Gazeta do Povo - VOZES
Houve muita indignação, dias atrás, quando os
Estados Unidos vetaram a proposta brasileira para o conflito entre
Israel e os terroristas do
Hamas
na Faixa de Gaza.
O chanceler do Brasil apresentou ao Conselho de
Segurança da ONU uma proposta infantil.
Pedia a paz na região, mas se
recusava a admitir que Israel tem o direito à defesa militar do seu
território – algo que, segundo a experiência das votações do CS nos
últimos 78 anos, seria vetado pelos americanos e, em consequência disso,
não serviria para nada.
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Foi
feito muito ruído em torno dos doze votos a favor que a proposta
conseguiu, e da afronta internacional que teria sido o veto dos Estados
Unidos, mas é revolta de arquibancada que não muda o resultado.
No mundo
das realidades da ONU,
o que vale não são os doze votos a favor, mas sim a capacidade de
apresentar uma proposta que não leve o voto contra de nenhum dos cinco
países que, como os Estados Unidos, têm direito a veto. Sem isso é
derrota garantida, antes do jogo começar.
É
altamente instrutivo que, justo neste momento, a ONU tenha exibido uma
vez mais qual é sua real visão de como deveria ser o mundo.
O
direito de veto não é uma
“injustiça”, pela qual a decisão de um
bloqueia a decisão de todos; ao contrário, é um instrumento essencial
para a sobrevivência da própria ONU. Sem isso, um plenário onde 70% dos
votos são controlados por ditaduras, Estados-criminosos e ilhas perdidas
no fim do mundo já teria aprovado há muito tempo a eliminação dos
Estados Unidos, do
capitalismo e da religião cristã – e de tudo o que considera a “civilização ocidental” maligna.
[pergunta que não quer calar: então para que a 'comédia' de reunir o plenário da ONU, quando sabemos que tudo pode ser resolvido com apenas um voto = se um dos cinco permanentes decidir vetar, o voto dos outros quatro permanentes (se favoráveis ao que foi vetado) se somará aos dos quase duzentos comuns e são descartados.]
Dá
para levar a sério uma organização em que o voto do Brasil, com 200
milhões de habitantes,
vale a mesma coisa que o voto de Kiribati, que
tem um terço da população de Ponta Grossa? Ninguém sabe, sequer, que esse Kiribati é um país, e muito menos onde
fica – um disparate que só é tolerado porque o direito de veto anula a
formação de maiorias falsas e autodestrutivas. [para evitar maiorias inconvenientes, se impõe ditadura de um único voto.]
A questão, no fundo, é a
crescente inviabilidade de uma organização que deixou de ser uma
sociedade de nações em busca de algum tipo de harmonia entre si e passou
a ser uma célula de ação ideológica e política.
É
altamente instrutivo que, justo neste momento, a ONU tenha exibido uma
vez mais qual é sua real visão de como deveria ser o mundo. O
“Fórum
Social” do Conselho de Direitos Humanos acaba de escolher o seu novo
presidente – e esse presidente é o
Irã.
Não é piada; é o Irã, mesmo.
Não estão deixando por menos, a essa
altura dos acontecimentos: colocam no comando do seu fórum mundial de
direitos humanos um país onde os direitos humanos são sistematicamente
massacrados pelo governo.
Não
se trata de conduta criminosa por parte da autoridade pública.
Trata-se
de política oficial da ditadura que controla o país, como era o
apartheid na antiga
África do Sul, o extermínio dos judeus na Alemanha nazista ou a invasão militar de vizinhos pela
Rússia
de hoje.
A religião muçulmana é obrigatória; é proibida, por lei,
qualquer outra crença. Homossexuais são punidos com a pena de morte,
executada em público. Há uma “polícia religiosa”, que só no último ano
assassinou pelo menos duas jovens por andarem na rua sem véu.
O
Irã financia, arma e apoia o Hamas em suas ações terroristas contra
Israel. Não reconhece a legalidade de nenhum país do mundo, inclusive o
Brasil, que não se submeta à lei islâmica; todos terão de aceitar um
“califado mundial”, depois que os Estados Unidos e a Europa forem “destruídos”. Não dizem isso em suas declarações oficiais, nem ao ministro-efetivo Celso Amorim, mas é o que pregam em mesquitas, decretos religiosos e tratados de ação política.
Irã e ONU: tudo a ver, cada vez mais. ONU e democracia? Perguntem ao aiatolá mais próximo.
Conteúdo editado por:Jocelaine Santos J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES