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segunda-feira, 15 de maio de 2017

Economia brasileira volta ao terreno positivo e avança 1,12% no primeiro trimestre, segundo Banco Central

Alta no IBC-Br após mais de dois anos de quedas

Após a pior recessão da História, a economia brasileira começa a dar sinais de que o pior já foi superado. Nas contas do Banco Central, o país cresceu 1,12% no primeiro trimestre deste ano: número influenciado pelo bom desempenho da agricultura. Apesar da surpresa positiva, os dados do IBC-Br- o índice construído pela autoridade monetária que tenta simular o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) - não convenceram os economistas de que o Brasil entrou de vez na rota de crescimento vigoroso. 
 Eles esperam a aprovação da reforma da previdência e a definição do cenário político do ano que vem. Enquanto isso, continuam preocupados com os dados do fim do trimestre, que mostraram que a economia ainda derrapa. No mês de março, o IBC-Br ficou negativo em 0,4%, o que indica que a recuperação da economia não é um processo linear. 
No entanto, o resultado foi bem melhor que a queda de 1% estimada pelos analistas.

Mesmo sem continuar a ter resultados positivos, os dados foram encarados como o encerramento do pior ciclo econômico do país. Desde o segundo trimestre de 2015, o Brasil estava em recessão.  “Os dados nos dão confiança de que após uma recessão de 11 trimestres, a economia atingiu um ponto de inflexão durante o primeiro trimestre”, disse o economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos.

Para o economista da Canepa Investimentos Carlos Macedo, lembra que a surpresa do IBC-Br não é tão relevante para uma melhora considerável das expectativas. — É uma alteração bem modesta num ambiente de incerteza — argumentou o analista que ponderou a necessidade da aprovação da reforma e também a definição do ambiente político do ano que vem
— A confiança ainda está num nível muito baixo.


Macedo questionou a capacidade de o IBC-Br de ser um indicador que antecipa o comportamento do PIB. Ressaltou que o Banco Central não ajustou a série com das mudanças metodológicas feitas pelo IBGE e que isso interfere na conta.  — A mudança metodológica não foi atualizada. O IBC-BR perdeu a capacidade de previsão — frisou o economista que diz esperar a divulgação do PIB da FGV, na quarta-feira, para analisar melhor os dados.

Ao todo, o mercado financeiro aposta em uma alta de 0,5% do PIB neste ano. Essas previsões podem mudar ao sabor dos próximos indicadores. Por enquanto, o dado do BC reflete os números mais atuais. Na conta mais recente, a produção industrial, por exemplo, registrou um crescimento de 0,6% no primeiro trimestre deste ano, segundo o IBGE. Foi o primeiro resultado positivo em três anos. 

Já o comércio brasileiro fechou o primeiro trimestre com alta de 3,3% no volume de vendas. Houve um melhora generalizada em vários segmentos. Apenas o setor de serviços não mostrou recuperação. Ficou estável em relação ao último trimestre do ano passado. — O IBC-Br é uma falsa boa notícia. Todos os outros indicadores dão conta de uma desaceleração. O ritmo é muito baixo — avisou André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual.

Ele é bem mais pessimista em relação aos colegas do mercado financeiro. Enquanto vários economistas apostam em mais de 1% de crescimento no primeiro trimestre, ele espera 0,8%. Para o ano, sua perspectiva é de quase estabilidade. Espera uma alta de apenas 0,1% do PIB.

IBC-Br
O IBC-Br foi criado pelo BC para ser uma referência do comportamento da atividade econômica que sirva para orientar a política de controle da inflação pelo Comitê de Política Monetária (Copom), uma vez que o dado oficial do Produto Interno Bruto (PIB) é divulgado pelo IBGE com defasagem em torno de três meses.


Tanto o IBC-Br quanto o PIB são indicadores que medem a atividade econômica, mas têm diferenças na metodologia.
O indicador do BC leva em conta trajetória de variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (indústria, agropecuária e serviços). Já o PIB é calculado pelo IBGE a partir da soma dos bens e serviços produzidos na economia. Pelo lado da produção, considera-se a agropecuária, a indústria, os serviços, além dos impostos. Já pelo lado da demanda, são computados dados do consumo das famílias, consumo do governo e investimentos, além de exportações e importações.

Fonte: O Globo