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domingo, 17 de dezembro de 2023

Sérgio Moro, o fracasso do sucesso - Percival Puggina

        De súbito, percebo que Sérgio Moro deixou de ser assunto para mim. Há tempos não vejo motivos para escrever sobre ele. 
Por excesso de contradições, perdeu relevância. 
E se ainda chama alguma atenção, é pelo resíduo de notoriedade que lhe restou dos tempos de juiz. 
Certamente ninguém sente saudades dele como ministro da Justiça ou como liderança política, nem admira seu desempenho como senador.
 
Sei, porém, que devo à Lava Jato alguns dos melhores momentos de minha vida como cidadão
Quando ela se tornou pública, a nação vinha sendo atacada por males que a agrediam de modo articulado e simultâneo. 
Corrupção, esquerdismo, Foro de São Paulo, corporativismo, patrimonialismo, falta de patriotismo, burrice crônica, estatismo e instituições políticas mal concebidas eram os agressores internos; guerra cultural, degradação moral e globalismo, os agressores importados. 
A Lava Jato serviu ao combate de alguns desses males porque o combate exitoso à corrupção criou motivação política para propagação dos ideários conservador e liberal.
 
Não tenho como não agradecer a Sérgio Moro seu trabalho como juiz. Suas atividades no campo da política, no entanto, só serviram para que ele, com total inaptidão e inabilidade, fosse o melhor colaborador de seus inimigos. Fez do próprio sucesso uma sucessão de fracassos.  
Como ministro, foi um obstáculo às políticas pretendidas por Bolsonaro e vitoriosas na campanha eleitoral de 2018 sobre armas e segurança pública
Saiu do governo atacando o presidente e sonhando com o Palácio do Planalto.
 
Se havia um projeto político encalhado, morto e sepultado no período anterior ao pleito de 2022 era o dele como terceira via! [sempre convém lembrar que foram algumas atitudes erradas do ex-ministro, fundadas em sua inconveniente ambição a voos maiores na política, que fortaleceram um dos maiores inimigos do presidente Bolsonaro - não pode ser olvidado que o então presidente vacilou ao não dar o 'murro' na mesma naquele momento.] Numa eleição polarizada entre Bolsonaro e Lula (ou alguém pelo PT) terceiros nomes só se poderiam viabilizar para chegar ao segundo turno se subtraíssem muitos votos (mas muitos mesmo!) dos dois que representavam o antagonismo real existente no país. 
E Sérgio Moro, como juiz, havia desagradado profundamente a esquerda; como ministro, rompera com a direita.  
Onde poderia ele buscar eleitores para desbancar os dois candidatos que já entravam no pleito tendo, cada um, mais de 50 milhões de votos garantidos? Terceira via em 2022 era uma verdadeira maluquice de quem desconhecia política ou não se levava a sério, ou não sabia fazer contas. Nove candidatos concorreram com essa pretensão e a soma dos votos de todos não chegou a 10 milhões.
 
Não vou analisar os fatos recentes porque os considero irrelevantes. Valioso, isto sim, é convidá-lo, leitor, a pensar sobre a política como expressão do amor ao próximo que requer aprendizado e se expressa no espírito de serviço. 
E, por outro lado, o quanto é lesiva aos bons propósitos dos eleitores a confusão entre notoriedade e competência
Não faz diferença se a pessoa famosa é astronauta ou goleador, juiz ou pastor.

Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


sábado, 9 de setembro de 2023

A perseguição religiosa chegou de vez ao Brasil - Gazeta do Povo

Vozes - Crônicas de um Estado laico
 

Intolerância

Casal que não gostou de música com teor religioso insultou e depois agrediu motorista de aplicativo em Minas Gerais.| Foto: Melonemond/Pixabay

Já falamos aqui que o laicismo não tem nada a ver com o Estado laico e se caracteriza por um movimento de expurgo da religião do espaço público, limitando-a à residência dos fiéis e a suas igrejas. 
 Por outro lado, o Estado laico se caracteriza pela separação entre o Estado e o fenômeno religioso, garantindo liberdade de atuação de cada um, em suas respectivas esferas de competência, permitindo que os fiéis vivam sua vida, no público e no privado, de acordo com as suas crenças. 
A laicidade possui variações, desde a norte-americana, que se caracteriza pelo wall of separation between church and State, até a colaborativa, na qual este “muro” não existe, possibilitando a colaboração do Estado com a igreja e vice-versa, um reflexo da ideia tomista e escolástica de que a fé e a razão devem andar juntas.
 
No Estado laico as pessoas não são laicas; a maioria delas tem uma fé e a exerce em casa, na igreja e no espaço público, ou seja, onde quer que elas estejam. O Estado tem uma postura neutra de não interferir e nem se relacionar com a religião, como nos EUA. 
Em outras situações, o Estado tem uma conduta cooperativa, de auxiliar a igreja, sobretudo a principal, como acontece na laicidade italiana por meio do Acordo de Villa Madama, com a Igreja Católica.  
Temos, ainda, o Estado que é colaborativo com o fenômeno religioso e possui uma atitude benevolente e positiva com todas as fés, colaborando com elas em prol do interesse público – é o caso brasileiro, como diz o artigo 19, I da Constituição.
 
Em nenhum desses exemplos há uma conduta negativa do Estado para com a religião. Essa conduta é típica de países laicistas, que bebem da fonte francesa, onde religiosos perdiam suas cabeças e freiras eram estupradas por não concordarem com o regime da fraternidade francesa do século 18 e a imposição de sua religião positivista. 
O Brasil, como já dito, não é laicista; basta olhar para sua bandeira e ver nela a Cruz de Cristo; temos os feriados religiosos, nomes de estados e cidades em homenagens a santos, referências religiosas na heráldica das maiores cidades brasileiras e por aí vai. 
 Entretanto, existe um movimento cada vez maior de pessoas laicistas no Brasil. Pensam elas: “Já que a história do Brasil, os símbolos nacionais, a Constituição, o ordenamento jurídico e tudo o mais têm uma atitude simpática com a religião, especialmente o cristianismo, e já que infelizmente existem liberdade religiosa e Estado laico colaborativo por aqui, serei eu o laicista; vamos censurar algum padre ou pastor, fechar alguma igreja, e processá-los todos nem sei pelo quê!”

    No Estado laico as pessoas não são laicas; a maioria delas tem uma fé e a exerce em casa, na igreja e no espaço público, ou seja, onde quer que elas estejam

Esse pensamento se popularizou não só entre indivíduos, mas também entre grupos ativistas. O caso mais recente é de uma motorista de aplicativo de caronas, de 27 anos, que foi vítima de agressão verbal e física durante uma viagem entre um bairro de Belo Horizonte e Contagem (MG), de acordo com informações divulgadas pelo portal R7. 
Os agressores, um jovem de 25 anos e uma mulher de 22 anos, teriam iniciado o ataque após questionar a religião da motorista e proferir xingamentos devido à música que tocava no rádio do veículo. A motorista solicitou que o casal desembarcasse do carro em frente à Unidade de Pronto-Atendimento JK, na cidade de Contagem, mas os passageiros, em vez de seguir a solicitação da motorista, teriam iniciado a agressão física. 
Um espectador tentou intervir para proteger a vítima e impedir a continuação da agressão. 
A Guarda Civil Municipal de Contagem, que estava posicionada nas proximidades da unidade de saúde, foi alertada pelos gritos de socorro e testemunhou o crime, corroborando a versão apresentada pela motorista.

Eis uma aplicação do pensamento laicista francês: “você não pode escutar essas músicas religiosas em um transporte público, mesmo que o carro seja seu; e, já que você insiste, vou descer-lhe a porrada”.

Uma reflexão sobre o caso
A agressão, em qualquer uma de suas formas, seja ela física, psicológica ou verbal, é algo profundamente lamentável e merece ser condenada veementemente. 
O caso envolvendo a motorista de aplicativo em Minas Gerais, insultada devido à música religiosa que estava ouvindo e, depois, agredida fisicamente, lança um alerta preocupante sobre os crescentes casos de intolerância na sociedade. Intolerância que se manifesta pelo pensamento segundo o qual, “já que o Estado tem uma postura positiva com a religião, vamos nós persegui-la”.
 
