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quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

A polêmica do gabinete 24 toma conta da Câmara Legislativa

[imagine que os chamados deputados, representantes do povo, ganham mais de R$30.000,00 para produzirem leis inconstitucionais e situações ridículas do tipo da aqui narrada.]

Em uma Casa marcada por escândalos de corrupção envolvendo alguns dos seus integrantes, distritais se recusaram a receber as chaves da sala que tem número associado aos homoafetivos. Outro, o 20, abrigou dois dos três deputados cassados

Novos e antigos deputados distritais criaram uma polêmica envolvendo o gabinete número 24, durante a distribuição das dependências da Câmara Legislativa do Distrito Federal. O sorteio das salas ocorreu em 4 de dezembro. Naquele dia, a reunião começou com chacota. Aos colegas, Hermeto (PHS), na reserva da Polícia Militar, sugeriu que nenhum parlamentar gostaria de ocupar o gabinete 24
 
(...) 
 
"Jogo do bicho
No Jogo do Bicho, bolsa ilegal de apostas criada pelo barão João Batista Viana Drummond em 1892, o veado representava o número 24.  
Acredita-se que, por isso, o algoritmo seja associado à homossexualidade."

Houve, no entanto, outras peculiaridades ao longo da reunião. Distrital mais votado da legislatura, 29,4 mil sufrágios, Martins Machado (PRB) não participou do sorteio. Pediu diretamente aos pares para herdar o gabinete número 10 do correligionário Julio Cesar, eleito deputado federal. A sala está com o PRB, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, desde 2011, quando Evandro Garla iniciou o mandato.
 
Os demais deputados seguiram à risca as regras descritas em Portaria assinada pelo ex-presidente do Legislativo local Joe Valle (PDT) — o texto indica que todos os espaços são mobiliados e equipados no mesmo padrão. Tiveram preferência para a escolha os distritais reeleitos. Ou seja, permaneceram nos locais que ocuparam ao longo dos últimos quatro anos Agaciel Maia (PR), Chico Vigilante (PT), Claudio Abrantes (PDT), Delmasso (PRB), Reginaldo Veras (PDT), Rafael Prudente (MDB), Robério Negreiros (PSDB) e Telma Rufino (Pros). Por ter necessidades especiais, Iolando (PSC) optou pelo gabinete em seguida — ele perdeu o movimento do braço direito em um acidente de moto. Mulheres recém-eleitas, Arlete Sampaio (PT) e Júlia Lucy (Novo) integraram o terceiro grupo a decidir. Os deputados remanescentes participaram do sorteio.

Reviravolta
Na data da escolha de gabinetes, Telma Rufino era reconhecida como deputada eleita. Com o direito de permanecer no gabinete original, ficou no gabinete 8. Dias depois, entretanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reformou decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que havia negado o registro a Jaqueline Silva (PTB). Pela configuração de votos, houve uma dança das cadeiras: a petebista conquistou o mandato e Telma ficou de fora dos quadros da Câmara Legislativa.

Conforme a lógica, Jaqueline ficaria na sala antes ocupada por Telma. A estreante, porém, se recusou a ocupar o espaço e conseguiu trocá-lo com o então distrital Fernando Fernandes (Pros), garantindo vaga no gabinete número 3. Pouco tempo depois, o deputado assumiu a Administração Regional de Ceilândia, a convite do governador Ibaneis Rocha (MDB). Assim, Telma assumiu a cadeira dele como suplente. De última hora, Jaqueline tentou trocar novamente de sala, para evitar o mesmo andar da colega, mas não teve sucesso.

Assombração
Além de todas as polêmicas, brinca-se, nos bastidores da Casa, que Eduardo Pedrosa (PTC) ganhou um gabinete mal-assombrado: o número 20. A sala acomodou dois dos três deputados cassados na história da Câmara Legislativa — Eurides Brito (MDB) e Raad Massouh.
 
(...)

No caso de Massouh, a cassação ocorreu em 2013, com 18 votos favoráveis. À época, ele era acusado de desviar recursos públicos de uma emenda parlamentar liberada em 2010. Anos depois, entretanto, a Justiça o absolveu das denúncias. O ex-distrital pediu o restabelecimento de seus direitos políticos.

Correio Braziliense

 

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