‘Não pagaremos um centavo’, diz Damares sobre anistia a Paulo Okamotto

'Acho que o episódio demonstra a imparcialidade da atuação', registra a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos

Por Robson Bonin

Depois de o Radar revelar o despacho de Damares Alves para declarar Paulo Okamotto anistiado político, a ministra avisou que o governo não pagará “um centavo” ao petista. Ela também diz que a portaria em favor de Okamotto mostra a “imparcialidade” de sua atuação.
“Acho que o episódio demonstra a imparcialidade da atuação. E mais: cumprimos uma mera formalidade. Não pagaremos um centavo a este senhor”, escreveu a ministra.

O presidente da Comissão de Anistia também correu para explicar o ato. “Requerimento foi analisado pelo colegiado da #ComissãodeAnistia de 2009, época de Lula e Paulo Abrão, quando já haviam sido gastos R$ 2,6 bi em indenizações. A portaria apenas declara Okamotto anistiado, sem o pagamento de nenhum real de reparação econômica”, registrou.

Anistiado em 2009, com pedido de desculpas do Estado, o amigo de Lula pediu indenização, que Damares, agora, negou

Por Evandro Éboli

Presidente do Instituto Lula, o ex-dirigente sindical Paulo Okamotto reagiu às declarações da ministra Damares Alves, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que concedeu a ele a condição de anistiado político mas não atendeu seu pedido de indenização por perseguição política. O caso foi revelado pelo Radar.
E Damares o fez com requintes.
“Não pagaremos um centavo a este senhor”, postou a ministra ontem em suas redes.
Okamotto, depois de contar ao Radar sua história de perseguição, reagiu ao governo de Jair Bolsonaro.
“Não quero o reconhecimento de anistiado desse governo. Um governo que nega a existência da ditadura e tudo que cometeu”, disse Okamotto.

O amigo de Lula, assim como seu líder, foi dirigente sindical. Foi da direção do Sindicato de Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP). Entrou em 1981 e dois anos depois houve uma intervenção no sindicato e ele foi cassado, com direitos políticos suspensos.  Em 2003, no governo de Lula, Okamotto entrou com pedido de anistiado político. Não reivindicou indenização financeira. Somente pediu para ser anistiado. Sete anos depois, em 2009, a comissão aprovou seu pedido. Durante a sessão, houve um pedido de desculpas oficiais do Estado pela perseguição, comum nesses julgamentos.

Mas naquele ano ele decidiu entrar com recursos pedindo reparação econômica.
“Já estava aposentado e refleti que, pela perseguição que sofri, era merecedor”, disse.
Mas nesses dez anos a comissão não julgou. E, agora, Damares vem e decide manter apenas a condição de anistiado. Nem mesmo pode usar o tempo de perseguição como contagem para tempo de serviço.

“Fui anistiado duas vezes. Não estou tirando nada de ninguém, apenas pedi o que acho de direito”.

Radar - Coluna em Veja