Presidenciáveis defendem voto contra extremos e se apresentam como terceira via nas eleições
Uma
estratégia uniu neste domingo adversários na sucessão presidencial: sete dos
oito candidatos, em debate na TV Record, se posicionaram contra a
polarização, indicada pelas pesquisas eleitorais. Em sua maioria, apontaram
Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), os mais bem colocados nas
pesquisas, como um risco à democracia. Mesmo ausente, Bolsonaro foi lembrado
com mais frequência do que em outros debates que ocorreram depois de ser alvo
de atentado em Juiz de Fora (MG). Todos fizeram referências às eleitoras, em
alusão clara às manifestações do “Ele Não”, organizadas pelas mulheres contra o
candidato do PSL.
O capitão
da reserva foi criticado numa dobradinha entre Henrique Meirelles (MDB) e Ciro
Gomes (PDT). Depois, Marina Silva (Rede) associou Bolsonaro a Haddad, e disse
que ambos representam projetos autoritários. Haddad foi criticado por Marina e
Ciro pela proposta de “criar condições” para convocar uma Assembleia
Constituinte, que consta em seu programa de governo.
Marina
fez sua crítica após ser questionada por Ciro sobre a desconfiança levantada
por Bolsonaro em relação às eleições . O candidato do PSL declarou, semana
passada, que só uma fraude impediria sua vitória nas urnas. — Temos
que enfrentar dois projetos autoritários: aqueles com saudosismo da ditadura, e
aqueles que fraudaram a eleição de 2014, como foi o caso da Dilma e do Temer
pelo uso da corrupção. O Brasil não precisa ficar entre a espada da corrupção e
a cruz do autoritarismo — disse Marina.
A
candidata da Rede citou ainda as propostas do PT de controle da mídia e de
convocação de uma Assembleia Constituinte: — Isso
também é um risco à democracia.
No
terceiro bloco, foi a vez de Ciro Gomes questionar Haddad sobre a proposta de
uma Constituinte. Ciro disse que era preciso que o adversário fosse claro sobre
o assunto porque o presidente da República “não tem esse poder”. Haddad
recorreu ao ex-presidente Lula. — Na
verdade, a nossa Constituição tem mais de 100 emendas. O presidente Lula era
candidato até pouco tempo atrás. Ele imagina uma situação em que nós poderíamos
criar as condições para que nós pudéssemos, no futuro, não agora, ter uma
constituição mais moderna. Mais enxuta, com princípios e valores bem
constituídos. Reequilibrar os poderes da República.
Deu-se
então um embate: — Você
não acredita numa única palavra do que acabou de dizer. Não existe assembleia
constituinte convocada pelo presidente da República. E o mais grave: você e eu
sabemos bem, e a sociedade brasileira precisa saber, que as constituições
nasceram para frear a prepotência dos poderosos. Eu quero seguir a democracia
porque é meu compromisso de vida, como eu sei que é o seu. Essas palavras foram
postas na sua boca. Porque infelizmente é uma vingança que você está
encarregado de fazer. O general Mourão propôs a mesma coisa.
— Não tem
nada a ver. Nossa proposta não prevê conselho de notáveis — disse Haddad.
O
pedetista voltou a se apresentar como uma opção para romper a polarização entre
Bolsonaro e o PT: — A
política brasileira está chafurdando no ódio, e isso atingiu seu apogeu agora.
Peço que o povo reflita sobre isso, para que a gente possa unir o Brasil.
O mesmo
fez Geraldo Alckmin (PSDB), que a todo momento fazia referências ao PT e ao
candidato do PSL :
— Nem o
radicalismo do PT, nem o do Bolsonaro. Eles não.
VOSTOK
2018
Em um dos
momentos de descontração no terceiro bloco, Cabo Daciolo arrancou aplausos da
plateia ao se empolgar numa pergunta a Ciro Gomes e deixar para os últimos
segundos o tema que gostaria de abordar - o volume de recursos no fundo
eleitoral. Na tréplica, Daciolo foi além: disse que o Brasil precisa de
"patriotismo" e "civismo" e pediu que os telespectadores
pesquisassem sobre o "evento Vostok 2018". Tratam-se de manobras
militares realizadas pela Rússia em seu extremo oriente, no meio de setembro,
com participação de militares da China e da Mongólia. O treinamento, que
envolveu quase 300 mil militares, foi o maior das últimas três décadas no país.
- Tem um
perigo iminente. Pode chamar o Daciolo de louco, mas vai aí no Google e
pesquisa o evento 'Vostok 2018'. Rússia e China fazendo articulação de guerra
contra os EUA, uma guerra comercial, porque o PIB mundial chegou a um teto, não
cresce mais. Nós vamos defender a nação brasileira.