Briga entre policiais civis e PM agrava crise na segurança local
[a Polícia Civil não pode realizar nenhuma ação grevista portando armas - o Estado é quem concede o porte de armas aos policiais - e nem criar qualquer tipo de dificuldade a Polícia Militar que também quer melhoria salarial, mas, obtida dentro da lei.
A Justiça tem que agir com energia e impedir:
- que policiais civis armados participem de qualquer ação grevista;
- que policiais civis criem qualquer tipo de dificuldade ao trabalho dos policiais militares.
A intervenção da Justiça deve se concretizar por todos os meios disponíveis, inclusive com punição pecuniária ao Sinpol.]
Enquanto civis fazem
movimento por melhores salários - ainda sem acordo com o governo {e sem que o salário desejado pelos civis (o da PF) tenha sido aprovado pelo Governo Federal},
militares organizam ação para reduzir os índices de criminalidade. Nas
redes sociais, integrantes das duas instituições trocam farpas e
acusações
A animosidade entre as forças de segurança pública do Distrito
Federal teve mais um capítulo. Em meio ao movimento reivindicatório de
policiais civis, que promete ser intensificado ao longo da próxima
semana — com pedido de fechamento de delegacias em horários que não tem
delegado —, a PM anunciou, ontem, uma megaoperação com o incremento de
1,2 mil policiais ao efetivo normal para redução dos índices de
criminalidade. Ao todo, cerca de 3 mil militares serão distribuídos por
todas as regiões administrativas. O atrito alcança, principalmente, as
redes sociais, nas quais integrantes das duas instituições trocam
farpas e disparam provocações.
Enquanto o
comandante da PM, coronel Marcos Antônio Nunes, liberava o policiamento
em frente ao Museu da República, na tarde de ontem, policiais civis
faziam uma assembleia na Praça do Buriti para deliberarem sobre os
rumos da operação PCDF Legal, após audiência de conciliação com
representantes do GDF no Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios
(TJDFT). Na quarta-feira, eles farão uma mobilização no prédio da
diretoria-geral da corporação a fim de exigir o fechamento de unidades
circunscricionais nos horários sem delegados.
Em
assembleia, a categoria votou pelo fechamento dos postos de
identificação com menos de três papiloscopistas; criação de um painel
que contabiliza o número de mortes violentas na capital; colocação de
caixões e coroas de flores em frente a unidades de polícia para
simbolizar os assassinatos; e questionamento do judiciário sobre a
competência do Executivo local na negociação de aumento salarial da
Polícia Civil.
Na reunião dos delegados, no
clube da Associação dos Delegados de Polícia do DF (Adepol), o grupo
decidiu fazer um ato na segunda-feira, às 15h, em frente ao Palácio do
Buriti, a fim de pedir a publicação das entregas dos cargos de chefia
pelos servidores no Diário Oficial do Distrito Federal. Na terça-feira, o
desembargador do TJDFT Mário-Zam Belmiro indeferiu a liminar que
exigia a imediata publicação das exonerações pelo Executivo local. Na
decisão, ele afirma que o pedido violaria os princípios norteadores da
administração pública, como o interesse público e a continuidade dos
serviços públicos. “Vamos aguardar a audiência de conciliação na próxima
semana para verificar se endurecemos o movimento. Agora, começamos a
acreditar que, com a intervenção do Judiciário, o governo comece a mudar
o posicionamento”, destacou o presidente em exercício do Sindicato dos
Delegados da Polícia Civil (Sindepo), Rafael Sampaio.
Uma
nova audiência de conciliação foi marcada entre servidores e o GDF
para as 14h de sexta-feira no TJDFT. Para o presidente do Sindicato dos
Policiais Civis do DF (Sinpol), Rodrigo Franco, o GDF não se esforça
para resolver a crise que se instalou na corporação. “Não enxergamos
vontade política. Estamos no caminho certo, mas o governo resolveu
guerrear conosco. Somos tratados de forma diferenciada das outras forças
de segurança pública e exigimos isonomia. Todo mundo avançou, e nós,
não. O GDF tenta protelar e nos cansar, mas não vai conseguir”,
destacou.
Alfinetadas
As
indiretas registradas em mensagens de militares e policiais civis nas
redes sociais se somam aos movimentos reivindicatórios de reajuste. A
picuinha teve um novo capítulo às vésperas de a PM anunciar uma
megaoperação para redução dos índices de criminalidade. O Sinpol
divulgou uma lista de recomendações aos servidores de como agir durante
os dias de ação militar. Entre as orientações, a entidade
representativa sugere a imediata denúncia de abuso de autoridade, caso
não seja confirmada nenhuma suspeita ou flagrante da pessoa levada à
delegacia. [a recomendação do Sinpol deixa claro o interesse dos policiais civis em atrapalhar à ação da Polícia Militar no cumprimento do DEVER de oferecer segurança à população: orienta os policiais civis a fiscalizarem o trabalho dos policiais militares para constranger aos militares no cumprimento da MISSÃO de dar segurança à população.
Os policiais civis estarão acompanhando o trabalho dos policiais militares não para auxiliar no combate à criminalidade e sim para denunciar eventual deslize de um PM - aos policiais civis não importa que tal denúncia permita que bandidos fiquem soltos, que flagrantes não sejam lavrados e que a população se ferre nas mãos dos criminosos.]
No aviso consta que os
procedimentos de casos envolvendo droga só serão iniciados após a
emissão do laudo preliminar positivo, além de orientar que os presos só
serão recebidos nas delegacias, caso seja confirmada a situação de
flagrante. Recomenda também que os motivos da detenção precisarão ser
comunicadas pela equipe da PM ao delegado, que analisará o fato e
verificará se trata ou não de crime. [a orientação da entidade de classe dos policiais civis torna necessário para que uma prisão em flagrante efetuada por um policial militar só seja validada após o julgamento do bandido! e podemos ter certeza de que dificilmente quando uma equipe da PM deter um marginal dificilmente vai encontrar um delegado da civil para receber a tal comunicação.]
No texto,
em tom crítico, o Sinpol deseja “sucesso à operação da PMDF, uma vez
que tem acontecido um assalto a cada 12 minutos nas ruas do DF.” E
segue: “Desde o início do governo Rollemberg, já ocorreram 50 mil roubos
a pedestres e 1.073 mortes violentas. São cerca de 150 roubos
diversos, ocorrendo todos os dias nas ruas da capital da República, e
dois assassinatos em média.”
Nas redes sociais,
as discussões se multiplicam. Em uma mensagem, policiais civis
provocam ao ressaltarem que “finalmente, a PMDF resolveu iniciar hoje
(ontem) o programa de redução dos índices de criminalidade.”
Questionam, também se os “cerca de 400 PMs lotados no Batalhão do
Buriti (Casa Militar) vão participar”. No outro lado, um internauta diz
que a PCDF deveria se equiparar com “balconistas (que) fazem o mesmo…
Escutar algo e digitar no computador”. Outros pressionam: caso haja a
sinalização do governo em dar o reajuste à Polícia Civil, militares
prometem buscar os mesmos benefícios, com o discurso de paridade.
Ameaçam, inclusive, promover uma operação tartaruga.
Em
entrevista na tarde de ontem, o presidente do Sinpol, Rodrigo Franco,
negou que a intenção ao fazer a carta de recomendação aos policiais
civis fosse uma provocação. “Estamos agindo dentro da lei e conforme
manda a situação em flagrante”, garantiu. Segundo Franco, as
manifestações em contas pessoais nas redes sociais se referem ao
posicionamento individual de cada pessoa.
Fonte: Correio Braziliense