Insone, Jair Bolsonaro tem passado os dias caçando fantasmas do
comunismo, sepultado há três décadas. Agora resolveu renovar a fé no
socialismo de direita, jabuticaba descrita pelo humorista Millôr
Fernandes. Bolsonaro reinaugurou o sistema de controle de preços em privilégio da
minoria de empresários e profissionais autônomos cujos lucros oscilam
com o preço do diesel da Petrobras. Uma iniciativa de clientelismo
antimarxista, replicando práticas dos adversários Lula e Dilma, que
levaram a empresa à bancarrota.
Na quinta-feira, ele ouviu preocupações do chefe da Casa Civil, Onyx
Lorenzoni, neoconservador gaúcho, com as finanças dos “caminhoneiros”
—pessoas físicas e jurídicas. O governo já os atendera em março, impondo reajustes quinzenais à
Petrobras. Desta vez, rejeitavam o aumento (5%). Onyx sugeriu, Bolsonaro
chamou o presidente da petroleira e revogou a mudança. O telefonema foi breve, mas suficiente para colocar o governo na lista
de exemplos da teoria do caos aplicados à política: pequenas mudanças
podem provocar efeitos imensuráveis e imprevisíveis, como mostrou o
cientista Edward Lorenz há 56 anos.
A renovação da fé de Bolsonaro no socialismo de direita se traduziu em
perdas (US$ 8 bilhões) para a Petrobras num só dia. Numa conta de
padeiro, é mais que o dobro da dinheirama que Michel Temer gastou no ano
passado com subsídios às empresas e profissionais caminhoneiros. Incalculável e perene é o custo da desconfiança política que o
presidente e seu chefe da Casa Civil semearam no próprio governo. Por
que um investidor, nacional ou estrangeiro, agora deveria acreditar e
apostar seu dinheiro na ilusão de uma economia liberalizada ou de uma
Petrobras autônoma? Onyx, conservador num partido que se diz liberal (DEM), escancarou a
luta pelo poder. O desfecho é imprevisível, mas já se sabe que para
Paulo Guedes, ministro da Economia, nada será como antes — a não ser que
acabe aderindo ao socialismo de direita. [o prejuízo foi imenso, mas, o pior dos males é que o presidente Bolsonaro dobrou o primeiro joelho diante da categoria dos caminhoneiros e empresários dos transportes - ontem um joelho para os caminhoneiros, amanhã outro para outra categoria, na sequência uma das mãos e logo os dois joelhos e as duas mãos no chão = a ficar de ....
Não completamos a palavra por ter a certeza que o capitão vai levantar o joelho e enquadrar a categoria rebelde, aproveitando a perna já esticada para afastar o ministro que pretende aos poucos ver o presidente da República colocando o Brasil na posição que o presidiário Lula colocou diante da Bolívia.] o aconselha a ficar de 'quatro'.]
José Casado, jornalista - O Globo