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terça-feira, 16 de abril de 2019

O custo da desconfiança

Insone, Jair Bolsonaro tem passado os dias caçando fantasmas do comunismo, sepultado há três décadas. Agora resolveu renovar a fé no socialismo de direita, jabuticaba descrita pelo humorista Millôr Fernandes. Bolsonaro reinaugurou o sistema de controle de preços em privilégio da minoria de empresários e profissionais autônomos cujos lucros oscilam com o preço do diesel da Petrobras. Uma iniciativa de clientelismo antimarxista, replicando práticas dos adversários Lula e Dilma, que levaram a empresa à bancarrota.

Na quinta-feira, ele ouviu preocupações do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, neoconservador gaúcho, com as finanças dos “caminhoneiros” pessoas físicas e jurídicas. O governo já os atendera em março, impondo reajustes quinzenais à Petrobras. Desta vez, rejeitavam o aumento (5%). Onyx sugeriu, Bolsonaro chamou o presidente da petroleira e revogou a mudança. O telefonema foi breve, mas suficiente para colocar o governo na lista de exemplos da teoria do caos aplicados à política: pequenas mudanças podem provocar efeitos imensuráveis e imprevisíveis, como mostrou o cientista Edward Lorenz há 56 anos.

A renovação da fé de Bolsonaro no socialismo de direita se traduziu em perdas (US$ 8 bilhões) para a Petrobras num só dia. Numa conta de padeiro, é mais que o dobro da dinheirama que Michel Temer gastou no ano passado com subsídios às empresas e profissionais caminhoneiros. Incalculável e perene é o custo da desconfiança política que o presidente e seu chefe da Casa Civil semearam no próprio governo. Por que um investidor, nacional ou estrangeiro, agora deveria acreditar e apostar seu dinheiro na ilusão de uma economia liberalizada ou de uma Petrobras autônoma? Onyx, conservador num partido que se diz liberal (DEM), escancarou a luta pelo poder. O desfecho é imprevisível, mas já se sabe que para Paulo Guedes, ministro da Economia, nada será como antes — a não ser que acabe aderindo ao socialismo de direita. [o prejuízo foi imenso, mas, o pior dos males é que o presidente Bolsonaro dobrou o primeiro joelho diante da categoria dos caminhoneiros e empresários dos transportes - ontem um joelho para os caminhoneiros, amanhã outro para outra categoria, na sequência uma das mãos e logo os dois joelhos e as duas mãos no chão = a ficar de ....

Não completamos a palavra por ter a certeza que o capitão vai levantar o joelho e enquadrar a categoria rebelde, aproveitando a perna já esticada para afastar o ministro que pretende aos poucos ver o presidente da República colocando o Brasil na posição que o presidiário Lula colocou diante da Bolívia.]  o aconselha a ficar de 'quatro'.]
 
José Casado, jornalista - O Globo