Lista dos políticos investigados no caso Petrobras será conhecida neste mês. Conquistas e derrotas em batalhas legislativas podem se tornar efêmeras
Ontem no Supremo Tribunal
Federal, o ministro Marco Aurélio Mello resolveu compartilhar sua
ansiedade. “Todos nós estamos curiosos para saber o que há dentro desse
embrulho", disse. “Precisamos aguardar. Não devemos presumir o
excepcional, se é que é excepcional considerar o envolvimento de uma
autoridade num processo-crime.”
Uma comoção aflitiva assombra a Praça dos Três Poderes, em Brasília. Temem-se sequelas dos processos sobre corrupção na Petrobras. O trem-fantasma da política partiu: está previsto que ainda neste mês a Procuradoria-Geral da República apresente ao Supremo a lista dos passageiros-investigados. Segue-se a trilha do dinheiro, informou o procurador-geral Rodrigo Janot na cerimônia de reabertura do Judiciário, em que foram notáveis as ausências dos chefes do Legislativo, Renan Calheiros — reeleito no comando do Congresso —, e do Executivo, Dilma Rousseff.
No Governo, na Câmara e no Senado tudo agora depende do rumo do caso Petrobras no Supremo. Conquistas e derrotas em batalhas legislativas podem ser efêmeras. A legitimação está pendente, pelo menos até que se saiba “o que há dentro desse embrulho", como diz o ministro Mello. Dez dias atrás, o relator do caso, ministro Teori Zavascki, escreveu: “É possível constatar que, efetivamente, há elementos indicativos de possível envolvimento de várias autoridades detentoras de prerrogativa de foro perante tribunais superiores, inclusive de parlamentares federais.”
É inegável, porém, que o governo e o PT saíram feridos da luta no Congresso, no domingo. Sobrou desalento para Dilma Rousseff, seus ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Pepe Vargas (Relações Institucionais). Sob inspiração de um Lula tão ambíguo quanto silencioso, conseguiram canibalizar a base parlamentar e dar ao PMDB aquilo que nunca teve: o conforto de desempenhar três papéis simultâneos no mesmo governo — é governista na Vice-Presidência da República, inimigo na Câmara e aliado no Senado. O custo Dilma subiu, exponencialmente, como se poderá ver a partir de hoje no Diário Oficial.
O PT realizou a proeza de chegar ao aniversário de 35 anos como o partido mais organizado, dono da máquina eleitoral mais eficiente e da maior bancada de deputados (69) e, paradoxalmente, despejado do comando da Câmara e de todas as comissões relevantes. Não pode sequer alimentar esperanças sobre a lista de passageiros do trem-fantasma da Petrobras que vai ao Supremo. Porque PT, PMDB e PP participaram da drenagem da dos cofres da empresa estatal.
Visto do Planalto, hoje, o cenário fica cada dia pior: empreiteiras envolvidas supõem que os procuradores federais devem tentar manter seus executivos na cadeia até saírem as sentenças do juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Ou seja, as prisões preventivas seriam emendadas nas definitivas. É gente que está atrás das grades e sabe muito sobre a lucrativa arte de fazer amigos nos partidos. Como Ricardo Pessoa, da UTC/Constran, que listou vários políticos como testemunhas de defesa. Seu advogado justificou: “São pessoas que conhecem o trabalho do Ricardo.”
Uma comoção aflitiva assombra a Praça dos Três Poderes, em Brasília. Temem-se sequelas dos processos sobre corrupção na Petrobras. O trem-fantasma da política partiu: está previsto que ainda neste mês a Procuradoria-Geral da República apresente ao Supremo a lista dos passageiros-investigados. Segue-se a trilha do dinheiro, informou o procurador-geral Rodrigo Janot na cerimônia de reabertura do Judiciário, em que foram notáveis as ausências dos chefes do Legislativo, Renan Calheiros — reeleito no comando do Congresso —, e do Executivo, Dilma Rousseff.
No Governo, na Câmara e no Senado tudo agora depende do rumo do caso Petrobras no Supremo. Conquistas e derrotas em batalhas legislativas podem ser efêmeras. A legitimação está pendente, pelo menos até que se saiba “o que há dentro desse embrulho", como diz o ministro Mello. Dez dias atrás, o relator do caso, ministro Teori Zavascki, escreveu: “É possível constatar que, efetivamente, há elementos indicativos de possível envolvimento de várias autoridades detentoras de prerrogativa de foro perante tribunais superiores, inclusive de parlamentares federais.”
É inegável, porém, que o governo e o PT saíram feridos da luta no Congresso, no domingo. Sobrou desalento para Dilma Rousseff, seus ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Pepe Vargas (Relações Institucionais). Sob inspiração de um Lula tão ambíguo quanto silencioso, conseguiram canibalizar a base parlamentar e dar ao PMDB aquilo que nunca teve: o conforto de desempenhar três papéis simultâneos no mesmo governo — é governista na Vice-Presidência da República, inimigo na Câmara e aliado no Senado. O custo Dilma subiu, exponencialmente, como se poderá ver a partir de hoje no Diário Oficial.
O PT realizou a proeza de chegar ao aniversário de 35 anos como o partido mais organizado, dono da máquina eleitoral mais eficiente e da maior bancada de deputados (69) e, paradoxalmente, despejado do comando da Câmara e de todas as comissões relevantes. Não pode sequer alimentar esperanças sobre a lista de passageiros do trem-fantasma da Petrobras que vai ao Supremo. Porque PT, PMDB e PP participaram da drenagem da dos cofres da empresa estatal.
Visto do Planalto, hoje, o cenário fica cada dia pior: empreiteiras envolvidas supõem que os procuradores federais devem tentar manter seus executivos na cadeia até saírem as sentenças do juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Ou seja, as prisões preventivas seriam emendadas nas definitivas. É gente que está atrás das grades e sabe muito sobre a lucrativa arte de fazer amigos nos partidos. Como Ricardo Pessoa, da UTC/Constran, que listou vários políticos como testemunhas de defesa. Seu advogado justificou: “São pessoas que conhecem o trabalho do Ricardo.”