A intolerância, antes restrita a xingamentos e manifestações nas redes sociais, parece estar ganhando espaço na forma de violência física no cotidiano das pessoas. 
O fato de um casal de passageiros ter insultado a motorista por sua escolha musical é inaceitável, ainda mais quando a música está ligada à crença de quem a está ouvindo e que, ainda por cima, é o proprietário do carro. 
O desdobramento dessa situação, que culminou na necessidade de a motorista pedir que os agressores deixassem o veículo, seguido de agressão física, torna o caso ainda mais grave.

    Quando a intolerância atinge o ponto de agressão física devido a diferenças religiosas ou à escolha de uma religião específica, temos um claro ataque aos valores democráticos e à coexistência pacífica na sociedade

Este incidente ressalta a importância da liberdade religiosa e da tolerância em uma sociedade pluralista. A liberdade religiosa é um princípio fundamental em sociedades democráticas, que garante a todos o direito de praticarem sua religião ou crença, no público ou no privado; não se limita apenas à liberdade de culto, mas também engloba a liberdade de expressão e manifestação de suas crenças.
Portanto, é crucial que todos os cidadãos compreendam e respeitem a diversidade religiosa e cultural que enriquece nossas comunidades, podendo evidentemente discordar com relação a dogmas, práticas e liturgias, mas sem suprimir o direito do outro, muito menos agredi-lo. A disseminação do que é conhecido como “marxismo cultural”, que expande a luta de classes a diversas outras formas de divisão, está começando a mostrar seus efeitos mais alarmantes, minando a coesão social e prejudicando a convivência harmoniosa entre os indivíduos, fragmentando totalmente a sociedade.

Expressamos nossa solidariedade à motorista de aplicativo e desejamos sua recuperação emocional e física. Esperamos que as medidas legais adequadas sejam tomadas para responsabilizar civil e criminalmente os agressores, de acordo com as evidências apresentadas no devido processo legal. Mais do que nunca, é essencial que a sociedade reafirme seu compromisso com a liberdade religiosa, garantindo que todos possam viver em paz, independentemente de suas crenças.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Thiago Rafael Vieira, colunista - Gazeta do Povo -
Crônicas de um Estado laico

 

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Podemos rir numa ditadura? - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

A cada dia que passa acordamos com notícias do avanço da ditadura instalada no Brasil. 
Hoje a PF prendeu um pastor e uma cantora gospel pelo "crime" de convocar gente para uma manifestação usando a Bíblia e "seus direitos". Como o simples ato de se manifestar está sendo confundido com invasões golpistas, sem qualquer individualização da pena, então convocar para um protesto garantido por lei já vira o novo crime em si. Estranho...
 
Aí temos o hacker da Vaza Jato na CPMI dos "atos golpistas"
O responsável por entregar material a petistas que serviram para soltar Lula da cadeia afirma que Bolsonaro participou de reuniões e fez promessas indecorosas. 
A esquerda trata a afirmação de um criminoso como prova do crime em si, pois contra bolsonaristas não é mais preciso ter evidência alguma, e delação não é tortura.
 
Está puxado! O Brasil cansa. Esse era o meu bordão de antes. Preciso atualizar isso para "O Brasil deprime"
E, diante da depressão que bate quando acompanhamos as notícias no país, ainda mais sendo alvo da ditadura instalada, o que fazer? 
Em uma live minha da semana passada lancei mão do sarcasmo. 
Falei por mais de uma hora só com ironias, brincando que "o amor venceu", que eles xingam, agridem, perseguem, destroem as instituições, mas tudo com muito amor.

O feedback que recebi foi, em geral, muito bom. A turma gostou do meu desempenho como comediante. Mas um amigo de luta pela liberdade não gostou, e me enviou uma mensagem crítica. Como brincar quando essa corja acaba com o que restou de nossas liberdades e nossa democracia? Eis o que ele escreveu em seu Twitter também: - Conservadores sendo censurados, perseguidos e até presos, e ainda fazendo piadinha chamando essa ditadura comunista de governo "do amor". É tipo os prisioneiros dos gulags fazendo piada com o Stálin. Parem de se render à linguagem do inimigo. Precisamos chamá-los do que eles são.

Ele tem um ponto. Será que faziam piadas durante o avanço comunista nos países que viraram ditaduras totalitárias? 
]Faziam sim, pois é muitas vezes a única válvula de escape para aguentar o rojão. 
E também porque pode ser a única saída para não ser enquadrado em novos crimes - se bem que os ditadores brasileiros já miram em humoristas também.  
O humor sempre foi um instrumento poderoso, e por isso todo "combatente da democracia" demonstra um perfil sisudo e carregado.

Confesso não ter opinião formada aqui. Entendo que fazer uso de ironias num momento em que prendem sem qualquer crime, usam censura, congelam contas bancárias do nada e cancelam passaportes de jornalistas só por perguntas incômodas, pode parecer algo estranho, como rir na beira de um vulcão já em erupção.

Ao mesmo tempo, não descarto a possibilidade de, com ironia, expor ainda mais o ridículo da mensagem de quem se coloca como protetor da democracia ao destruí-la ao lado de bajuladores de tiranos. Talvez haja espaço para as duas estratégias, dependendo do perfil - ou do dia.

É preciso falar sério sim: essa turma está tentando transformar o Brasil na nova Venezuela, e não há qualquer graça nisso. 
Mas não vou condenar quem, desesperado com a realidade, apela para o humor, para suportar melhor essa situação surreal. Tenho lugar de fala: sou alvo deles e estou pagando um preço alto por defender a liberdade - de forma séria e também com ironias.

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo

 


terça-feira, 4 de julho de 2023

Pastor que sugeriu morte de gays abre nova guerra entre direita e esquerda

Flávio Dino, Gleisi Hoffmann e Fabiano Contarato pedem punição de André Valadão por fala em culto; 

Flávio Bolsonaro e Feliciano veem perseguição religiosa

A polêmica – para dizer o mínimo – fala do pastor André Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha, durante um culto em Orlando (EUA), na qual sugere a morte de pessoas LGBT+, detonou uma nova guerra entre direita e esquerda na política brasileira. [Opinião de um leigo  no juridiquês, e católico
- o fato ocorreu na Flórida, EUA, e certamente pelas leis locais não é crime; ao que sabemos quando é solicitada àquele país a extradição de um brasileiro ela só é concedida pelos norte-americanos se o fato pelo qual o brasileiro foi condenado,  seja considerado, pelas leis de lá, crime. Caso contrário sem extradição. Por analogia, não tem sentido o Brasil condenar alguém por ter praticado,  em solo estrangeiro, um ato que pelas leis locais NÃO É CRIME; e, 
- salvo engano nosso, no Brasil, quando certos comentários são  proferidos no interior de uma igreja durante cerimônia religiosa não constituem crime.]

Durante a pregação religiosa no domingo, 2, Valadão falou sobre “recomeçar do zero” a sociedade em relação às pessoas LGBT+. “Aí Deus fala ‘se eu pudesse, matava tudo e começava tudo de novo, mas já prometi para mim mesmo que não posso, então agora está com vocês'”, declarou o pastor na cerimônia transmitida pelas redes sociais.

Vários parlamentares de esquerda foram à tribuna do Congresso e ao Ministério Público Federal denunciar o líder religioso. “Por tudo que sou, pelo que acredito, pela minha família e por tudo que espero para a sociedade, não posso me calar diante do crime praticado por André Valadão. Vamos representar criminalmente para que ele responda por manipular a fé e incitar a violência”, diz o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato, que é gay. Na representação que fez ao MPF, ele pede a prisão de Valadão. “Pastor bolsonarista Andre Valadão tem que ser punido por incitar o ódio e ataques contra a comunidade LGBTQIA+. Não dá pra normalizar esse absurdo. Mentiu sobre Lula fechar igrejas nas eleições e continua praticando crimes. Não pode usar o nome de Deus para pregar a violência”, postou a deputada Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT [agora uma a toa, ops... atéia, quer dar palpites em assuntos de religião? Finge esquecer que o comunismo é  intimamente ligado ao demônio.].

“O suposto cristão que propaga ódio contra pessoas, por vil preconceito, tem no mínimo dois problemas.  Primeiro, com Jesus Cristo, que pregou amor, respeito, não violência contra pessoas. ‘Amar ao próximo como a si mesmo’, disse Jesus. Segundo, com as leis, e responderá por isso”, anunciou o ministro da Justiça, Flávio Dino.

Outros parlamentares, como a deputada Erika Hilton, primeira mulher trans eleita para a Câmara dos Deputados, também foram ao MPF denunciar o pastor.

Defesa
Do outro lado do espectro ideológico veio a defesa de Valadão. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), disse nesta terça-feira, 4, que o que está acontecendo é perseguição religiosa. 
 “Aos que estavam duvidando… a perseguição chegou dentro das igrejas, é o início do fim do resto que ainda tínhamos de liberdade religiosa”, disse, ecoando uma pregação que a direita fazia na campanha contra Lula.

O pastor e deputado Marco Feliciano (PL-SP) foi à tribuna da Câmara para dizer que Valadão é “um homem íntegro, um homem de família”, que “tem sido atacado covardemente pela extrema imprensa, que insiste em distorcer as falas, separam palavras” para “destruir a imagem e a reputação das pessoas”.

Criticou deputados de esquerda que atacaram Valadão, inclusive o pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), a quem chamou de “canalha”. Tentou, ainda, mostrar que Valadão citava um trecho bíblico relativo ao dilúvio e atacour qualquer outro tipo de união que não seja entre homem e mulher. “Não tem como as pessoas transigirem nesses assuntos”. E mandou um aviso a quem quer enquadrar Valadão. “Não se pode meter em assuntos de igreja”, disse.

Na segunda-feira, André Valadão, que está em Orlando, na Flórida, gravou um vídeo reagindo à polêmica e também disse ter sido mal interpretado. “Nunca será sobre matar pessoas, Deus nos livre deste terrível pecado”, declarou o pastor em vídeo publicado nas redes sociais, em que também se diz vítima de censura e “constrangimento”.

Blog Maquiavel - Revista VEJA


segunda-feira, 12 de junho de 2023

O polêmico conselho de Marco Feliciano a Deltan Dallagnol

“Irão dilapidar seu patrimônio”, ameaça pastor e deputado federal a colega

Em maio o ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos) foi cassado pelo TSE por unanimidade. Os ministros da Corte Eleitoral entenderam que Dallagnol violou a Lei da Ficha Limpa ao renunciar ao cargo de procurador para se candidatar como forma de contornar processos disciplinares pendentes contra ele. Agora, seu até então colega de Câmara, o pastor Marco Feliciano (PL), veio a público expor um conselho – no mínimo polêmico – que daria a Dallagnol.

“Pela manhã assisti um vídeo do meu irmão em Cristo Deltan Dallagnol, confesso, fiquei sensibilizado. Se meu irmão me pedisse um conselho, eu daria esse: ‘busque asilo político em um país onde a democracia seja plena’. Você tem documentos de sobra pra justificar o pedido! Já tomaram seu mandato, irão dilapidar seu patrimônio. Atacarão sua honra e sabe-se Deus mais o que irão fazer! Há um processo de vingança em andamento. E logo depois de você, serão outros”.


 


Gente - Revista VEJA


domingo, 11 de junho de 2023

A nova guilhotina a serviço do PSOL: CPMI dos atos de 8 de janeiro - Gazeta do Povo

Vozes - Crônicas de um Estado laico

Thiago Rafael Vieira

Em matéria publicada em 15 de março, o portal UOL informou que evangélicos presos no 8/1 disseram à Polícia Federal que foram mobilizados por igrejas. De acordo com a reportagem do UOL, pelo menos em 5 dos milhares de depoimentos aos quais a matéria teve acesso, relataram o envolvimento de igrejas na mobilização de viagem à Brasília.

Em um dos depoimentos, uma moradora de Sinop (MT), teria afirmado à PF que viajou em uma "excursão da Igreja Presbiteriana Renovada". Outro acusado afirmou ter viajado em um "ônibus financiado por igreja evangélica". Em nota ao UOL, a referida igreja rechaçou as afirmações: “A igreja Presbiteriana Renovada é uma igreja séria que não fez ou faz nenhum tipo de investimento que não seja baseado em sua conduta missionária e eclesiástica, portanto não existe a possibilidade de financiamento em qualquer movimento fora de suas atribuições. Não temos conhecimento de quem são os dois citados, nem tampouco qualquer envolvimento com financiamento de excursão para Brasília. Nem a igreja e nem o corpo de pastores têm qualquer envolvimento com os atos citados ao 8 de janeiro.”

Note-se que, no segundo caso, o acusado sequer menciona o nome da igreja que teria supostamente financiado sua viagem, mas a reportagem faz a conexão com a igreja citada, pelo simples fato de ser da mesma cidade da primeira acusada, Sinop (MT).

Em outro depoimento, um acusado de Maceió (AL) citou o nome de um pastor da Igreja Batista, como um dos financiadores de sua viagem. Procurado, o pastor disse que “viajou com o depoente para Brasília” e que "cooperou" durante a viagem porque ele estava com pouco dinheiro, mas que não houve relação da igreja com essas despesas”.

Por fim, uma moradora de Xinguara (PA) relatou “ser frequentadora da Assembleia de Deus e que integrantes da denominação religiosa participaram da caravana na qual ela viajou a Brasília, mas não deu detalhes sobre o responsável pelo financiamento”.

Ora, é impossível negar que no acampamento em frente ao QG do Exército em Brasília havia um sem número de pessoas evangélicas. Não era incomum ver no local, idosos com bíblias e fazendo orações. 
Tal situação é corroborada pelas fotos juntadas às denúncias genéricas feitas pela PGR, que constatam a existência no local, por exemplo, de tendas de oração e são públicas, podendo ser acessadas no site do STF, inquéritos 4921 e 4922.

Entretanto, com a ocorrência dos atentados de 08 de janeiro, busca-se agora criminalizar as condutas das pessoas religiosas que lá estavam e, de certa forma, dando a entender que esse seria um modus operandi dos religiosos ou de grande parte deles.

Passados quase quatro meses do ocorrido, no dia 26 de abril leu-se o requerimento de instalação da CPMI, que tem como objetivo “investigar os atos de ação e omissão ocorridos em 8 de janeiro de 2023, nas Sedes dos Três Poderes da República, em Brasília”, apesar de todos os esforços contrários do governo federal e de sua base no Congresso Nacional.

    Com a ocorrência dos atentados de 08 de janeiro, busca-se agora criminalizar as condutas das pessoas religiosas que lá estavam

Ressalta-se que nenhum parlamentar do PSOL assinou o citado requerimento, entretanto, o partido tem assento na comissão e iniciou os trabalhos não buscando investigar as violações de direitos humanos das pessoas presas ou o péssimo tratamento dispensado a elas nos presídios, pautas recorrentes na sigla. Mas, segundo o site Poder360, “os deputados Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) e Erika Hilton (Psol-SP) apresentaram 6 requerimentos relacionados ao suposto financiamento por igrejas evangélicas de participantes dos atos do 8 de janeiro”.

O modus operandi do “Partido Socialismo e Liberdade” na comissão já fora antecipado pelo próprio Henrique Vieira na primeira sessão da CPMI ocorrida no último dia 25 de maio. Segundo o deputado, ter-se-ia que investigar “a participação de grupos fundamentalistas religiosos” nos atos de 08 de janeiro.

A fala foi prontamente rechaçada pelo Deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que afirmou que a esquerda “consegue se superar” ao “eleger um pastor para perseguir outros pastores”.

