Segundo a polícia, José considerou desumana a situação das pessoas que estão há três dias sem comida no local e por isso, tentou levar mantimentos
O ex-deputado José Edmar foi levado para a 5ª Delegacia de Polícia (Área Central), nesta sexta-feira (3/6), após ser autuado por desobediência. Durante a carreira como parlamentar, ele sempre esteve envolvido com questões fundiárias, sendo um dos maiores incentivadores de invasões como a Estrutural e o Itapuã. Edmar tentou levar caixas com mantimentos, como água e sardinha, para os invasores do Torre Palace Hotel, no Eixo Monumental. Segundo a polícia, José considerou desumana a situação das pessoas que estão há três dias sem comida no local e por isso, tentou levar alimentos.
A operação para a retirada de pelo menos 12 pessoas que se recusam a deixar o hotel, entra no terceiro dia, causando mais transtornos no coração da capital do país. O plano das forças de segurança era retirá-las na quarta-feira, quando o trabalho de higienização do prédio em escombros se transformou em uma ação de reintegração de posse, com 550 agentes do governo mobilizados em dois dias.
Operação Grilo
José Edmar sempre teve o nome ligado às questões de terra no Distrito Federal. Ele liderou muitas invasões de áreas públicas. Duas delas, acabaram se transformando em regiões administrativas: Estrutural e Itapoã. Essa liderança lhe renderam milhares de votos e dezenas de processos judiciais.
À época filiado ao PR-DF, Edmar assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados em 2008, na vaga de Augusto Carvalho (PPS-DF), que deixou o cargo para assumir a Secretaria de Saúde do DF. Edmar já havia sido preso pela Polícia Federal. Em 2003, ele e mais oito pessoas foram detidas durante a Operação Grilo por parcelamento ilegal de solo e formação de quadrilha.
Nessa operação, os acusados foram indiciados por grilagem de terras, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, formação de quadrilha e ameaça a testemunhas. De acordo com a PF, o bando liderado por Edmar era um dos principais grupos criminosos investigados pela Missão Especial de Combate à Grilagem de Terras no Distrito Federal.
Contudo, à época, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou ilegal a prisão preventiva de José Edmar. Atualmente, e entre outras, Edmar responde a uma ação penal no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) por posse irregular de arma de fogo. Esse processo foi aberto em março de 2007. Edmar também responde a uma ação penal por injúria e a uma ação indenizatória, movida pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap).
José Edmar, 46 anos, é teólogo e líder comunitário de Taguatinga. O parlamentar exerceu quatro mandatos na Câmara Legislativa. Sua vida pública teve início com a liderança por moradia para a população carente nos anos 1970. Na Câmara Distrital, ele se destacou com propostas ligadas à habitação. Hoje sem mandato, ele sonha retornar à política, trabalhando no gabinete de um antigo cabo eleitoral, o distrital Lira (PHS).
Fonte: Correio Braziliense