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domingo, 10 de dezembro de 2017

Caçar reitor virou um hobby exibicionista




Cumprindo mandados de condução coercitiva, a PF deteve o reitor da UFMG Jaime Arturo Ramírez, a vice-reitora, duas ex-vice-reitoras e o presidente da Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa 
                                         Fachada da UFMG


Com o estrépito costumeiro, a Polícia Federal varejou a cúpula da Universidade Federal de Minas Gerais. Cumprindo mandados de condução coercitiva, detiveram o reitor Jaime Arturo Ramírez, a vice-reitora, duas ex-vice-reitoras e o presidente da Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa. A iniciativa relaciona-se com uma investigação que corre em sigilo. Corre em sigilo, mas um delegado teve a bondade de informar que ela se relaciona com a malversação de algo como R$ 19 milhões na construção de um Memorial da Anistia e de pesquisas relacionadas com o estudo de crimes praticados durante a ditadura.

Levados à sede da Polícia Federal, os professores depuseram e foram libertados, com a imprensa na porta para entrevistá-los e fotografá-los na condição de suspeitos. Os professores viram-se expostos, mas não se apresentou qualquer acusação específica contra eles. Tipo “A” é acusado disso, “B” é acusado daquilo. Não custa lembrar que o reitor da Federal de Santa Catarina estaria envolvido num desvio de R$ 80 milhões. Ele não fora ouvido e não era acusado de ter desviado um só centavo, nem o desvio teria sido de R$ 80 milhões, pois esse era a valor de todo um programa plurianual. Luís Carlos Cancellier matou-se.

Os professores mineiros não foram mandados à carceragem nem proibidos de entrar na universidade, como aconteceu em Florianópolis. Conduzidos à Polícia Federal, lustraram o espetáculo, mas foram para casa. Ficam as seguintes questões:
A lei diz que a condução coercitiva é necessária para levar à delegacia a pessoa que não atendeu a uma intimação. Houve intimação? Nem pensar.
Qual a lógica de conduzir uma pessoa à delegacia, com a publicidade produzida pela autoridade coatora, em cima de um inquérito que corre em sigilo? Voltando-se ao episódio de Santa Catarina, passaram-se dois meses e as autoridades ainda não produziram uma só acusação documentada. Tomara que o façam, porque na operação de outubro foram mobilizados mais de cem policiais.  Se alguém acha que esse tipo de espetáculo doura a imagem dos policiais, procuradores e juízes que investigam ladroeiras, deve suspeitar que se dá o contrário: “o resultado será absolutamente negativo”.

O MARECHAL CASTELO E A FÚRIA CARCERÁRIA
Em maio de 1965 um coronel que chefiava inquéritos militares destinados a investigar a infiltração das ideias esquerdistas em órgãos públicos prendeu o editor Ênio Silveira, cuja casa, a “Civilização Brasileira”, revolucionara o mercado editorial brasileiro.  Ênio era um homem elegante e destemido. Era também comunista, e o presidente Castelo Branco sabia disso. Castelo, por sua vez, foi um general francês metido na anarquia de uma ditadura militar latino-americana.

Nessa fase envergonhada do regime, o escritor católico Alceu Amoroso Lima dizia que estava em curso um “terrorismo cultural”. “Doutor Alceu” tornou-se um capeta na visão dos encarregados de inquéritos.
Depois da prisão do editor, o marechal Castelo mandou um bilhete manuscrito ao general Ernesto Geisel, chefe de sua Casa Militar. Infelizmente esse papel ficou no silêncio dos arquivos por muitos anos. Ele dizia o seguinte:  “Por que a prisão do Ênio? Só para depor? A repercussão é contrária a nós, em grande escala. O resultado está sendo absolutamente negativo. (...)
Há como que uma preocupação de mostrar ‘que se pode prender’. Isso nos rebaixa.

Penso que devemos tomar medidas decisivas. Comprometo-me a amparar os IPMs. Mas não devo estar apoiando uma espécie de chicana policial e judicial.

(...)

Os companheiros do governo se sentem constrangidos. (...).