Sobre o tema, a jurista Jana Paschoal manifestou-se nas redes sociais: “Espero que os parlamentares de esquerda não incidam no erro de criminalizar religiões”. E prossegue: “O fato de uma Igreja enviar fiéis para uma manifestação, a princípio pacífica, não constitui crime”. Todavia, malgrado o posicionamento coerente da ex-deputada, não há provas da organização institucionalizada de caravanas de igrejas para os atos do dia 08/01.

Se houve a participação de algum evangélico, espírita, católico, ou qualquer religioso nos atos de depredação, que haja a individualização da conduta e que cada um responda conforme seus atos. Entretanto, responsabilizar instituições pelas ações individuais de seus membros ou frequentadores é medida descabida.

O que pretende o PSOL,
neste episódio, por meio dos deputados relacionais, é correlacionar o fato de haver evangélicos em Brasília no dia 08 de janeiro, com o fato de este grupo ter organizado, financiado e executado os atos de depredação. Tal relação não se sustenta pelas provas colhidas até o momento nas investigações, como os próprios depoimentos acima indicados.

Além disso, tal argumentação carece de coerência lógica, pois seria o mesmo que acusar o PT e o PCdoB pelos atos de 08 de janeiro, uma vez que há pessoas acusadas nos processos que tramitam na Suprema Corte, filiadas a estes partidos.

Ao propor esta caça às igrejas evangélicas, a base aliada do governo parece, no espírito de vingança, querer retaliar a parcela da população na qual possui grande dificuldade de alavancagem, conforme exposto em artigo nosso anterior às eleições, publicado na Gazeta.

Na verdade, trata-se de mais uma faceta da nova guilhotina. Partidos políticos com sanha de poder, especialmente com viés socialista, veem na religião o maior adversário, uma vez que pretendem ser os salvadores da humanidade em todas as esferas, substituindo o papel que é atribuído a Deus, na maioria das religiões, especialmente à cristã. Para isso, precisam suprimir a religião e uma forma de fazer isso é colocando-as em descrédito, como pretendem no episódio do 8/1 e, parece-nos, que o portal UOL é o propagandista.

Desta forma, os parlamentares que não se curvam a esta sanha messiânica de poder, que atuarão na CPMI do 08 de janeiro, precisam estar atentos para não fornecerem a guilhotina ao PSOL para que decepe cabeças, em sua Bastilha. E que o PSOL - e a esquerda que pensa de igual forma - entendam que os cristãos que sobreviveram aos leões do Coliseu e a Guilhotina dos jacobinos franceses não serão extintos por narrativas em uma CPMI.

Autor principal do texto: Ezequiel Silveira: Advogado. Membro do Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR). Membro da Comissão de Liberdade Religiosa da OAB-DF. Complementos e revisão do texto: Thiago Rafael Vieira.


Thiago Rafael Vieira, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 27 de março de 2023

Em 107 minutos Lula provou que não está à altura do cargo - Deltan Dallagnol

Gazeta do Povo - VOZES  

Existem numerosas fábulas que contam histórias sobre a importância de dizer a verdade. Uma delas é a do menino que pastoreava ovelhas e mentia que havia um lobo. Ele gritava por ajuda falsamente
Quando ele realmente precisou de ajuda, ninguém veio em seu auxílio. Acabou sendo devorado por um lobo e expondo as suas ovelhas a um verdadeiro perigo.  
Lula mente, mas vive numa realidade um pouco diferente, um “multiverso da loucura” na expressão usada por Sergio Moro. E muita gente o acompanha nessa realidade paralela. 
Mesmo quando Lula mente e engana, é idolatrado e aplaudido por muitos na esquerda, [tão estúpidos,  idiotas, ignorantes e imbecis quanto o 'pinóquio' do Planalto apedeuta] ainda que suas mentiras exponham a sociedade ao perigo de lobos reais.
 
[Leiam e, por favor, respondam: depois de um esculacho desse,só com VERDADES, sobrou alguma coisa do ex-presidiário?]

Ontem, Lula riu do plano do PCC para matar a família de Sergio Moro. Afirmou ser uma “armação de Moro”. Com isso, chama de mentiroso seu próprio ministro da Justiça, os presidentes da Câmara e Senado, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, o GAECO de São Paulo e a Justiça, que afirmam de forma unânime existirem provas do plano para matar Moro e o promotor Lincoln Gakiya. Ao mesmo tempo, Lula negou os investimentos de R$ 5 milhões pelo PCC no plano de assassinato, os imóveis alugados para monitorar a família, os carros e o dinheiro apreendido e o mapeamento da rotina dos filhos e dos postos de gasolina usados para abastecer os carros. Como na Lava Jato, Lula nega as provas e constrói uma teoria da conspiração.

A atitude de Lula enfraquece a importante comoção e resposta da sociedade contra o crime organizado para proteger as famílias ameaçadas.

Lula se coloca ao lado do PCC, que se torna vítima de uma armação, e contra os agentes da lei ameaçados. Como o garoto pastor, Lula mente. Contudo, Lula faz o contrário: grita que não há lobo por meio do seu megafone presencial, mas aqui o lobo é de verdade. O efeito é perigoso. Ele desmobiliza a reação social e moral contra o crime organizado. 
Como presidente, ele é a personalização máxima das instituições e sua atitude enfraquece a importante comoção e resposta da sociedade contra o crime organizado para proteger as famílias ameaçadas. É um falso pastor, que abandona as ovelhas aos lobos, violando a dignidade e o decoro do cargo e traindo seus deveres de proteção dos brasileiros.
 
O propósito da mentira é claro. Um grupo de jornalistas entrevistou Lula pelo blog 247, nesta mesma semana, aceitando suas mentiras e elogiando fatos inexistentes. Nessa entrevista, Lula revelou que, na prisão, afirmava: “Só vou ficar bem quando ‘f0der’ esse Moro”. 
A verdade é que Sergio Moro confrontou duas perigosas organizações criminosas: o PCC e o sistema corrupto de Brasília.  
A reação do crime organizado das ruas e dos palácios vem com suas próprias armas. O PCC reage com fuzis e pistolas
Os corruptos palacianos reagem com o poder da caneta, da articulação política e das instituições.

Essa entrevista de Lula é assustadora, não só pelas mentiras, mas porque as ilusões que cria são repercutidas como se fossem reais.

Esse posicionamento de Lula revela um desejo claro de vingança em relação à Operação Lava Jato e aos que combatem a corrupção como um todo. 
Ele parece estar obcecado com a ideia de se vingar daqueles que o impediram de morar em um triplex de luxo. 
 Não é à toa que os agentes da lei que trabalharam na Lava Jato vêm sendo atacados de todos os lados. 
Enquanto Cabral fica solto, Bretas é punido pelo Conselho Nacional de Justiça e o procurador El Hage, pelo Conselho Nacional do Ministério Público, sem que nada consistente tenha sido provado contra eles. 
O Tribunal de Contas da União avançou contra procuradores da Lava Jato, numa investida que a Justiça Federal afirmou estar recheada de “manifestas e evidentes ilegalidades”, destacando ainda a existência de indícios de “quebra de impessoalidade” – leia-se, perseguição. Quem capitaneou a investida é o mesmo ministro Bruno Dantas que agora pretende ser nomeado ministro do STF por Lula.
 
Essa entrevista de Lula ao blog é assustadora, não só pelas mentiras de Lula, mas porque as ilusões que cria são repercutidas pelos jornalistas blogueiros como se fossem reais
Um dos pontos mais chocantes foi exatamente este: a revelação do projeto de vingança de Lula, juntamente com seus absurdos insultos a Moro. A cena de um presidente da República proferindo tamanha violência verbal a um senador é um sinal alarmante do quão grave é o atual período político no Brasil. 
Em tempos de polarização política e desinformação, é preocupante observar como Lula atacou Moro, criando um ambiente favorável para crimes de ódio na mesma semana em que um petista matou um bolsonarista após uma briga em Mato Grosso.
 
