Os
que manifestaram pela continuidade do governo são, no entanto, contrários às
medidas do... governo!!!
A atual política brasileira é filha da paranoia e da esquizofrenia. É paranoica porque a força
política ainda dominante no establishment vê, ou finge ver, inimigos em todos
os cantos, hostilizando mesmo aqueles que se dedicam à simples advertência
sobre seus desmandos. Mas essa política é, sobretudo, esquizofrênica. E isso explica
por que não há saída para a presidente
Dilma Rousseff. Ela vai cair.
Vocês notaram? Os que a querem fora da
cadeira - e eu
quero!– foram às ruas no domingo
passado, dia 16, contra a roubalheira,
contra a incompetência, contra o mundo "petralha", vocábulo
já dicionarizado, que criei no ano 2000, ainda
antes de o PT chegar à Presidência. A minha referência era o que eu sabia
que o partido já andava fazendo em municípios e Estados. Celso Daniel, por exemplo, foi assassinado em janeiro de 2002 e estava no quinto ano de sua volta à Prefeitura de Santo
André. Os petralhas – petistas que
aderiam à ética dos Irmãos Metralha – diziam roubar os cofres
públicos para nos salvar. Eu me nego a
ser salvo por bandidos.
Pois é... Embora muitas pessoas tenham dito para si mesmas e
para os outros, no domingo passado, que não podem ser obrigadas a arcar com o custo da
irresponsabilidade petista, a quase todos era
claro que o ajuste fiscal é necessário; que
ele é a correção fatal das bobagens feitas pelo petismo. Vale dizer: não batemos panela,
bumbo ou boca contra o ajuste fiscal. Mas contra Lula, o boneco inflado, e
contra Dilma, a Lírica da Mandioca, que não sabe cortar gastos nem fazer... ajuste fiscal!
Quem grita contra o
que faz sentido no governo é Guilherme Boulos, o coxinha predileto das tias –"Que menino opinioso!!!". Quem
faz isso é João Pedro Stedile, o sem-terra a quem a enxada provocaria um
choque anafilático. Mobilizar-se contra a
correção necessária dos desmandos do Estado hipertrofiado é coisa de mamadores
oficiais; de gente que depende dele para alimentar as suas taras de classe,
ainda que tomadas de empréstimo, como no caso dessa dupla. Ou por
outra: quem quer Dilma fora da
cadeira presidencial defende a única coisa que pode fazer algum sentido em
Dilma. Os que a querem onde está a
consideram uma vira-casaca, mas ela ainda é a melhor garantia do Estado-babá,
que vai mantê-los alimentados com o leite de pata estatal. E aí está a esquizofrenia.
Os muitos milhares que
foram às ruas no domingo não reconhecem na presidente as condições políticas
e morais para continuar no comando do país, embora saibam que ela já caiu do cavalo na estrada de Damasco e
descobriu a iluminação do óbvio. Os
que, na quinta (20), mamando em alguma sinecura oficial, manifestaram pela continuidade do governo são,
no entanto, contrários às medidas do... governo!!!
A ironia macabra
desses dias é mais ou menos esta: os que já não podem
conviver com Dilma apoiam boa parte das medidas adotadas por... Dilma! Os que esgoelam "Fica Dilma" não aceitam as escolhas necessárias de...
Dilma!
Os ligeiros logo
decretarão um empate de enganos e desenganos entre os que, de um lado e de outro, não saberiam
onde pôr o seu desejo. Errado! Não há empate
nenhum! Nós, os antiesquerdistas,
vencemos. Não queremos nada pra nós. Nem sinecura nem
caraminguás. Só lutamos pelo triunfo da matemática. Os outros apenas imploram para viver, vencidos
pela evolução da espécie.
Fonte: Folha de São Paulo