Os resultados são os piores possíveis contra nós. É mesmo um terror cultural.”

MICHELIN DA CANA
Faz tempo que a cadeia federal de Curitiba livrou a nobiliarquia da Lava-Jato de banhos frios. Discretamente, a empreiteira Mendes Júnior providenciou a instalação de um boiler no pavilhão.
Os companheiros de infortúnio deram o título de “benemérito” ao empresário Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da empresa e hóspede da carceragem durante alguns meses.


MALVADEZA
De um experimentado conhecedor da política de São Paulo:
“O João Doria é candidato a presidente, a governador e a qualquer outro cargo que lhe permita fugir da prefeitura.”

O AMIGÃO DE LULA
Lula pode chamar seu ex-tesoureiro Antonio Palocci de mentiroso porque contou ao Ministério Público que recebeu US$ 1 milhão do ditador líbio Muamar Kadafi. Contudo, Nosso Guia não deve esquecer o que disse ao Rei dos Reis” em dezembro de 2003, quando visitou Trípoli:
“Quero dizer ao presidente Kadafi que, ao longo dessa trajetória política, assumi muitos compromissos políticos. Fizemos alguns adversários e muitos amigos. Hoje, como presidente da República do Brasil, jamais esqueci os amigos que eram meus amigos quando eu ainda não era presidente da República”.
À época, essas palavras soaram esquisitas, porque não havia como achar laços de amizade que pudessem ter unido Lula e Kadafi. O comissário Palocci sabia do que se tratava.


CORAÇÃO DO JUIZ
Caiu na burocracia do INSS o caso de uma menina, portadora de lesão cerebral, que vivia com a mãe, sob a guarda da avó. A senhora, idosa, sustentava a família com a pensão que recebia depois da morte do marido. Em vida, ela quis assegurar o futuro da criança e requereu sua guarda para transmitir-lhe a pensão. A senhora morreu antes que o processo chegasse a um desfecho, e o benefício da menina foi negado.

Um advogado resolveu lutar pelo caso e, mesmo tendo perdido na segunda instância, recorreu ao Superior Tribunal de Justiça. Lá a jurisprudência não admite o pedido de guarda formulado por avós para efeitos previdenciários. (Num caso semelhante, faz tempo, o general Emílio Garrastazu Médici adotou uma neta, mas deixa pra lá.) [sobre a rápida citação à adoção feita pelo ex-presidente General de Exército EMILIO GARRASTAZU MÉDICI não é citado - sequer evidências - que a adoção realizou-se para efeitos previdenciários.
Vale lembrar que quando era presidente da República o General Médici adotou uma medida que iria favorecer aos criadores de boi gordo;
antes da entrada em vigor da medida - ocasião em que todos estavam evitando comprar 'boi gordo', aguardando a vigência das novas medidas, portanto, com o preço em baixa - o presidente Médici determinou a seu filho Roberto, que administrava a fazenda, que vendesse imediatamente todo o plantel - medida que foi executada e trouxe prejuízos ao presidente e familiares;
Fica o registro da honestidade do presidente Médici.]
O processo foi para a mão do ministro Luis Felipe Salomão e ele virou o jogo:
“Em momento algum ficou evidenciado que o objetivo único da recorrente seria, repita-se, pura e simplesmente, garantir o recebimento de benefício previdenciário pela neta, mas, acima de tudo, o escopo perseguido era a segurança de sustento para que a menor, com necessidades especiais, tivesse condições dignas de vida e sobrevivência”.
Salomão foi acompanhado por todos os outros ministro da Quarta Turma do STJ, e a menina receberá o benefício.


VISIONÁRIO
De um visionário, olhando para a geleia da sucessão presidencial:
“Sonhei com o novo presidente, mas não consegui reconhecê-lo. Deu para ver o Armínio Fraga no Ministério da Fazenda e o Pedro Parente na chefia da Casa Civil, sendo que ele, ao assumir, colocou um par de algemas sobre a sua mesa de despachos.”

Elio Gaspari -  Folha de S. Paulo e O Globo