Contudo, as mentiras de Lula vão muito além disso e são endossadas por seus apoiadores. Em contraste com a fábula em que o menino que mentia muito é punido pela sua desonestidade, Lula é idolatrado mesmo quando mente, engana e suas falsas narrativas colocam em risco a vida de terceiros
Infelizmente, o espaço limitado deste artigo não é suficiente para abordar todas as mentiras e hipocrisias proferidas por Lula durante sua entrevista de apenas 107 minutos com esse grupo de blogueiros. Páginas e mais páginas de crítica poderiam ser escritas para desmenti-lo e apontar suas próprias contradições.
Uma afirmação de Lula, por exemplo, beirou um incidente diplomático ao atacar a maior potência mundial: ele afirmou que a imprensa e a Lava Jato agiram contra ele, na Lava Jato, por influência do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.  
 
Segundo Lula, o governo americano agiu assim porque a Odebrecht ganhou uma licitação em Miami. Essa declaração descaradamente mentirosa levanta suspeitas infundadas sobre as instituições de um país estrangeiro – o segundo com o qual o Brasil mais tem relações comerciais.[sobre conduta de mandatário estrangeiro que foi anfitrião do casal Lula, não há suspeitas infundadas - só pensam assim os que são, ... natos.] Tudo isso apenas para tentar apagar os seus crimes e os de seus aliados, que foram apontados em condenações e confessados por vários deles, como Antonio Palocci e Sergio Cabral.

A Lava Jato tirou a oportunidade de que o programa "meu triplex, minha propina" fosse ampliado em todo o país.

Outro ponto interessante da entrevista é sobre como a Lava Jato atrapalhou as empresas brasileiras de engenharia. Eu assumo a responsabilidade por isto: a Lava Jato realmente atrapalhou a corrupção das empresas de engenharia com os políticos – inclusive com ele, segundo a condenação de Lula proferida por três tribunais que examinaram o mérito do seu caso, antes de ser anulada pelo STF por razões formais.  
 
Com nosso trabalho, impedimos desvios de verbas e corrupção bilionária em licitações de várias construtoras brasileiras que conjuntamente com políticos assaltaram os cofres públicos. 
Ao expor sua corrupção, a Lava Jato impactou sim o valor de mercado dessas empreiteiras, campeãs nacionais da corrupção. 
Além disso, a operação dificultou que elas realizassem obras em países sérios enquanto não fizessem um acordo para devolver o dinheiro roubado e não se comprometessem com a honestidade em seus negócios. E, assim agindo, a Lava Jato simplesmente fez valer a lei.

É bom ressaltar que enquanto Lula pede e dá segundas chances aos criminosos, viajando com Joesley Batista para a China e aplaudindo o multicondenado José Dirceu na cerimônia de aniversário do PT, ele condena os agentes da lei que descobriram seus crimes. Se tivéssemos ignorado a corrupção, a Odebrecht cresceria, roubaria mais e conseguiria construir mais triplex.

 A Lava Jato certamente tirou a oportunidade de que o programa "meu triplex, minha propina" fosse ampliado em todo o país pela organização criminosa que tomou conta do governo no Brasil.

Além de atacar homens e mulheres da lei que incomodaram ao prender corruptos como nunca, Lula pretende culpar outros por sua má decisão de governança.

Além disso, Lula ocultou o fato de que a depressão econômica e das empresas foi causada pela política econômica desastrosa do PT, que no final do governo Dilma conduziu o Brasil à maior crise econômica da história. 
Entre 2015 e 2016, o PIB caiu 7,56% – a pior queda desde que o número começou a ser medido pelo IBGE em 1948.  
Em quase 70 anos, não havíamos tido dois resultados negativos anuais. Até mesmo na pandemia, tomados os anos de 2020 e 2021, o saldo do PIB foi positivocaiu 3,9% em 2020, mas avançou 4,6% em 2021. Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro apontou que Dilma teve o terceiro pior PIB em 127 anos e atribuiu 90% da culpa disso à inépcia do seu governo. A diretriz do seu governo, segundo o professor responsável pelo estudo, Reinaldo Gonçalves, foi “errar, errar de novo, errar pior”. Contudo, para Lula, a culpa é da Lava Jato.
 
Lula se vangloriou ainda, na entrevista, de ter iniciado a construção de 12 estádios enquanto era presidente da República. No entanto, é preciso ressaltar a péssima decisão de investir em algo desnecessário em detrimento de questões urgentes do país.  
A Copa do Mundo foi um gasto que resultou em corrupção equivalente à vergonhosa derrota de 7 a 1 e em prejuízos aos cofres públicos. 
É irônico que Lula, que proibiu falar sobre gastos com educação no início da entrevista, tenha deixado cortes nos investimentos de educação enquanto construía estádios. No mundo ideal da esquerda que fica babando durante a entrevista, esse é um tópico jamais mencionado.

As palavras de um presidente têm consequências: fomentam o ódio, enfraquecem a governança, expõem os agentes da lei e a sociedade a riscos.

Não satisfeito em culpar a Lava Jato por todos os males do país, Lula agora afirma que não seguirá a lista tríplice para indicar o procurador-geral da República, porque os promotores eram "moleques". Isso é um absurdo. Os “moleques” atacados conseguiram recuperar 25 bilhões de reais aos cofres públicos brasileiros que estavam com corruptos, algo nunca antes feito na história desse país. 
Além de atacar homens e mulheres da lei que incomodaram ao prender corruptos como nunca, Lula pretende culpar outros por sua má decisão de governança da mesma forma como quer culpar a Lava Jato pelos males do país, transferindo uma responsabilidade que é dele e unicamente dele. Foi ele quem criticou Bolsonaro por não seguir a lista tríplice, quando a Lava Jato já havia acontecido. Nada mudou. O que ele faz agora é renegar uma promessa que fez, mostrando que não cumpre sua palavra.
 
Outra afirmação interessante de Lula na entrevista é que todos os envolvidos nos crimes do dia 8 de janeiro serão punidos, mas como podemos ter certeza disso se ele próprio busca impedir a instauração da CPI? 
 Pairam no ar acusações de que teriam prometido 60 milhões de reais para deputados que retirassem suas assinaturas. 
É no mínimo hipócrita criticar a falta de investigação mais profunda sobre os culpados se ele próprio tenta impedir que isso aconteça – e, segundo acusações feitas, por meios que não seriam nem republicanos.

Lula não está à altura do cargo que ocupa. E quem diz isso é a lei, que estabelece que é crime de responsabilidade proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo.

Na entrevista, Lula também criticou o atual presidente do Banco Central, Campos Neto, indicado por Bolsonaro, por manter os juros altos. No entanto, é curioso que ele próprio, Lula, tenha aprovado e aceitado a mesma política quando Henrique Meirelles era o presidente do Banco Central durante o seu governo. Meirelles, aliás, apoia e elogia a decisão de Campos Neto. 
Por que, então, Lula ataca tanto uma política que ele próprio usou no passado? 
É importante lembrar que a questão dos juros é sensível e pode ser facilmente usada para assustar a população. Como o Banco Central é independente agora, Lula gera suspeitas sobre a economia sugerindo que ela não está crescendo como deveria por causa dos juros altos.
 
Como um menino que grita “lobo” e aponta para um inocente, Lula insinua que o Banco Central é composto por inimigos do povo. Tudo isso é uma estratégia política irresponsável para buscar apoio para revogar a independência do Banco Central, a qual é essencial para sua boa governança. 
A autonomia do banco o torna mais técnico e menos suscetível a interferência política. 
Além disso, Lula cria antecipadamente um bode expiatório para possíveis falhas econômicas ou insucessos de seu ministro da Fazenda, um político sem as competências exigidas para o cargo que até mesmo o PT tem criticado.

Ao se aproximar do final da entrevista, Lula surpreendeu ao afirmar que, para ser um bom presidente, é preciso ter sorte. A sorte de Lula parece ser nosso constante azar, pois vivemos em um país marcado pela injustiça e impunidade, governados por um condenado por corrupção, sem a sorte de ter nossos problemas resolvidos por governantes que destilam ódio para além de suas promessas vazias.

Falando em promessas vazias, uma outra promessa feita por Lula nesta mesma entrevista me chamou a atenção: a de que ele irá trabalhar pela paz mundial. Diante de um cenário de conflitos e tensões internacionais cada vez mais preocupantes, é reconfortante ouvir um líder político se comprometer com uma causa tão nobre e urgente. [concordamos que reconforta  um líder politico se comprometer com a paz mundial - um líder político, ressalte-se, que Lula NÃO É, NUNCA FOI e NUNCA SERÁ líder  político ou de qualquer coisa que produza algo de útil.] 
Resta saber como alguém que não tem nem conseguido a paz entre Senado e Câmara dos Deputados irá conseguir entre a Ucrânia e a Rússia. Os jornalistas acharam provável que consiga, afinal, no multiverso da loucura, nunca antes na história desse país Lula mentiu.
 
O problema dessas ilusões é que não são inofensivas. Diferentemente do menino pastor que mentia e sofreu ele mesmo as consequências, Lula coloca a sociedade em risco com as suas mentiras
As palavras de um presidente têm consequências: fomentam o ódio, enfraquecem a governança, criam problemas nas relações internacionais e expõem os agentes da lei e a sociedade a riscos de segurança.  
De fato, para ficar só neste último ponto, se os agentes da lei não forem protegidos quando combaterem o crime organizado, ninguém mais ousará enfrentá-lo no futuro. As falas do presidente fazem vítimas. Lula não está à altura do cargo que ocupa. 
E quem diz isso é a lei, que estabelece que é crime de responsabilidade proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo. Lula precisa ser chamado à responsabilidade.
 
 Deltan Dallagnol, colunista  - Gazeta do Povo - VOZES

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Como Se Tornar um Tirano - Revista OESTE

 Ana Paula Henkel

Para começar, você deve ser, ou pelo menos apresentar-se, como uma das pessoas “comuns” da vida. Um professor ou sindicalista, por exemplo, serviriam muito bem 

Cartaz da série "Como Se Tornar Um Tirano", da Netflix | Foto: Divulgação/Netflix

Cartaz da série "Como Se Tornar Um Tirano", da Netflix | Foto: Divulgação/Netflix 

Não, o título deste artigo não tem nada a ver com o atual cenário no Brasil. Como Se Tornar um Tirano é uma série da Netflix para a TV que apresenta um, digamos, “manual para o poder absoluto”. Muito da série é pura ironia, mas ela é tragicamente baseada nas táticas e estratégias reais usadas por Josef Stalin, Mao Zedong, Adolf Hitler, Muammar Gaddafi, Kim Il-sung e Saddam Hussein. (Não, eu não pensei em ninguém no Brasil, mas se você pensou, cuidado com a polícia do pensamento!) De acordo com a série, se você tem a ambição de ser o “dono de algum país”, a história te dá todas as dicas. Não fiquem chocados se, estranhamente, tudo parecer familiar demais com o que vivemos e a política a que estamos sujeitos.

Bem, vamos lá. De acordo com Como Se Tornar um Tirano, se você quer ser um ditador, primeiro você precisa ser um tipo específico de pessoa. 
 
Para começar, você deve ser, ou pelo menos apresentar-se, como uma das pessoas “comuns” da vida. 
Hitler foi soldado, Mussolini era filho de ferreiro, Saddam Hussein foi criado por um tio depois da morte do pai e abandono pela mãe, e Muammar Gaddafi veio de uma família humilde e seu pai ganhava uma escassa subsistência como pastor de cabras e camelos. 
Você precisa ser uma pessoa “comum” que retrate o velho ditado “Um homem que compartilha seus sonhos pode realizá-los”. Portanto, um professor ou sindicalista, por exemplo, serviriam muito bem.
 
A partir desse ponto, a série revela outras páginas do “manual” para se tornar um tirano de sucesso e cada episódio escolhe um princípio-chave de um ditador da história para ilustrar as regras despóticas de engajamento. 
Por exemplo: como tomar o poder (Hitler), como esmagar seus rivais (Saddam Hussein), como reinar através do medo (Idi Amin, de Uganda) e assim por diante. A série é sombriamente sarcástica, aliás, define tirania não como “governo de um governante cruel e opressor”, mas como um “governo para pessoas que querem resultados” e que não necessariamente se importam com a forma como esses resultados são obtidos. Mas, repito, para deixar claro para o novo Ministério da Verdade no Brasil: fatos parecidos com o atual cenário político são mera coincidência.

O aspirante a tirano deve acreditar em si mesmo com uma autoestima inabalável. A série afirma que “uma crença megalomaníaca em suas habilidades convence os outros delas”. Portanto, seja o poder místico de usar sal grosso para lavar áreas antes habitadas pelo inimigo, ou o poder de acabar com a democracia para salvar a democracia, se você estiver convencido disso, pode ter certeza de que muitos outros também concordarão com você se você souber persuadi-los.

 No entanto, nosso suposto ditador precisa de mais uma qualidade de caráter: o dom da fala, ou, na verdade, a capacidade mais importante de atrair a atenção. O bigode de Hitler era sua característica definidora, aquilo era inequivocamente “o cara”. Mas uma barba branca também pode servir. Ou uma careca lustrosa, por exemplo. Nada tão específico. Há boas variedades por aí. A série revela que os ditadores têm em comum a habilidade de serem publicitários natos para encontrar o que completará a identidade visual marcante. A imagem detalhadamente pensada sob o manto da falsa naturalidade é o pontapé para o início da descrição das táticas que os tiranos normalmente usam para chegar ao poder e consolidar seu domínio sobre ele.

Bem, a primeira delas é: aumentar a indignação. Mostre às pessoas que os inimigos delas são seus inimigos! A genialidade do tirano está em entender e explorar a natureza do ressentimento que existe no coração das pessoas — verdadeiro ou não —, e, então, se apresentar como o meio de se vingar das pessoas de que elas ressentem. Desumanizar oponentes ajuda bastante. Afinal, para ser um tirano que se preze, você precisa acusar outros de serem tiranos.

Doutrine a juventude. Os ditadores não querem jovens educados e estudiosos. Eles querem que os jovens sejam educados apenas o suficiente para produzir — seja dinheiro, agitação civil ou caos

Compre lealdade. Já se estabeleça no poder com isso em prática desde o início. O futuro pode ser incerto, mas a maneira mais eficiente de permanecer no poder é comprar a lealdade de seus aliados políticos e de seus rivais políticos também. E de onde vem o dinheiro para isso? Da cleptocracia, é claro. Roubar os recursos da nação roubos sempre disfarçados de bondade — é questão sine qua non. 
 Afinal, não é barato manter luxos, esmagar dissidentes e inimigos, comprar a imprensa, ajudar companheiros e aspirantes a ditadores, comprar juízes, políticos etc. Toda a bondade de uma tirania pelo povo e para o povo custa caro.

Alguns tiranos, de acordo com a série, têm a fama de ritualmente humilhar todos em seu gabinete, conselho de ministros e pessoas próximas. Isso os mantém com medo e subjugados. Mas, se houver brigas públicas, escolha um bode expiatório: ganhe a confiança e o apoio das massas culpando um grupo pelos males do país e diga que sem você eles não podem revidar ou se proteger. Por exemplo, no início dos anos 1970, Idi Amin acusou 100 mil asiáticos (principalmente indianos que possuíam a maioria das grandes lojas e negócios) de “traição econômica e cultural” e os expulsou de Uganda. Atualmente, os novos tiranos usam a tática de acusar os adversários daquilo que os verdadeiros tiranos da história eram. Certo grupo é “fascista” costuma funcionar para as bases covardes que repetem como papagaios o que o tirano profana.

