Pensar, opinar, escrever, falar, atributos inerentes à vida civilizada,
se vão tornando atividades de risco, como escalar penhascos, fazer
trilha em geleiras, descer cachoeiras, caçar cobras.
Com estonteante
rapidez, a sempre fugidia verdade foi sequestrada, estatizada, ganhou
versões oficiais e foram cancelados os entendimentos divergentes.
Criou-se um novo conceito de Ciência, em que algo que tenha recebido
essa designação não pode ser discutido. Einstein era bem menos
peremptório.
A título de
exemplo, menciono a confiabilidade de urnas eletrônicas, engenhocas que
não permitem a impressão e conferência do voto pelo eleitor.
Ou, o que
talvez seja mais grave, a presunção de que apontar evidentes desvios de
conduta no STF e no Congresso Nacional é criar animosidade contra as
instituições da democracia.
A ser assim, há que se perguntar a razão
pela qual apenas a instituição presidência da República está ao
desabrigo dessas invejáveis prerrogativas.
Que discurso fajuto é esse
que serve apenas a dois dos três poderes de Estado?
Li na Gazeta do Povo de 25 do último mês de setembro: “No
recém-lançado Programa de Combate à Desinformação (PCD), que será
conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para combater conteúdos
que, na visão do Tribunal, possam ser enquadrados como "desinformação e
narrativas odiosas" direcionadas à Corte, o Supremo informou que uma das
medidas será a aproximação do Comitê Gestor às agências de checagem. De
acordo com a Resolução 742, que institui o PCD, esses veículos são
responsáveis por “buscar solucionar o problema da desinformação e dos
discursos de ódio”.
Há algum
motivo para que tais agências, postas a serviço da cúpula do Poder
Judiciário nacional, não ampliem o garrote já aplicado à liberdade de
opinião? Elas nasceram desacreditadas por seu estrabismo ideológico e
político, perfeitamente identificável na bênção concedida a
“narrativas”, chavões e rótulos que não passam de lixo retórico
esquerdista.
Muito do que
vejo acontecer me traz à mente a famosa Comissão da Verdade, espécie de
oráculo polifônico, a sete vozes, criado pela ex-presidente Dilma para
carimbar uma “narrativa” sobre mocinhos e bandidos nos governos
militares. Muito me bati contra aquela iniciativa que atribuía tal
tarefa a um pequeno colegiado, como se repete agora a propósito de temas
polêmicos do momento.
A prova cabal
de seu facciosismo se evidencia no fato de jamais haverem exposto a
absurda fake news que responsabiliza o presidente da República pela
morte de 600 mil pessoas... [a argúcia do ilustre articulista, traz o pensamento se este modesto escriba ao transcrever uma matéria sobre as 600 mil mortes atribuídas à Bolsonaro, por um equívoco, digitasse em vez do nome Bolsonaro, o nome Barroso, Pacheco, Fux, com certeza seria preso e condenado a jamais ver a luz do sol - óbvio, sem julgamento ou sentença, apenas a título de prisão preventiva, por atentado à democracia, à Constituição ou ao 'estado democrático de direito'.
Mas, quando a fake news das 600 mil mortes é praticada pelo Calheiros, Aziz, Rodrigues, Humberto Costa (codinome drácula) ou pela mídia militante e atribui aquelas mortes do presidente Bolsonaro NADA OCORRE. A fake news assume o status de 'verdade dos fatos.]
Para o STF, porém, estão credenciadas a uma
parceria com o poder na nobre tarefa de rotular ciência, consagrar
verdades e tornar sacrílego o ato de as contradizer.
Caramba! Este país cansa, mas amanhã é outro dia!
Percival
Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de
dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+.