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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Lava Jato chega ao núcleo duro do petismo. Soa o alarme no PT: “O alvo é Lula”. Luciano Coutinho na mira



Tanto diretores da Odebrecht como Ricardo Pessoa, da UTC, afirmaram ao Ministério Público que o então presidente do BNDES estimulava os empresários a falar com tesoureiro da campanha de Dilma

Desde o começo da Operação Lava Jato, fazia-se uma pergunta surda: “Quando chegará a vez de Antonio Palocci?”. Chegou! Se José Dirceu, antigamente, guardava os arcanos das negociações políticas do PT e depois acabou sendo posto de lado e hoje é um pote até aqui de mágoa com Lula e com o PT, Palocci sempre foi o mago dos entendimentos com o alto empresariado. O mensalão chegou a tangenciá-lo, na figura de um irmão, mas a coisa não prosperou.

Palocci sempre foi o mago do entendimento com o “capital”. E nunca escondeu que fez disso também uma profissão. Tornou-se o, como vou chamar?, consultor mais bem-sucedido do Brasil, mas raramente se meteu com miudezas do cotidiano. Nunca mais voltou a ter o poder que concentrou quando ministro da Fazenda do primeiro governo Lulanem no breve tempo que chefiou a Casa Civil no primeiro mandato de Dilma. Mas uma coisa é certa: a falta de poder nunca significou falta de influência. Inclusive junto a Lula.

Na raiz da prisão temporáriaque é de cinco dias, renováveis por mais cinco —, consta, estão as suas relações com a Odebrecht. Vamos ver. Executivos da empreiteira negociam um acordo de delação premiada que, até onde se sabe, ainda está longe de ser concluído. A questão é saber se as informações que orientam a operação já derivam dessas informações ou a ela se chegou independentemente da colaboração.

Os três tesoureiros do PT já foram presos. Os dois ministros da Fazenda de Lula já tiveram prisão provisória decretada: Guido Mantega e agora Palocci. Quem aguarda na fila a hora de ser atraído para o olho do furacão é Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES. O banco foi peça central do, digamos assim, modelo econômico do PT.

Segundo informações que já chegaram à imprensa, executivos da Odebrecht teriam revelado aos procuradores que Guido Mantega e Luciano Coutinho usaram o BNDES para pressionar empresários a fazer doações à campanha de Dilma. Ricardo Pessoa, da UTC, fez afirmação semelhante em depoimento a Sergio Moro. Note-se: nesse caso, não se trata de dizer que o diretor X ou Y da Petrobras, afinal, devia satisfações a Lula porque este, no fim das contas, era o responsável último pelas nomeações. Ninguém tem dúvida de que Mantega, Palocci e Coutinho, estes sim, obedeciam às ordens de um chefe.

Fonte: VEJA

domingo, 28 de fevereiro de 2016

A Bolsa Angra x a cana de Curitiba - A prisão de Lula

A decisão do Supremo Tribunal Federal que abriu as portas da cadeia para condenados em duas instâncias virou o jogo para os maganos apanhados na Lava-Jato. Até então, com advogados caros e paciência, os réus podiam ficar em liberdade, ganhando tempo com recursos judiciais. Agora esperarão trancados.

Tomem-se dois exemplos:
Ricardo Pessoa, o homem da UTC, foi preso em novembro 2014, começou negando quase tudo e, meses depois, o Supremo soltou-o. Desmentindo a patranha segundo a qual os acusados colaboram para sair da tranca, Pessoa negociou sua colaboração em liberdade. Aceitou pagar uma multa de R$ 51 milhões e, em troca, recebeu a garantia de que não será condenado a mais de 18 anos de prisão. Não cumprirá tempo de cadeia. Durante até três anos poderá trabalhar, obrigando-se a ficar em casa à noite e nos fins de semana. Daí em diante, terá liberdade condicional.

Em geral os réus da Lava-Jato são abonados senhores que já passaram dos 50 anos. Com a colaboração que deram à Viúva, permitindo à Lava-Jato chegar onde chegou, habilitam-se a viver numa boa casa em Angra do Reis, ou numa zona de conforto semelhante, passando algum tempo al mare ou numa quadra de tênis. É a Bolsa Angra, usufruída por Pedro Barusco e Julio Camargo. 

“Léo” Pinheiro, o presidente da OAS, foi preso no mesmo arrastão em que entrou Pessoa. Como ele, foi libertado pelo STF. Preferiu o silêncio. Em agosto foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 16 anos de prisão. Se o Tribunal Regional Federal da 4ª Região confirmar a sentença, ele irá para a penitenciária. Lá os presos devem andar de cabeça baixa, com as mãos para trás. Assim deverá esperar o julgamento de seus recursos. Não é a toa que ressurgiram os murmúrios que negociará sua colaboração.

