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terça-feira, 28 de abril de 2015

Brasileiro e mais sete traficantes condenados à morte são executados na Indonésia. Restam 130 no corredor da morte, o que garante novas e didáticas execuções



Indonésia executa brasileiro condenado por tráfico de drogas, diz jornal
Encontro de familiares precedeu fuzilamento de oito pessoas; filipina foi poupada
O brasileiro Rodrigo Gularte foi executado na tarde desta terça-feira (madrugada na Indonésia), segundo o jornal Jakarta Post. Além dele, outros sete condenados por tráfico de drogas presos no país foram fuzilados. Gularte é o segundo cidadão brasileiro a ser executado no país este ano. Também foi fuzilado Marco Archer, em janeiro, condenado igualmente por tráfico de drogas. 

Dos nove que seriam mortos nesta terça-feira, apenas a filipina Mary Jane Fiesta Veloso foi poupada depois que uma suposta traficante se entregou à polícia e disse que havia recrutado a condenada para transportar a droga. [a filipina aceitou o recrutamento porque quis; o correto seria manter a sentença e executar a filipina e levar a julgamento a suposta traficante, merecedora da mesma pena. Joko Widodo pisou na bola.]

Presa em 2006, a filipina é mãe de dois filhos. A única mulher do grupo afirmou em defesa que foi enganada por uma agência de recrutamento, após chegar à Indonésia para trabalhar como empregada doméstica. Segundo Mary Jane, de 30 anos, um amigo que integrava uma associação criminosa foi quem colocou os 2,6kg de heroína achados no forro de sua bolsa. Segundo o protocolo de execução, é dado aos prisioneiros a opção de ficar de pé, ajoelhar-se ou sentar-se diante do pelotão de fuzilamento. Nas execuções realizadas no país, as mãos e pés dos condenados são amarrados e doze atiradores miram no coração de cada prisioneiro, mas apenas três das armas têm munição de verdade. As autoridades dizem que isso é para que o carrasco não seja identificado.

A prisão de segurança máxima da ilha, situada ao largo da costa de Java, teve reforço na proteção nesta terça-feira. Mais cedo, conselheiros religiosos, médicos e o pelotão de fuzilamento foram alertados para iniciar os preparativos finais para a execução, e uma dúzia de ambulâncias, algumas carregando caixões cobertos de cetim branco, chegaram ao local. Conselheiro espiritual de Rodrigo Gularte, o pastor Romu Carolus foi ao presídio para tentar confortar o brasileiro. 

Nove condenados por tráficos de drogas na Indonésia, incluindo o brasileiro Rodrigo Gularte e a filipina, que teve sua execução suspensa, tiveram encontros de despedida emocionados com suas famílias em uma prisão nesta terça-feira, depois que o governo indonésio já havia rejeitado todos os apelos de clemência de várias partes do mundo.
Pela manhã, a prima de Rodrigo Gularte,  Angelita Muxfeldt disse à TV Globo que ele não sabia que poderia ser executado a qualquer momento. Parentes foram autorizados a falar com os condenados horas antes do fuzilamento. Perguntada sobre como Rodrigo estava, ela respondeu: — Ele está calmo. Está bem tranquilo — disse ela ao "Bom Dia Brasil", da TV Globo, indicando não havia comentado nada sobre a proximidade da execução com Rodrigo: — Não, não (falei sobre o que aconteceria) — repetiu, abalada.

Emocionada também estava a mãe de um australiano que ficou diante de um pelotão de fuzilamento, num grupo do qual fazem também outro australiano e prisioneiros da Nigéria, Filipinas e Indonésia. — Eu não vou vê-lo novamente — disse Raji Sukumaran. — Eles vão levá-lo à meia-noite e matá-lo. Estou pedindo ao governo que não o mate. Por favor, não o mate hoje — disse ela a jornalistas, chorando enquanto falava.

Centenas de pessoas começaram a se reunir em cidades em toda a Austrália para vigílias por Myuran Sukumaran e Andrew Chan, segurando cartazes e pedindo que a Austrália dê uma forte resposta ao país vizinho se a Indonésia levasse adiante as execuções. As penas de morte foram condenadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e abalaram os laços da Indonésia com o Brasil e a Austrália. Em meio a cenas caóticas fora da cadeia, um membro de uma das famílias australianas desmaiou e foi levado pela multidão.  — Eu hoje vivi algo pelo qual nenhuma outra família deveria ter que passar. Nove famílias dentro de uma prisão dizendo adeus a seus entes queridos — disse o irmão de Chan, Michael. — É uma tortura.

Fonte: O Globo