Indonésia executa brasileiro condenado por tráfico
de drogas, diz jornal
Encontro
de familiares precedeu fuzilamento de oito pessoas; filipina foi poupada
O
brasileiro Rodrigo Gularte foi executado na tarde desta terça-feira (madrugada na Indonésia), segundo o
jornal Jakarta Post. Além dele, outros
sete condenados por tráfico de drogas presos no país foram fuzilados.
Gularte é o segundo cidadão brasileiro a ser executado no país este ano. Também
foi fuzilado Marco Archer, em janeiro, condenado igualmente por tráfico de
drogas.
Dos nove que seriam mortos nesta terça-feira, apenas a filipina Mary Jane Fiesta Veloso
foi poupada depois que uma suposta traficante se
entregou à polícia e disse que havia recrutado a condenada para transportar a droga. [a filipina aceitou o recrutamento porque quis; o correto seria manter
a sentença e executar a filipina e levar a julgamento a suposta traficante, merecedora
da mesma pena. Joko Widodo pisou na bola.]
Presa em 2006, a filipina é mãe
de dois filhos. A única mulher do grupo afirmou em defesa que foi enganada
por uma agência de recrutamento, após chegar à Indonésia para trabalhar
como empregada doméstica. Segundo Mary Jane, de 30 anos, um amigo que integrava
uma associação criminosa foi quem colocou os 2,6kg de heroína achados no forro
de sua bolsa. Segundo
o protocolo de execução, é dado aos prisioneiros a opção de ficar de pé, ajoelhar-se ou sentar-se diante do
pelotão de fuzilamento. Nas
execuções realizadas no país, as mãos e pés dos condenados são amarrados e doze atiradores miram no
coração de cada prisioneiro, mas apenas três das armas têm
munição de verdade. As autoridades dizem que isso é para que o carrasco não
seja identificado.
A prisão de segurança máxima da
ilha, situada
ao largo da costa de Java, teve reforço na proteção nesta terça-feira. Mais
cedo, conselheiros religiosos, médicos e o pelotão de
fuzilamento foram alertados para iniciar os preparativos finais para a execução,
e uma dúzia de ambulâncias, algumas carregando caixões cobertos de cetim
branco, chegaram ao local. Conselheiro espiritual de Rodrigo Gularte, o pastor
Romu Carolus foi ao presídio para tentar confortar o brasileiro.
Nove condenados por tráficos de
drogas na Indonésia,
incluindo o brasileiro Rodrigo Gularte e a filipina, que teve sua execução
suspensa, tiveram
encontros de despedida emocionados com suas famílias em uma prisão nesta
terça-feira, depois que o governo indonésio já havia rejeitado todos os apelos
de clemência de várias partes do mundo.
Pela
manhã, a prima de Rodrigo Gularte, Angelita Muxfeldt disse à TV Globo que
ele não sabia que poderia ser executado a qualquer momento. Parentes foram
autorizados a falar com os condenados horas antes do fuzilamento. Perguntada
sobre como Rodrigo estava, ela respondeu: —
Ele está calmo. Está bem tranquilo — disse ela ao "Bom
Dia Brasil", da TV Globo,
indicando não havia comentado nada sobre a proximidade da execução com Rodrigo:
— Não, não (falei sobre o que
aconteceria) — repetiu, abalada.
Emocionada
também estava a mãe de um australiano que ficou diante de um pelotão de
fuzilamento, num
grupo do qual fazem também outro australiano e prisioneiros da Nigéria,
Filipinas e Indonésia. — Eu não vou vê-lo
novamente — disse Raji Sukumaran. —
Eles vão levá-lo à meia-noite e matá-lo. Estou pedindo ao governo que não o
mate. Por favor, não o mate hoje — disse ela a jornalistas, chorando
enquanto falava.
Centenas
de pessoas começaram a se reunir em cidades em toda a Austrália para vigílias
por Myuran Sukumaran e Andrew Chan, segurando cartazes e pedindo que a
Austrália dê uma forte resposta ao país vizinho se a Indonésia levasse adiante
as execuções. As penas de morte foram condenadas pela Organização das Nações
Unidas (ONU) e abalaram os laços da Indonésia com o Brasil e a Austrália. Em
meio a cenas caóticas fora da cadeia,
um membro de uma das famílias australianas desmaiou e foi levado pela multidão.
—
Eu hoje vivi algo pelo qual nenhuma outra família deveria ter que passar. Nove
famílias dentro de uma prisão dizendo adeus a seus entes queridos — disse o
irmão de Chan, Michael. — É uma tortura.
Fonte: O Globo