Gazeta do Povo
“O que fizeram com a Petrobras foi crucificar a mais importante empresa que nós tínhamos no Brasil”, disse o ex-presidente, ex-presidiário e ex-condenado Lula [atualizando = se tornou ex-condenado, porém, não foi inocentado, portanto, continua culpado em sentença confirmada em três instância e nove juízes.] a uma claque de sindicalistas da Frente Única dos Petroleiros, no Rio de Janeiro, na terça-feira. Quem “fizeram”? Os outros, claro – a Lava Jato, os Estados Unidos, o “capital financeiro” –, não os petistas, que tiveram nas mãos a estatal de petróleo por 13 anos e meio. Lula, mais uma vez, aposta na memória curta do brasileiro e na indignação do cidadão com os altos preços dos combustíveis para espalhar mentiras convenientes e prometer a mesma solução que quase destruiu a Petrobras no passado.
A julgar pelas palavras de Lula, alguém haveria de pensar que foram os procuradores da força-tarefa da Lava Jato, não um Conselho de Administração cheio de petistas graúdos como Antonio Palocci, Jaques Wagner e Dilma Rousseff, quem tomou a desastrosa decisão de adquirir uma refinaria no Texas por meio de um contrato mal redigido, com cláusulas claramente prejudiciais à Petrobras. Ou, então, que foi Sergio Moro, e não o próprio Lula, quem sugeriu a Evo Morales se apossar de unidades da Petrobras na Bolívia e acertou com o ditador Hugo Chávez a construção de uma outra refinaria, em Pernambuco – Abreu e Lima terminou custando muito mais que o previsto, e o calote venezuelano deixou todo o preço da camaradagem ideológica nas costas dos brasileiros.
Ou, ainda, que foram os desembargadores do TRF-4, em Porto Alegre, e não Graça Foster e os diretores a ela subordinados, que represaram artificialmente o preço dos combustíveis em 2014 para não prejudicar a reeleição de Dilma Rousseff, e com isso impuseram tanto prejuízo à Petrobras que fizeram dela a petrolífera mais endividada do mundo. Tudo isso sem falar do gigantesco esquema de corrupção organizado pelo petismo, com o apoio de partidos da base aliada e de empreiteiras, para sangrar a Petrobras e outras estatais em nome do projeto de poder da legenda. A verdade é esta: quem “crucificou” a Petrobras foi o petismo.
O petismo “crucificou” a Petrobras, e foram a Operação Lava Jato e a gestão profissional pós-petista que “ressuscitaram” a estatal
“Uma parcela de promotores, daquela quadrilha da força-tarefa de Curitiba, criou a narrativa de que quem defende a Petrobras é corrupto”, disse Lula, mais uma vez apostando na distorção. Pois aquilo que o petismo chama de “defesa da Petrobras” não passa da defesa do uso político da Petrobras – como naquele célebre evento de 2015 no qual, enquanto Lula discursava dentro da sede da Associação Brasileira de Imprensa, militantes petistas agrediam a pontapés uns poucos manifestantes (incluindo funcionários da Petrobras) que criticavam a roubalheira. O petismo jamais “defendeu” a Petrobras; quem o fez foram aqueles que trabalharam por sua recuperação.
Quem recuperou bilhões de reais desviados pela corrupção e devolvidos à Petrobras: o PT ou a Lava Jato? Quem implantou políticas de mercado que reduziram o endividamento da companhia ao encerrar a manipulação política de preços de combustíveis: Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann, ou Pedro Parente, Ivan Monteiro, Roberto Castello Branco e Joaquim Silva e Luna? Qualquer brasileiro minimamente informado sabe as respostas e tem certeza de que, se foi o petismo que “crucificou” a Petrobras, foram a Operação Lava Jato e a gestão profissional pós-petista que “ressuscitaram” a estatal.
Pouco a pouco, graças a decisões do Supremo Tribunal Federal completamente absurdas e sem o menor fundamento jurídico, os petistas estão escapando da obrigação de pagar pelo estrago que fizeram na Petrobras. Mas nenhuma dessas decisões anula os fatos que a Lava Jato comprovou em anos de trabalho incansável e heroico. As evidências podem ter se tornado inúteis nos tribunais, mas permanecem como documentos que contam a verdadeira história do calvário da Petrobras e dos seus reais algozes. Uma história que Lula quer repetir.
Editorial - Gazeta do Povo