O passado e o futuro
Reescreva a história
. Esse ponto é crucial! Orwell disse: “Aquele que controla o passado controla o futuro”. Hitler ordenou que o alto comando nazista destruísse os memoriais da Primeira Guerra Mundial na Europa ocupada, em uma tentativa de apagar as memórias da derrota da Alemanha. Stalin modificou uma foto sua com Lenin, e a foto adulterada mostra Stalin sentado mais perto de Lenin do que realmente era, parecendo maior do que na foto original e sem as marcas que a varíola infantil deixou em seu rosto. 
 
Estátuas de homens corajosos? Livros inspiradores? História? Deus me livre. Aliás, use “Deus” sempre que necessário e sem moderação, mesmo você achando religião um porre de chatice. Eu sei, o deus é você, mas eles não precisam saber disso, só te obedecer.
Corrompa tudo, até a ciência: o Terceiro Reich controlava rigidamente quais áreas da ciência poderiam ser estudadas e debatidas, rejeitando a física quântica e encorajando a ‘física ariana’. Na verdade, Francisco Franco dissolveu o conselho de pesquisa científica da Espanha, e Stalin apoiou Trofim Lysenko, um biólogo agrícola que fez coisas como expor grãos de alimentos ao frio extremo, acreditando que isso ajudaria as futuras gerações de grãos a se tornarem resistentes ao frio. 
 
Aliado a isso, censure tudo. Gente chata e perigosa que questiona tudo, que tem perguntas demais. Se até Sherlock Holmes foi banido da União Soviética, talvez porque o Estado não quisesse arriscar que seus cidadãos olhassem para alguém que pensasse criticamente, o que são contas de cientistas e jornalistas em redes sociais derrubadas? Nada. Perturbou? Arranca o passaporte e bloqueia as contas bancárias. Como você acha que os Reichs se sustentam? Com dinheiro dado em árvores?

Nós contra eles
A série mostra para você, aspirante a ditador, outro ponto importante em sua caminhada à glória tirânica. Elimine a confiança do ser humano e entre eles. Quebrar os laços de confiança dentro da sociedade em geral é uma ótima maneira de unificar a própria base de apoio. 
Os ditadores entendem que as pessoas se entregam voluntariamente ao poder do Estado, porque tudo e todos são suspeitos. Se Stalin pudesse rotular até mesmo os heróis da revolução russa como traidores no Grande Terror (1936-1938), no qual 750 mil pessoas foram mortas, que confiança sobreviveria no restante da população? A lógica do líder soviético era: “Se você matar cem pessoas e apenas cinco delas forem inimigas do povo, não é uma proporção ruim”. O “nós contra eles” é outra preciosidade, se agarre nisso. Negros contra brancos, mulheres contra homens, filhos contra pais. Divida para conquistar e mostre a todos que só você pode salvar as pessoas do mal, inclusive, delas mesmas.

E, por falar em filhos, doutrine a juventude. Os ditadores não querem jovens educados e estudiosos. Eles querem que os jovens sejam educados apenas o suficiente para produzir — seja dinheiro, agitação civil ou caos — para os propósitos do ditador e seus comparsas. É por isso que toda ditadura trabalha horas extras para destruir instituições de ensino de dentro para fora. Essa semente é minuciosamente levada para o seio familiar e ali germinará mais divisão. Pais e filhos, então, encontrarão a resposta para os problemas em… você! Bingo!

As ditaduras se modificam ao longo do tempo, mas as táticas apenas se travestem sem perder a sua essência. E essa é básica, mas eficiente. Deixe as pessoas com fome. A fome e a pobreza são talvez as ferramentas mais cruéis no arsenal de um ditador, mas a lógica é simples. Pessoas famintas e ignorantes não serão capazes de lutar contra você.    A China e a União Soviética testemunharam fomes terríveis nos regimes de Mao e Stalin. 
Kim Jong Il também presidiu a fome na Coreia do Norte, enquanto vivia em um luxo fantástico. 
Sem água e sem comida, o povo sofrido vai mendigar e aceitar qualquer esmola que você ofereça. Assim, eles não perturbarão suas viagens de jatinhos, suas compras de relógios caros, seus vinhos portugueses premiados e seus passeios para fora do seu caótico país.
Agora, se essas são as qualidades que podem definir um tirano em potencial, existem algumas que são mais importantes que outras para atrair seguidores firmes e leais. 
Depois de estabelecer a promessa de que você pode criar um mundo melhor para todos, não se preocupe se isso jamais acontecer, não é necessário ter sucesso. Essa coisa de “mundo melhor” é historinha pra boi dormir, mas a promessa deve permanecer perene e a crença de que você está cada vez mais perto da entrega deve ser inquestionável. Mas atente-se: esta promessa por si só não é suficiente. O bom tirano também deve ser visto como o único homem que pode cumprir essa missão. Ele deve, portanto, ser reconhecido não apenas como a fonte de toda sabedoria, mas também como a fonte de toda virtude. Um culto à personalidade bondosa e sem defeitos é essencial, e, para isso, não esqueça jamais de plantar inúmeras $emente$ na imprensa para que suas mentiras sejam repetidas com a roupa da verdade até que elas virem verdade. Depois ajoelhe (coloque uma toalhinha para não ficar desconfortável) e agradeça a Joseph Goebbels pela graça concedida.

De vez em quando, um inimigo externo também ajuda. Saddam Hussein escolheu o Irã; Kim Il-sung, a Coreia do Sul; Hitler, a França e a Alemanha; e Stalin, a maior parte do resto do mundo.  

Mas ficou na dúvida ou não tem ninguém por perto? Seus problemas acabaram. Mire o “imperialismo estadunidense”, a “CIA”, os “ianques” e está tudo certo. Afinal, essa coisa de Land of free, home of the brave” (Terra da liberdade, lar dos bravos) pode ser um problemão pra você se criar asas no seu quintal.

Medo útil
Finalmente, os tiranos precisam estar preparados para o pior. Não tanto o seu desfecho, mas o fato de que sempre haverá críticos e até rebeldes. Gente chata, eu sei. Então, você precisa garantir que não saiam do controle. É aqui que o uso do medo é útil. Como dizem os livros concisamente, assim como a série da Netflix, “o melhor amigo de todo ditador é uma polícia secreta implacável”.  
Use o poder do Estado para silenciar seus oponentes e aqueles que estão preocupados com a liberdade e essa bobagem de “império das leis”. 
O que manteve a América unida desde a Guerra Civil não foi a Constituição ou a Declaração de Direitos (Bill of Rights). “Leis”Relaxa, isso não vai te ameaçar. A União Soviética também possuía “leis de direitos” que garantiam a “liberdade de expressão e direitos iguais”. Esqueça isso. 
Os bolcheviques assassinaram seus adversários políticos, enviaram seus dissidentes aos gulags, e Lavrentiy Beria, o chefe da polícia secreta mais implacável no reinado de terror de Joseph Stalin na Rússia e na Europa Oriental, se gabava de poder provar uma conduta criminosa contra qualquer pessoa, até mesmo um inocente: “Mostre-me o homem e eu lhe mostrarei o crime”. Aprendeu?

Eu não poderia encerrar esse artigo sobre essa boa série da Netflix sem algumas frases e conclusões da própria série sobre os pontos que ligam ditadores de todas as cores às páginas da história:

“Não basta ser um líder, é preciso também ter uma iconografia”;

“Mostre que seus inimigos também são inimigos do povo”;

“Os ditadores em potencial costumam ser extremamente narcisistas. Eles se mostram como pessoas comuns, mas são muito diferentes das pessoas comuns”;

“O ser humano adora ser governado”;

“Uma boa maneira de permanecer no poder é dar propinas e oportunidades à sua colisão, fazendo com que ela se torne corrupta”;

“O melhor amigo de um ditador é um agente corrupto, eficaz e implacável”.

