[imagine que os chamados deputados, representantes do povo, ganham mais de R$30.000,00 para produzirem leis inconstitucionais e situações ridículas do tipo da aqui narrada.]
Em uma Casa marcada por escândalos de corrupção envolvendo alguns dos seus integrantes, distritais se recusaram a receber as chaves da sala que tem número associado aos homoafetivos. Outro, o 20, abrigou dois dos três deputados cassados
Novos e antigos deputados distritais criaram uma polêmica
envolvendo o gabinete número 24, durante a distribuição das dependências
da Câmara Legislativa do Distrito Federal. O sorteio das salas ocorreu
em 4 de dezembro. Naquele dia, a reunião começou com chacota. Aos
colegas, Hermeto (PHS), na reserva da Polícia Militar, sugeriu que
nenhum parlamentar gostaria de ocupar o gabinete 24.
(...)
"Jogo do bicho
No
Jogo do Bicho, bolsa ilegal de apostas criada pelo barão João Batista
Viana Drummond em 1892, o veado representava o número 24.
Acredita-se que, por isso, o algoritmo seja associado à homossexualidade."
Acredita-se que, por isso, o algoritmo seja associado à homossexualidade."
Houve,
no entanto, outras peculiaridades ao longo da reunião. Distrital mais
votado da legislatura, 29,4 mil sufrágios, Martins Machado (PRB) não
participou do sorteio. Pediu diretamente aos pares para herdar o
gabinete número 10 do correligionário Julio Cesar, eleito deputado
federal. A sala está com o PRB, ligado à Igreja Universal do Reino de
Deus, desde 2011, quando Evandro Garla iniciou o mandato.
Os demais deputados seguiram à risca as regras descritas em
Portaria assinada pelo ex-presidente do Legislativo local Joe Valle
(PDT) — o texto indica que todos os espaços são mobiliados e equipados
no mesmo padrão. Tiveram preferência para a escolha os distritais
reeleitos. Ou seja, permaneceram nos locais que ocuparam ao longo dos
últimos quatro anos Agaciel Maia (PR), Chico Vigilante (PT), Claudio
Abrantes (PDT), Delmasso (PRB), Reginaldo Veras (PDT), Rafael Prudente
(MDB), Robério Negreiros (PSDB) e Telma Rufino (Pros). Por
ter necessidades especiais, Iolando (PSC) optou pelo gabinete em
seguida — ele perdeu o movimento do braço direito em um acidente de
moto. Mulheres recém-eleitas, Arlete Sampaio (PT) e Júlia Lucy (Novo)
integraram o terceiro grupo a decidir. Os deputados remanescentes
participaram do sorteio.
Na
data da escolha de gabinetes, Telma Rufino era reconhecida como
deputada eleita. Com o direito de permanecer no gabinete original, ficou
no gabinete 8. Dias depois, entretanto, o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) reformou decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que havia
negado o registro a Jaqueline Silva (PTB). Pela configuração de votos,
houve uma dança das cadeiras: a petebista conquistou o mandato e Telma
ficou de fora dos quadros da Câmara Legislativa.
Conforme
a lógica, Jaqueline ficaria na sala antes ocupada por Telma. A
estreante, porém, se recusou a ocupar o espaço e conseguiu trocá-lo com o
então distrital Fernando Fernandes (Pros), garantindo vaga no gabinete
número 3. Pouco tempo depois, o deputado assumiu a Administração
Regional de Ceilândia, a convite do governador Ibaneis Rocha (MDB).
Assim, Telma assumiu a cadeira dele como suplente. De última hora,
Jaqueline tentou trocar novamente de sala, para evitar o mesmo andar da
colega, mas não teve sucesso.
Além
de todas as polêmicas, brinca-se, nos bastidores da Casa, que Eduardo
Pedrosa (PTC) ganhou um gabinete mal-assombrado: o número 20. A sala
acomodou dois dos três deputados cassados na história da Câmara
Legislativa — Eurides Brito (MDB) e Raad Massouh.
(...)
No caso de Massouh, a cassação
ocorreu em 2013, com 18 votos favoráveis. À época, ele era acusado de
desviar recursos públicos de uma emenda parlamentar liberada em 2010.
Anos depois, entretanto, a Justiça o absolveu das denúncias. O
ex-distrital pediu o restabelecimento de seus direitos políticos.