com o tema refugiados e já se veem como a reedição da geração de 68, com a diferença de que, ao contrário dos seus pais, preferem hoje o patriotismo e uma sociedade homogênea do ponto de vista étnico.

Para Johanna Bussemer, da Fundação Rosa Luxemburgo, os partidos e organizações da “nova direita” são perigosos porque cumprem as suas ameaças, como indica a última decisão do governo austríaco de aliança conservadora/extrema-direita de fechar mesquitas e deportar imãs, sob a acusação de praticarem o “Islã politico”.  Considerado pelo embaixador americano em Berlim, Richard Grenell, um “popstar”, o chanceler austríaco, Sebastian Kurz, começou a pôr em prática o programa de governo negociado com o extremista Partido da Liberdade, ao anunciar o fechamento de sete mesquitas. 

Como explicou o próprio Kurz, que na próxima semana visita Berlim, a decisão visa a evitar radicais muçulmanos e o surgimento de “sociedades paralelas”. Mas seus críticos, como Helgard Kramer, socióloga e cientista política da universidade da cidade tcheca de Ostrov, reagiram alarmados:
— Esse programa poderia ter saído também da pena do movimento identitário austríaco.


 Nas ruas. Integrantes do movimento identitário se veem como “a nova geração de 68”, mas em defesa de um continente etnicamente homogêneo - Divulgação



ROCK CONSERVADOR
Os identitários da Áustria são um dos mais fortes da Europa de um movimento que vê a homogeneidade étnica do continente ameaçada pelo excesso de imigrantes de outras etnias. Como o Pegida de Dresden, atuam através da sua rede de apoiadores que praticam ações de grande visibilidade no estilo da ONG Greenpeace para aumentar a popularidade do grupo. Um exemplo do efeito do trabalho das bases da nova direita é Götz Kubitschek, proprietário da Editora Antaios. Com o livro “Finis Germania”, do jornalista Peter Sieferle, a Antaios ajudou o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) e os identitários. A legenda foi eleita pela primeira vez para o Parlamento federal e os identitários ficaram conhecidos em todo o país com a ajuda do mecenas.

“Finis Germania” é um best seller que aborda o “perigo” do desaparecimento da etnia alemã em consequência da imigração em massa, tema que mais movimenta a nova direita. Kubitschek, de 46 anos, é o seu ideólogo. Com a editora — que tem outros títulos, como a revista “Sezession” — ele ajuda a tornar populares os temas de interesse da direita. O debate sobre os assuntos lançados por Kubitschek influencia os jovens a aderir aos partidos e organizações extraparlamentares.  — Esses jovens da nova direita são a nova geração de 1968. Em comum com os 68, eles têm o interesse pela música pop. O rock de extrema-direita é apreciado até por jovens que não se interessam por política, como os irmãos de Daniel Fiss, vice-chefe do movimento identitário da Alemanha.

Mas aí terminam os pontos em comum. Para a nova direita, um elemento importante do espírito patriótico é o restabelecimento da homogeneidade étnica através da “frente ideológica de combate à imigração e ao multiculturalismo”. — Não somos monstros. Queremos apenas abrir o debate sobre quanta imigração a Europa é capaz de absorver — afirmou Fiss.

A biografia do estudante de ciências políticas da Universidade de Rostock é um exemplo sobre como a nova direita procura ser simpática, evita as polêmicas como elogiar nazistas ou negar o Holocausto, mas tem no seu programa a mesma meta racista. Os identitários atuam desde o ano passado no Mediterrâneo para salvar os fugitivos da morte por afogamento, mas devolvendo-os à África.  Para Johanna Bussemer, a nova direita está crescendo também por motivos econômicos.  — A desigualdade social aumentou na Europa, e os mais pobres ficam vulneráveis ao apelo dos extremistas. Isso explica porque ela é mais forte nos países do Leste Europeu — sustentou.

Mas Fiss, dono de uma gráfica, destacou que ele e seus colegas não têm motivação apenas material. O estudante vive com os pais e dois irmãos na cidade portuária de Rostock, onde praticamente não vivem imigrantes. Mas ainda assim ele se engaja na extrema-direita contra a ameaça fantasma.  — Cada país tem o direito de decidir se quer ou não imigrantes — afirmou Fiss.
Nos eventos do grupo, a formulação é menos cautelosa. No estilo do livro “Finis Germania”, os encontros são realizados com debates contra a globalização e a favor da homogeneidade étnica.

Fundado na França, em 2003, o movimento identitário expandiu-se rapidamente na Europa. No início, não foi visto como extremista pelo seu distanciamento dos nazistas clássicos.  — Nós não negamos o Holocausto, consideramos a ditadura nazista criminosa, mas assim mesmo não queremos ver as nossas cidades com grandes populações de minorias estrangeiras — concluiu.