Plano Piloto, Ceilândia e Taguatinga concentram patrimônio e atraem bandidos interessados em celulares, aparelhos de som e estepes. Veículos estacionados em hospitais, shoppings e universidades, além de pedestres, são os mais visados por ladrões, muitos deles armados
Na padaria ou na conversa entre vizinhos, um tema ganhou destaque nas
últimas semanas: a sensação de aumento da criminalidade na capital
federal. Casos em que bandidos abusam da violência ou que causam
prejuízos se tornaram rotina. Os sete estacionamentos do Hospital
Universitário de Brasília (HUB), na 604/605 Norte, são visados pelos
assaltantes desde janeiro. Na última quinta-feira, nove carros foram
arrombados. O comércio amarga 1,8 mil roubos. Estudantes da Universidade
de Brasília (UnB), na Asa Norte, assistem às aulas amedrontados. Em
Ceilândia, moradores organizam um protesto.
A servidora pública Ana Dourado teve as quadro rodas do carro furtadas
no estacionamento do Hospital Universitário de Brasília (HUB): revolta
[enquanto isso a Defensoria Pública do DF, se preocupa com as más acomodações dos bandidos que estão presos e quer que o GDF seja multado para cuidar melhor dos bandidos]
Apesar
de as estatísticas da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social
mostrarem uma estabilização dos crimes, a sensação de insegurança é
constante. O Executivo local registrou, de janeiro a outubro, 31.129
ocorrências de roubo a pedestre. Número 3,3% menor em relação ao mesmo
período do ano passado, quando houve 32.205. O comércio sofreu em 2016
com 2,3 mil assaltos, 22,5% a mais do que neste ano.
A servidora pública Ana Dourado, 44 anos, teve quatro rodas do
carro furtadas à luz do dia no estacionamento do HUB. “Saí para ver o
ocorrido e ainda perguntei a um dos vigilantes: ‘Quem foi o da vez?’.
Era eu. Tinha acabado de comprar o carro”, lamenta. Ela registrou
ocorrência e relatou o caso à direção do hospital. O HUB lançou um
informativo para os 2,5 mil funcionários, alertando os riscos.
Os
estacionamentos mais perigosos do hospital são os da administração e
dos centros de oncologia e de odontologia. O Sindicato dos Trabalhadores
de Empresas Públicas de Serviços Hospitalares (Sindserh) atribui os
casos à demissão de 36 dos 100 vigilantes da instituição. O HUB não
descarta a compra de câmeras e garante ter pedido mais policiamento no
local. Contudo, o hospital destaca que os vigias fazem apenas a
segurança patrimonial.
A
sensação de vulnerabilidade se espalha também pelo comércio de
Taguatinga. Lá, um salão, uma lanchonete, uma serralheria e uma ótica
foram arrombados em uma semana. O endereço do medo fica próximo à
administração regional, no centro da cidade. A manicure Maria das Dores
da Silva, 30, viveu momentos de aflição. Ela estava sozinha quando dois
homens, um deles com uma faca, anunciaram o assalto. “Eles pediram o
aparelho e entreguei imediatamente. Depois, eles tentaram me levar para
os fundos da loja. A partir daí, eu comecei a gritar e os dois saíram
correndo”, lembra.
Indignação
Em
Ceilândia, a situação chegou ao ponto de um grupo de moradores do P Sul
organizarem uma carreata contra a criminalidade. A ação ocorre amanhã,
às 9h, com partida da Feira Permanente, seguindo até a 23ª Delegacia de
Polícia. Lá, arrastões em paradas de ônibus viraram rotina. Os casos
ocorrem com mais frequência nas QNPs 12, 14, 16 e 30, segundo a Polícia
Militar. “Queremos dar um basta a essa onda de violência. Estamos
cansados de ouvir todos os dias que alguém teve o celular roubado, a
casa invadida, entre outros casos”, comenta Taíza Ayala, moradora da QNP
12 e uma das organizadoras do protesto.
A
comunidade se juntou em outros momentos para reclamar contra a
violência. Há menos de um mês, mais de mil assinaturas foram coletadas e
encaminhadas para a PM. “Cobramos pelo menos uma ronda mais intensa.
Anteriormente, tínhamos três postos policiais no P Sul. Mesmo sem os
militares saírem da base, passava-se uma sensação de segurança. Depois
da desativação, a criminalidade cresceu”, reclama o prefeito comunitário
do P Sul, Anderson Faeda.
O brasiliense também
cobra mais rondas ostensivas. Contudo, um levantamento da corporação
mostra que 39,3% das vagas de praças combatentes, ou seja, servidores
que trabalham diretamente no patrulhamento da cidade, estão vagos. Até
agosto, 10.055 homens faziam o serviço, quando o ideal seriam 16.552 —
deficit de 6,4 mil policiais.
Diante das
queixas, a Polícia Militar garante que intensificará o número de
operações em áreas como o Setor Comercial Sul e próximas a bancos e
shoppings. No último mês, houve reforço no número de policiais em
Samambaia e Ceilândia, onde houve uma grande incidência de furtos a
pedestres nas paradas de ônibus. “Em todo fim de ano, a criminalidade
sobe. As pessoas ficam mais distraídas, e a circulação de dinheiro
aumenta”, explica o porta-voz da PM, major Michello Bueno.
Em alerta
Veja dicas de segurança para evitar assaltos
Roubo a pedestre
- Não exponha objetos de valor, como celular, joias e relógios, na rua
- Procure não sacar grande quantia de dinheiro em bancos, sempre retirando apenas o suficiente
- Evite andar em locais escuros
- Não passe perto de grupos que estejam parados em locais suspeitos
Roubo de veículos
- Entre e saia do veículo rapidamente
- Cuidado para não se distrair dentro do automóvel
- Caso veja alguém por perto quando estiver procurando uma vaga, dê mais uma volta
- Não pare em locais sem iluminação