Bem, segundo a série, se você já fez tudo isso, você está pronto para ser um ditador. Mas o sucesso cria suas próprias demandas. Quando você alcança o topo da árvore, pode ser chato ficar sozinho
Os tiranos nunca estão sozinhos, mas precisam se divertir, e, para isso, há o ritual de humilhação daqueles ao seu redor. Lance pérolas!  
Isso geralmente é o suficiente para transformar as pessoas em porcos! 
Dê a seus aliados e apoiadores oportunidades de serem corruptos. Primeiro, é divertido vê-los lutando pelas migalhas que você jogou em sua direção, mas o mais importante é que, quando mordiscarem, eles permanecerão leais. Dali em diante você poderá fazer gestos de degolar pescoço e até dar tapinhas na cara das pessoas. Tudo em público, lógico! Que graça teria se não fosse na frente de todo mundo?
 
A série Como Se Tornar um Tirano vem cheia de ironia, mas não deixa de ser um material informativo para aqueles que se perguntam como os déspotas conseguiram obter o controle dos países, mesmo em um século em que a democracia se consolidou. 
 Série muito interessante para ser vista, mas mais interessante ainda é perceber o quanto os espectadores se encontram ali, diante de si mesmos, de seus governantes e de seu país.

E, o mais importante, o que eles fazem ou farão diante da fina ironia que mostra duras verdades.

Leia também “As lições de 1940 para 2023”

Ana Paula Henkel, colunista  - Revista Oeste


domingo, 9 de outubro de 2022

Pauta conservadora deve dominar a bancada do DF no Congresso

Partidos aliados de Bolsonaro elegeram ao menos 13 nomes para Senado, Câmara dos Deputados e Câmara Legislativa

[Bolsonaro já começará o novo governo em vantagem, que se estende aos brasileiros;  além de ter força para impedir os desmandos da esquerda - cujo conceito de governar é destruir o que funciona - teremos algumas certezas e citamos apenas uma: o aborto, seja qual for o apelido, não será aprovado, nem facilitado, ao contrário.]

O resultado das urnas no Distrito Federal apontou para configuração conservadora na bancada da capital do país no Legislativo para os próximos anos. 
O PL, sigla do presidente Jair Bolsonaro, conseguiu eleger quatro nomes para a Câmara Legislativa do DF (CLDF) e dois para a Câmara dos Deputados. Legendas alinhadas ao atual ocupante do Palácio do Planalto, como Republicanos e PP, também emplacaram representação expressiva nas casas legislativas. 
 
Ao todo, no Senado Federal, Câmara e CLDF, o DF terá, a partir de 2023, ao menos 13 parlamentares conservadores, com destaque para os deputados federais: do total de oito políticos do DF, cinco serão de ideologias próximas às de Bolsonaro.  
Entre as pautas levantadas pelo grupo cuja articulação com o Palácio do Buriti será feita pela vice-governadora eleita, Celina Leão (PP) estão a defesa da família formada por homem e mulher, a criminalização do aborto, inclusive em casos já permitidos por lei, e o fortalecimento das liberdades individuais.

Fabiana Vitorino, consultora e especialista em comunicação política, aponta para posicionamento maior da direita nos espaços legislativos. "Com isso, espera-se que pautas progressistas reduzam ainda mais o fôlego nos próximos anos, dando lugar a temas ligados à moral e aos costumes." Ela destaca que os assuntos que serão abordados pelos parlamentares conservadores vão depender do contexto instaurado a partir de 2023. "A questão é como tocarão as pautas escolhidas. Na educação, por exemplo, querem que o ensino em casa seja permitido, o que abre espaço para que instituições religiosas promovam a educação para os filhos de seus adeptos. Os progressistas são contra", exemplifica. 

Focadas em reeleger Bolsonaro por meio da diminuição da rejeição do presidente entre o eleitorado feminino e a população nordestina, Bia Kicis (PL) e Damares Alves (Republicanos) são os principais expoentes da bancada conservadora eleita no domingo passado. Kicis conquistou mais quatro anos na Câmara dos Deputados, novamente como a mais votada, e Damares, ex-ministra de Bolsonaro, conseguiu a única vaga em disputa para o Senado.

Elas estão acompanhando Bolsonaro em viagem pelos estados do Nordeste desde a semana passada. Antes de pegarem a estrada, deram entrevista ao Correio e mostraram o que está por vir nos próximos anos. A tendência é que Damares e Kicis endossem os discursos do atual ocupante do Palácio do Planalto e se posicionem ao lado do presidente em questões relativas, por exemplo, ao Judiciário. "Eu não vou abrir uma guerra contra o STF (Supremo Tribunal Federal), eu vou cumprir a Constituição. Um ministro do STF não pode ser investigado? Eles são semideuses? Eles também não são movidos por erros e paixões? Se um ministro do Supremo cometer um equívoco enquanto eu for senadora, eu não vou me omitir", afirmou Damares, um dia após ser eleita. No mesmo tom, Bia Kicis, ao classificar a corte como "antidemocrática" e acusá-la de "invadir competências", afirmou, na quinta-feira, que o STF "viola a Constituição".

Fabiana Vitorino reforça a atuação das aliadas de Bolsonaro. "Damares tem a seu favor outros senadores eleitos da mesma base ideológica. Mesmo sendo minoria no DF (Leila do Vôlei, do PDT, e Izalci Lucas, do PSDB, são os outros senadores pelo DF), terá companhia de colegas de outros estados, além do governador (Ibaneis Rocha, do MDB) alinhado com o atual presidente. Talvez ela tenha mais problemas se Lula (PT) for eleito.[Lula eleito??? DEUS vai poupar o Brasil de tamanho desastre; se, por castigo divino, o petista conseguisse ser eleito, teria apoio parlamentar minoritário - seria impedido,defenestrado, ainda em 2023.]

Tudo vai depender muito do próximo presidente escolhido e dos presidentes das casas legislativas. Já há movimento de Damares para ser presidente do Senado. O sistema democrático brasileiro tem pesos e contrapesos. Isso faz com que excessos não sejam direcionados. Com Lula, a vida dos parlamentares conservadores pode ter menos amplitude, mas, ainda sim, haverá muito espaço."

Outro aliado de primeira hora do presidente, o deputado federal reeleito Júlio César (Republicanos) também está empenhado na campanha rumo ao segundo mandato de Bolsonaro. Pastor, o parlamentar reforça a defesa da família tradicional e das pautas religiosas, mas destaca os temas que, de forma geral, são favoráveis ao atual chefe do Executivo nacional. "Estamos concentrando esforços na reeleição do presidente. Acredito que é um projeto de governo que deu certo, porque os últimos quatro anos foram marcados por muitos avanços. Para os próximos anos, vamos focar em dar celeridade às propostas do Executivo, como as que envolvem a geração de emprego e renda, a redução da carga tributária, a formalização de trabalhadores e a manutenção de R$ 600 para o Auxílio Brasil a partir de janeiro de 2023. Para Brasília, vamos continuar caminhando ao lado do governo (local)", elencou ao Correio.

(...)

A superação entre direita e esquerda também é defendida pelo cientista político Antônio Flávio Testa. "O combate à pedofilia e ao crime organizado são pautas universais. Muitas questões foram ideologizadas, mas são, na verdade, tragédias humanas. A pauta de costumes até entra (na próxima legislatura), mas não, necessariamente, será ideologizada. Romário (senador do PL reeleito pelo Rio de Janeiro), por exemplo, comanda a discussão sobre doenças raras e crianças com síndrome de Down. Não são temas conservadores nem de esquerda. Há questões que precisam ser discutidas acima disso. A solução de problemas sociais gravíssimos é atrasada pela disputa entre esquerda e direita", lamenta.

O especialista espera, porém, que os parlamentares recém-eleitos ou reeleitos vão comandar o rumo da carruagem no Congresso Nacional. "Damares e Magno Malta (senador do PL eleito pelo Espírito Santo) vão estar em evidência. Bia Kicis vai ter muita força, Fraga terá muito destaque e Júlio César é muito mobilizado", avalia.

O cenário deve se repetir na câmara local, onde haverá, ao menos, 17 distritais da base de Ibaneis. "O governador terá um enorme apoio na CLDF. A oposição não terá força para impedir decisões do governo", completa Testa.

(...)

Cidades - Correio Braziliense - MATÉRIA COMPLETA