No mesmo caso entra o engenheiro Zwi Skornicki, castelão de uma boa casa na Barra da Tijuca, outra em Itaipava, onde guardava uma coleção de brinquedos. (Pelo menos oito automóveis, entre eles um Porsche.) Sua terceira casa, em Angra, é cinematográfica. Tem três níveis e duas alas, uma para os caseiros. Elas ligam-se por uma pérgula coberta. Nada mal.

Um americano reconta o Império
O professor William Summerhill, da Universidade da Califórnia, é um bruxo da pesquisa econômica. Em 1998 ele publicou um artigo sobre a construção de ferrovias até os primeiros anos da República e virou de cabeça para baixo a sabedoria convencional que envolvia o assunto. Elas foram um operação bem-sucedida, fator de grande progresso. Summerhill está de novo nas livrarias americanas com “Inglorious revolution” (em tradução livre, “Uma revolução inglória — Instituições políticas, dívida soberana e subdesenvolvimento financeiro no Brasil imperial”).

Trabalho prodigioso de pesquisa, lida com um paradoxo: a teoria ensina que os países que honram suas dívidas progridem. Durante todo o Império, o Brasil honrou suas dívidas interna e externa e não progrediu. O crédito do Império em Londres era tão sólido que resistiu até a um rompimento de relações com a Inglaterra.

Entre os muitos fatores do atraso, um está aí até hoje. O sistema de crédito era controlado pelo governo, mas a banca, concentrada e com poderosas conexões, controlava o governo. Os grandes fazendeiros do café conseguiam dinheiro a 8% ao ano. Na Bahia, a 12%. Em Minas e Pernambuco, até a 30%.

O artigo das ferrovias, bem como “Order against progress” (“Ordem contra o progresso”), o livro que resultou de sua expansão, publicado em 2003, não foram traduzidos para o português. Olavo Bilac tinha razão, o português, a última flor do Lácio, é esplendor e sepultura.

A prisão de Lula
Quem conhece os movimentos da Operação Lava-Jato assegura:
O time vestiu o uniforme, calçou as chuteiras e quer entrar em campo para buscar a prisão de Lula.
Para que isso aconteça são necessárias algumas condições:
1ª - Que o juiz Sérgio Moro aceite o pedido.
2ª - Que a acusação tenha força suficiente para não ser derrubada no Superior Tribunal de Justiça. Isso, entendendo-se que se Moro conceder o pedido é improvável que a medida seja revogada no Tribunal Federal da 4ª Região.
3ª - Ultrapassados esses dois obstáculos, restará um julgamento no Supremo Tribunal.
Ninguém pode saber qual será o desfecho de cada uma dessas situações. De qualquer forma, fica uma certeza: a infantaria da Lava-Jato jogaria numa só mão de carta todas as fichas que acumulou ao logo de dois anos de trabalho. Ganhando, quebra a banca. Perdendo, fica sem uma perna.
Quando a Polícia Federal informou que “o possível envolvimento do ex-presidente da República em práticas criminosas deve ser tratado com parcimônia”, estava dizendo mais que isso. Afinal, se o problema fosse de parcimônia, não precisava ter dito nada.

Campeões
Nosso Guia e a doutora venderam a ideia de que os “campeões nacionais” fortaleceriam o Brasil como exportador de serviços.
Conseguiram exportar muita coisa, inclusive corrupção.

Angola e Venezuela eram pedras cantadas há anos. Um conhecedor da vida angolana desde o tempo em que o MPLA era virgem, dizia que “lá, você só pode botar a mão no fogo pelo escritor Pepetela”. José Eduardo dos Santos governa o país desde 1979, e sua filha é a mulher mais rica d’África.

Pontualidade
Pérola encontrada no depoimento do empresário Milton Pascowitch ao Ministério Público da Lava-Jato:
MP: “Com qual periodicidade que eles retiravam esse dinheiro?”
Pascowitch: “Ah, rezavam para chegar no final do mês.”
MP: “Mensalmente?”
Pascowitch: “Mensalmente.”

Frigideira
No final de janeiro a dona de uma loja de materiais de construção de Atibaia disse ao repórter Flávio Ferreira que a Odebrecht pagava as contas das obras na propriedade. Coisa de R$ 500 mil, em dinheiro vivo. Quem cuidava do trabalho era o engenheiro Frederico Barbosa, da Odebrecht.

A empreiteira disse que não sabia de nada, e Barbosa informou que fazia esse serviço nas férias. Seria o jogo jogado se não houvesse o risco de estar obstruindo a investigação.
Passaram-se quatro dias e a Odebrecht reconheceu que Barbosa trabalhava na obra a pedido de um de seus chefes na empresa. Do jeito que estava a coisa, numa transação que envolvia o lazer de um ex-presidente e a maior empreiteira do país, quem iria para a frigideira seria um engenheiro.

Zelotes
Chamando o presidente da Gerdau para se explicar, a Operação Zelotes mostra que recuperou seu foco inicial: o propinoduto de grandes empresas e bancos, azeitando decisões no Conselho de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda.

É lá que mora um dragão.

Curitiba
Pode ter sido coincidência, mas numa época de contração do mercado de voos comerciais, a Avianca anunciou que começará a operar um novo voo diário (o quarto), de São Paulo para Curitiba.

Fonte: O Globo - Elio Gaspari, jornalista


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Dilma terá no TSE um difícil embate

Além da crise econômica, ação na Justiça eleitoral sobre a ‘lavagem’ de propinas deve chamar a atenção da presidente, pois parece ameaça maior que o impeachment

São demais os problemas que cercam a presidente Dilma. É bem verdade que parte substancial deles, representada pela crise fiscal e assustadores desdobramentos, é de sua responsabilidade em associação com o presidente Lula, no segundo mandato deste.
 Se não houvessem decidido exercitar a esperteza e aproveitar a crise mundial, a partir de fins de 2008, para colocar em cena, como aprendizes de feiticeiro, a velha agenda econômica do PT, as finanças internas não teriam explodido.  Porém, o mal foi feito, e resta a Dilma se livrar da herança maldita, o que, infelizmente para o povo e o país, ela não tem conseguido por teimosia ideológica —Dilma não considera necessário um ajuste fiscal.

Se os prognósticos para a economia continuam de arrepiar, acaba de aparecer no radar da presidente, e do seu vice, Michel Temer, a tempestade carregada do julgamento pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de ações movidas pelo PSDB contra a legalidade da vitória da chapa PT-PMDB em 2014. Dos quatro processos, um deve preocupar o Palácio. 
Para instruí-lo é que o juiz Sérgio Moro, de Curitiba, da Lava-Jato, enviou, em outubro, documentos com tóxicas provas colhidas pela operação. 

Elas foram apensadas à Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (Aime), movida pelo PSDB, e comprovam, a considerar depoimentos dados na Lava-Jato, que houve “lavagem” na Justiça eleitoral de propina garimpada por empreiteiras em conluio com dirigentes da Petrobras e partidos (PT, PP, PMDB). Assim, dinheiro proveniente do superfaturamento de contratos assinados com a estatal, por meio do esquema lulopetista do petrolão, irrigou o caixa de campanha de candidatos, a começar por Dilma e Temer, vitoriosos na busca pela reeleição. Por isso, o PT, procurado toda vez que surge algum fato em torno do assunto, repete o mantra de que “todas as doações foram legais”. Sim, mas e a origem do dinheiro?
Já existe, inclusive, uma condenação, por Moro, do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso em Curitiba. Condenado em setembro do ano passado a 15 anos e quatro meses de prisão em regime fechado, Vaccari, segundo denúncia do MP aceita pelo juiz, recebeu R$ 4,26 milhões desviados da estatal e os repassou ao PT, “legalmente".

“Lavagens” de dinheiro de corrupção na Justiça eleitoral foram objeto de vários depoimentos de personagens-chave no petrolão: Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras; Pedro Barusco, ex-gerente de Serviços da estatal, o “homem de 100 milhões de dólares”; o operador financeiro Alberto Youssef e o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC. Parece uma ameaça maior que o impeachment.

Esta ação trata de um ponto central do escândalo, o da adulteração de resultados eleitorais pelo poder do dinheiro subterrâneo da política. Este, segundo o próprio Moro, o aspecto mais reprovável do petrolão. As atenções da presidente terão de se dividir entre a crise e o que acontecerá neste processo no TSE.

