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segunda-feira, 18 de março de 2019

Derrubem o STF 1: Um ministro teria flertado com ataque físico ao tribunal



A Lava Jato quer muito mais do que o controle de R$ 2,5 bilhões oriundos do caixa da Petrobras. Quer o poder. Já o detém em parte. O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Força Tarefa, que conta com muitos porta-vozes na imprensa, enxerga uma pedra no meio do caminho para ser a última palavra em matéria de investigação e direito: o STF — ou, ao menos, os ministros que não dizem "amém" àquilo que ele determina. Neste domingo, o ataque ao tribunal ultrapassou a linha da divergência ou da contestação. Em sua coluna no jornal O Globo, o jornalista Bernardo Mello Franco publica uma espécie de exortação à depredação do Supremo caso este não vote de acordo com a pretensão de alguns grupos de pressão. Lá está escrito: "De um ministro que ficou vencido na quinta-feira, quando a Corte despachou para a Justiça Eleitoral processos contra políticos acusados de caixa dois e corrupção: 'Se depois disso a gente ainda derrubar a prisão em segunda instância, vão depredar o prédio do Supremo.

E eu sou capaz de sair para jogar pedra também'". Dallagnol não teve dúvida. No Twitter, reproduziu, em tom de assentimento, a espantosa irresponsabilidade que vai no jornal, especialmente porque sem autoria. Em nota enviada ao Globo, Dias Toffoli, presidente da Casa, repudiou a ameaça e nega que um dos ministros seja o autor de tamanha estupidez. Já chego lá. Antes, algumas  considerações. A imprensa é hoje um dos principais alvos do poder de turno e de seus esbirros. Vejam o caso de Olavo de Carvalho, aquele senhor que se diz "filósofo e professor". Segundo diz, jornalistas são consumidores de drogas interessados em depor Jair Bolsonaro. Mas nem os fascistoides de plantão sugeriram, até agora, depredar veículos de comunicação. Aliás, note-se que o MBL (Movimento Brasil Livre) nasceu, segundo seus integrantes, como reação a grupos de esquerda que tentaram invadir a Editora Abril em novembro de 2014, inconformados com uma reportagem publicada pela "Veja".
A propósito: é aceitável que alguém ameace depredar o prédio do Globo caso o jornal publique alguma coisa que não seja do seu agrado? 
Faz sentido dar curso a uma espécie de exortação anônima dessa natureza, cuja origem seria um ministro do Supremo?  
Chegamos, então, a esse ponto? As ameaças ao tribunal se multiplicam nas redes sociais, vão muito além do direito à liberdade de expressão, e algumas incitam a agressão física aos ministros.

A se dar crédito ao que escreve o jornalista, o membro da Corte que se dispõe a atirar pedras no próprio tribunal é um dos que foram vencidos no caso do não fatiamento dos processos que envolvem crime eleitoral, a saber: Carmen Lúcia, Edson Fachin, Luiz Fux, Rosa Weber e Roberto Barroso. Não estamos diante de uma opinião polêmica vazada em off. A coisa é mais séria. Se o jornalista não mentiu em coisa de tamanha gravidade, um desses cinco está flertando com o ataque criminoso ao tribunal, endossando as ameaças que estão em curso e ainda se dispondo a jogar a sua própria pedra. Que cada um deles emita a sua própria nota de repúdio, ora bolas! Ou todos permanecerão como suspeitos. Caso o tribunal venha a ser atacado, tornam-se corresponsáveis morais pelo crime. É simples. Depois de ter dado curso à ameaça e percebido que, mais uma vez, ultrapassou a linha, Dallagnol voltou ao Twitter para escrever: "As instituições democráticas devem ser respeitadas. 

Contudo, podem ser criticadas mesmo duramente. Liberdade de expressão é igualmente importante p/ democracia. A manifestação do ministro é evidentemente uma metáfora do seu descontentamento com os rumos que a Corte está seguindo".

Dallagnol é ruim em direito e também em linguagem. Não sabe o que é metáfora. Essa figura de linguagem consiste em se empregar uma palavra em lugar de outra em razão de uma contiguidade de sentido que há entre elas. A propósito: tanto "depredar" quer dizer "depredar" que o suposto ministro fala, em seguida, em pegar a sua própria "pedra" para atacar o tribunal. Em sendo metáfora, vai adiante, então, numa construção alegórica que aponta para a destruição do STF. Eis o ponto: tal ministro, então, mesmo na hipótese metafórica, se oferece para ajudar a pôr abaixo a sede do Poder Judiciário. A propósito: caso você se desentenda com alguém, leitor, ameace quebrar a cara do oponente. Se ele acusar violência, diga tratar-se de uma metáfora. Explique que você apenas estava querendo dizer que iria contraditá-lo com muita firmeza.

 

CONTINUE LENDO: Derrubem o STF 2: Quem defende ataque? Fux?Cármen? Rosa? Fachin? Barroso?