'Financial Times' e 'The Economist' já especulam sobre a
possibilidade de o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deixar o cargo
A imprensa internacional repercutiu nesta quinta-feira o enfraquecimento da figura do ministro da
Fazenda, Joaquim Levy, na condução das contas públicas do país após o
Planalto encaminhar ao Congresso o projeto do Orçamento de 2016 com previsão de
déficit. Com o título "Brasil
batalha para dar um jeito na crise fiscal", reportagem do jornal
britânico Financial Times destaca que o ministro "tem pouco espaço de manobra" e que o mercado já especula a possibilidade de ele deixar a
pasta.
"O ministro da Fazenda tem
evitado grande parte da culpa por esses erros, mas isso não impediu a
especulação renovada sobre se Levy vai ficar no cargo por muito mais
tempo", diz o
texto. O artigo ainda explica que o apelido "Edward Mãos de Tesoura", em referência ao filme dirigido por Tim Burton de
1990, se dá por sua vocação a cortar gastos públicos. Mas o seu trabalho de "policial malvado da economia", conforme
definiu a reportagem, para o qual foi nomeado, tem sido dificultado pela
"economia enfraquecida e uma crise política que destruiu a capacidade do
governo de aprovar qualquer coisa no Congresso".
Em duas
matérias datadas do dia 5 de setembro, quando sai a próxima edição impressa da
revista, a britânica The Economist criticou fortemente o anúncio do Orçamento
de 2016 com rombo de 30,5 bilhões de reais. "A maioria dos países recorre aos déficits. E quando ocorrem as
recessões, soltar as cordas das contas públicas faz sentido para muitos deles.
Mas o Brasil não é a maioria dos países. Sua economia
está em apuros e a sua credibilidade fiscal está se desintegrando rapidamente",
diz o primeiro parágrafo do texto intitulado de "Tudo em queda". Em outra matéria da mesma edição, cujo título
é "Tempos desesperados, movimentos
desesperados", o ministro Levy é citado como a pessoa indicada para "fazer lobby pelo corte de gastos"
e por ser uma figura "reconfortante
para o mercado". Segundo o artigo, a presidente Dilma Rousseff enfraqueceu o
ministro ao encaminhar o orçamento deficitário. No entanto, a
revista atribui também a culpa pelas dificuldades econômicas do Brasil ao
Congresso, que tem "podado a maioria
das boas ideias de Levy".
A Economist também
nota que Dilma não tem conseguido entregar bons resultados econômicos desde
2010 e que muitos atribuíam os problemas ao ex-ministro Guido Mantega. "Substituí-lo por Levy era supostamente
para corrigir esse problema; essa perda de prestígio é um mau presságio".
Fonte: Veja Online