Fonte: Editorial - O Globo

sábado, 16 de janeiro de 2016

O ministro e o PETROLÃO - cogitado para ser o 'poste 2018' do Lula, pode a qualquer momento trocar a CASA COVIL por Curitiba

Os depoimentos que arrastam o chefe da Casa Civil - mais conhecida como CASA COVIL - para o centro da Lava-Jato

As relações perigosas de Wagner

Documentos obtidos por ISTOÉ revelam diversos encontros entre o ministro e o empreiteiro Ricardo Pessoa e podem levar o chefe da Casa Civil para o centro da Lava Jato

Em março de 2014, às vésperas da Operação Lava Jato, o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, encarregou Maria de Brotas Neves, secretária executiva da empresa, de providenciar um presente para um amigo. O destinatário era o então governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). Maria de Brotas encomendou três garrafas do vinho Vega Sicilia Gran Reserva 2003, a R$ 2 mil a unidade, numa distribuidora de bebidas de São Paulo, para serem retiradas em Lauro de Freitas, na Grande Salvador. 

Era o aniversário de Wagner. O empresário fez um bilhete de próprio punho para ser entregue com a encomenda, em que felicitava o petista por mais um ano de vida. “Meu caro governador…”, escreveu Pessoa dois anos atrás, quando era desenfreada a roubalheira envolvendo contratos da Petrobras. De lá para cá, com o avanço da Operação Lava Jato, muito se revelou sobre as estreitas ligações entre empreiteiros e políticos. Relações, de acordo com as investigações, pautadas muito mais por interesses privados do que públicos. A descoberta do Petrolão levou Pessoa para a cadeia e hoje o empreiteiro cumpre prisão domiciliar por conta de um acordo de delação premiada.

O momento atual é de apontar a participação dos políticos nos desvios feitos na Petrobras. Nesse contexto, as garrafas de vinho dadas a Wagner têm um significado mais amplo do que um regalo de aniversário. É a proximidade do atual ministro-chefe da Casa Civil com empreiteiros que o arrasta cada vez mais para o centro da Lava Jato. Nas próximas semanas, com o fim do recesso do Judiciário, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deverá pedir a abertura de inquérito para averiguar as denúncias contra Wagner.

Jaques Wagner já estava na alça de mira dos procuradores por causa dos diálogos expostos pelo celular apreendido de Leo Pinheiro, ex-presidente da Construtora OAS. Agora, ISTOÉ revela que o ministro também manteve uma estreita relação com o empreiteiro Pessoa, da UTC. Um documento que está no STF mostra que, além dos preparativos para a compra do vinho dado de presente ao então governador da Bahia, nas agendas do empreiteiro há referências diretas a pelo menos 12 encontros com o ex-governador entre 2011 e 2014. Há inclusive menção a uma reunião que o representante da UTC teria tido com um filho do petista. Esses documentos se somam ao material que chegou de Curitiba relacionado à OAS.  

Mensagens de telefone interceptadas apontaram a relação do ex-governador baiano com o ex-presidente da OAS. Assim como a UTC, a OAS é acusada de fraudar licitações da Petrobras. São conversas diretas entre os dois e também de interlocutores do governo da Bahia na segunda gestão de Wagner, entre 2011 e 2015. A Polícia Federal suspeita que os contatos eram para tratar de doações de campanha para a candidatura de Nelson Pellegrino (PT) à prefeitura de Salvador em 2012. Foram identificadas mensagens de texto trocadas entre agosto de 2012 e outubro de 2014 em que há negociação de apoio financeiro ao candidato petista e também pedidos de intermediação do governador com o governo federal em favor de empresário. “É feio”, assim foi classificado na PGR o teor das conversas.


O ESTALEIRO
Agora, a Procuradoria da República vai tentar obter os detalhes dos encontros mantidos entre Pessoa e Wagner. Em delação premiada, o empreiteiro afirmou que o atual ministro da Casa Civil era um dos governadores que estavam na “linha de interesse” da UTC Engenharia e, por isso, ajudou a financiar sua campanha. Em um primeiro depoimento, o empresário disse que nada foi pedido em troca, mas que os valores repassados abririam “portas de acesso e o colocavam em posição de destaque”. Em 2010, a UTC doou R$ 2,4 milhões à campanha de Wagner. No ano seguinte, a empresa embarcaria num negócio milionário. Foi criada a Sete Brasil, formada com capital de bancos, fundos de pensão e da própria Petrobras, para fornecer sondas de exploração do óleo na camada do pré-sal. A Sete Brasil contratou estaleiros para construir os equipamentos. Um deles foi instalado na Bahia, o Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EPP), assumido pelo consórcio formado por quatro empresas, entre elas a UTC e a OAS, com investimento de R$ 2 bilhões. Em julho de 2012, a presidente Dilma Rousseff e Wagner lançaram a pedra fundamental do empreendimento, em Maragogipe (BA), a poucos quilômetros de Salvador. 


Fonte: Isto É - Continuar lendo...........
http://www.istoe.com.br/reportagens/444693_AS+RELACOES+PERIGOSAS+DE+WAGNER?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage