Governo Dilma 'pedalou' R$ 2,7 bi em tarifas bancárias
Caixa e BB não receberam por prestação de serviço em programas como Bolsa Família e Minha Casa
Dilma não pagou R$ 2,7 bi de tarifas bancárias a bancos públicos
A equipe econômica incluiu na meta fiscal de 2016 o pagamento de R$ 8,8
bilhões em “pedaladas” de anos anteriores. Integrantes do governo
afirmaram ao GLOBO que esses gastos são, na verdade, despesas que foram
jogadas para frente na gestão da presidente afastada Dilma Rousseff. Do
total de R$ 8,8 bilhões, R$ 2,7 bilhões se referem a tarifas bancárias
que a União deixou de pagar para a Caixa (R$ 1,7 bilhão) e o Banco do
Brasil (R$ 1 bilhão) pela prestação de serviços. Esses valores foram
identificados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), mas não entraram
na primeira conta das “pedaladas clássicas” por não terem sido
considerados operações de crédito.
PARA TÉCNICO, ATRASOS SÃO ‘PEDALADAS’
Processo aberto no TCU — que investiga a repetição das “pedaladas fiscais” em 2015 — analisa a falta de pagamento, por parte do governo federal, das tarifas devidas à Caixa e ao Banco do Brasil. Essas taxas devem ser pagas para que os bancos prestem serviços de operacionalização de programas como Bolsa Família, Programa de Aceleração do Crescimento (PACo), Minha Casa Minha Vida e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e outros.
Auditores do TCU enviaram ofício à Caixa questionando como o banco contabilizou esse crédito a receber; qual é o saldo exato por devedor, mês a mês, desde 2013; e a que programas de governo se referem as dívidas. Somente a dívida com a Caixa ultrapassaria R$ 2,4 bilhões. Ao longo das investigações, o banco informou que havia saldo a receber de R$ 196,5 milhões pela execução do PIS/FAT, R$ 208,4 milhões referentes ao seguro-desemprego e R$ 644,2 milhões referentes à operacionalização do Bolsa Família. O cálculo levou em conta junho de 2015. O processo está na fase de análise técnica.
Em setembro de 2015, O GLOBO mostrou que a Caixa chegou a acionar a União na Justiça para receber R$ 274,4 milhões em tarifas não pagas pelos ministérios das Cidades e da Agricultura. Outra reportagem, de abril, mostrou que o governo Dilma Rousseff decidiu manter em sigilo a composição da dívida de União e estados com a Caixa por tarifas de programas de governo.
Além das tarifas, o governo vai pagar, em 2016, R$ 3 bilhões a organismos internacionais, R$ 2,5 bilhões em obras atrasadas do PACo e R$ 580 milhões em despesas de custeio do Ministério das Relações Exteriores. Técnicos contam que, em diversas ocasiões, o governo pagou o valor mínimo devido a organismos internacionais para que a presidente Dilma pudesse fazer as viagens sem constrangimentos. — Tudo isso se configura como “pedalada”. Pode não ser a clássica, mas foram atrasos. O governo jogou despesas para frente — disse um integrante da área econômica.
Fonte: O Globo