Sou contra
fake news. Quando recebo alguma, advirto quem remeteu. Mas não deixa de
ser curioso observar que distorções, ocultações, factoides e fake
analysis tenham espaço liberado nos grandes grupos de comunicação e não
suscitem qualquer preocupação em plena campanha eleitoral. Ao mesmo
tempo, as espadas da justiça e as tesouras da censura se exibem afiadas e
ameaçadoras para quem conteste “verdades” estatizadas.
Afinal, o que
foi o tal “vazamento de sigilo”, que tanto espaço ocupou, tanta matéria
proporcionou a ministros do STF, sempre tagarelas quando se trata de
afrontar o presidente da República? [público e notório que o tal "vazamento de sigilo" não ocorreu - o delegado que conduzia o inquérito afirmou que a 'live' do presidente Bolsonaro ocorreu em um dia e só no dia seguinte o sigilo foi decretado; por óbvio cabe às autoridades que afirmam ter havido o vazamento provar que o delegado mente.]
O que foi a pressão sobre uma
suposta exigência de atestado de vacinação de Bolsonaro? [o adjetivo 'suposta' inserido na pergunta deixa dúvidas se ocorreu a exigência do atestado de vacinação - cabendo lembrar que só em 2022 é que o presidente Bolsonaro decidiu não atender determinações monocráticas de alguns ministros do STF.]
O que foi a
inteira CPI da Covid, se não um festival de factoides? [um amontoado de mentiras, deduções falsas,acusações ridículas e que vão resultar em nada - o Tribunal Internacional de Haia rejeitou na apresentação, sem perder tempo com análises.]
O que foi o
“escândalo” da Covaxin? [esqueceram que não ocorreu a compra que poderia gerar beneficios motivadores de uma hipotética prevaricação.]
O que foram as 195 ADPFs com que a oposição fez
política usando o STF? [ação de partidecos SEM votos, SEM noção, SEM programa de governo, SEM representatividade SEM valia nenhuma - e o comentário sobre o atestado de vacinação, mostra que a decisão do presidente reduziu, nos parece que acabou,com a mania de governar via APDFs.]
O que fez o ministro Fachin ao afirmar que o
Brasil vive um populismo autoritário? [difícil de entender algumas afirmações de ministro Fachin - afinal foi ele que enquanto o ministro Barroso tenta passar a imagem da inviolabilidade das urnas eletrônicas e tornar CRIME HEDIONDO o ato de pensar que podem ser violadas, Fachin declara em entrevista que hackers podem estar atacando a Justiça Eleitoral. Pode???]
Quantos outros já saíram da
memória, gerados ao longo de três anos?
Um
amigo me socorre nesta pauta lembrando a reunião do governo ocorrida no
dia 22 de abril de 2020. Presentes, Bolsonaro, o general Mourão, o
ministro Moro e a equipe do governo. No dizer de Sérgio Moro, o evento
teria motivado seu pedido de demissão em aberto antagonismo ao governo.
A saída de
Moro foi uma bomba e a notícia de que a reunião estava gravada em vídeo,
outra. Com aquela curiosidade que vai ao buraco da fechadura, a mídia
entrou em delírio. Todos queriam assistir o vídeo, periciado pela PF e
guardado sob sigilo determinado pelo STF. O ex-ministro da Justiça
assegurava que o vídeo fazia prova da má intenção do presidente em
relação à PF. A mídia militante enlouquecia de curiosidade e a oposição
colhia apoios para o pedido de impeachment de Bolsonaro.
A situação
rolou durante um mês inteiro até Celso de Mello resolver que a “peça”
deveria ser exibida na íntegra. Enfim! Ao liberar a exibição, o ministro
ainda botou mais lenha no fogo. Alegou o interesse do material para um
eventual processo de impeachment no Congresso e lembrou o precedente da
Suprema Corte dos EUA no Caso Watergate durante o governo Nixon. Só
essas justificativas já eram condimento suficiente para a voracidade da
plateia nacional. Afinal, a República iria cair, como costumam dizer os
irresponsáveis.
O vídeo
rodou, então, ante os olhos da pátria em vigília! E o factoide se
dissolveu no ar. O que restou para a cozinha das redações, que esperava
servir filé mignon no noticiário, foi desfiar carne de pescoço.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de
dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+.