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segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Comandante da PM é afastado após convocar manifestação contra o STF

Coronel Aleksander Lacerda, que chefia o comando da PM no interior de SP, publicou ainda posts atacando "inimigos" de Bolsonaro e imagem de Alexandre de Moraes, do STF, como Hitler

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afastou o comandante da Polícia Militar e chefe do Comando de Policiamento do Interior-7, coronel Aleksander Lacerda, por ato de indisciplina. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (23/8) e é do jornalista Lauro Jardim, do jornal Estado de S.Paulo.

A decisão ocorre após o servidor publicar, em suas redes sociais, mensagens de convocação para a manifestação bolsonarista que ocorrerá no dia 7 de setembro.  Lacerda publicou mensagem com ameaças ao STF no dia 20 de agosto. A postagem dizia que “nenhum liberal de talco no bumbum” consegue “derrubar a hegemonia esquerdista no Brasil”. “Precisamos de um tanque, não de um carrinho de sorvete”. 

Coronel Aleksander Lacerda faz ameaças ao STF nas redes sociais
Coronel Aleksander Lacerda faz ameaças ao STF nas redes sociais (foto: Reprodução)
 
 

 

Em outra publicação, o militar postou uma foto do ministro Alexandre de Moraes como Adolph Hitler. Lacerda fechou sua página na rede social após as publicações repercutirem na imprensa.

Movimentação de militares em apoio a Bolsonaro

A movimentação para atos em apoio ao presidente Jair Bolsonaro no dia 7 de setembro continuam a ganhar força. Em grupos bolsonaristas, vaquinhas arrecadam fundos para a manifestação. Neste domingo (22/8), o coronel da reserva da Policia Militar de São Paulo e atual presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, divulgou um vídeo nas redes sociais em que convoca policiais militares a se unirem em apoio ao ato.[a exoneração do coronel Aleksander Lacerda não surpreende - é vedado aos militares da ativa da Polícia Militar paulista, emitir manifestação sobre atos de superiores, de caráter reivindicatório e de cunho político-partidário.  
Ainda que a manifestação possa ser considerada sem cunho político-partidário, interpretação de dificil acolhida, o coronel exercia cargo que possibilita a demissão 'ad nutum" e o governador paulista é inimigo do presidente Bolsonaro.
Quanto ao coronel Ricardo Augusto a situação é outra - se trata de oficial da reserva e o cargo que exerce atualmente, também demissível 'ad nutum', não tem vínculo com a PMESP.]

De acordo com a PM, o conteúdo será avaliado pela corregedoria. Por lei, a Polícia Militar deve se manter neutra em relação a apoios partidários.  “Não podemos, nesse momento em que o país passa por essa crise, em que nós percebemos o comunismo querendo entrar de forma lenta, trabalhada ao longo dos anos, eles vêm implantando, mudando o ensino, querendo mudar o nosso país. E vejo que nós, a Polícia militar de São Paulo, a força pública, nós devemos nos unir“, afirmou.

Araújo foi indicado pelo presidente Bolsonaro para assumir a presidência da Ceagesp, uma das principais empresas estatais de abastecimento do Brasil, em outubro de 2020. O Clube Militar, entidade formada por oficiais militares da reserva, também anunciou em seu site apoio ao movimento pró-Bolsonaro.

Política - Correio Braziliense 

 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Uma vacina contra a estupidez - Fernando Gabeira

In Blog
Com a vacina no horizonte, a dois meses de completar 80 anos, a Covid-19 me visitou. Se a ideia era me matar na praia, o vírus perdeu. Tornou-se apenas uma memória no meu sangue, na forma de IgG reagente. Um retrato na parede, como dizia Drummond. Pouca febre, muita dor de cabeça: é bom vencer uma batalha, mesmo sabendo que, no final, perde-se a guerra. [os quase 80 anos e o passado agitado do articulista, não deixam dúvidas ser ele 'duro na queda'. No agitado passado perdeu batalhas, agora venceu a peste chinesa.  
A seu favor teve, e tem, um fato reconhecido pelo nosso presidente: devemos combater e nos prevenir contra o coronavírus, mas a covid-19 é na maior parte das vezes uma "gripezinha". Graças a DEUS,  seu índice de contágio é inferior ao da influenza e sua letalidade a torna menos mortífera do que muitas outras doenças tradicionais que continuam, e infelizmente continuarão matando milhares e milhares de brasileiros.]

Ainda assim, estarei na fila da vacina. Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas a Covid-19 tem negado essa crença popular. Bolsonaro está tirando o bumbum da seringa. E o faz em situações diferentes. Em primeiro lugar, quer que as pessoas assumam um termo de responsabilidade ao tomar a vacina. Ele não leu a Constituição no trecho que afirma que a saúde como direito de todos é dever do Estado.

Em segundo lugar, afirma que não vai se deixar vacinar e ponto final. Em muitos lugares do mundo, os estadistas se vacinam em público para estimular as pessoas. Obama, Clinton e Bush se dispuseram a isso. O vice-presidente dos EUA o fez. A rainha da Inglaterra espera na fila de vacinação. Depois de muito resistir à CoronaVac, que chama de vacina chinesa, Bolsonaro decidiu autorizar o general Pazuello a comprá-la, no Instituto Butantan. [essa vacina tem um problema: não aparece, não existe pedidos de registro, encalhou na FASE 3 de TESTE e em todo o mundo conta apenas com aprovação da China e do 'bolsodoria'.]

Aqui, o movimento de tirar o bumbum da seringa é mais sutil. Ele percebeu que não será fácil conseguir vacinas rapidamente, além da CoronaVac. E o exame cotidiano das pesquisas mostra que a incapacidade de oferecer vacinas derrubará seus índices de popularidade. A ideia de sabotar a CoronaVac não era boa. Na década de 1980, no auge da epidemia de aids, o governo francês sabotou uma técnica de exame de sangue, formulada pelo Abbott. Havia uma iniciativa semelhante, porém mais atrasada, no Instituto Pasteur.

Quando se descobriu que o governo empurrou com a barriga a licença de uma técnica que salvaria muitas vidas, foi um deus-nos-acuda. Famílias de hemofílicos entraram na Justiça, houve até uma tentativa de explodir uma bomba. Para simplificar a história: dois diretores do Centro Nacional de Transfusão de Sangue foram condenados a quatro e dois anos de cadeia. São eles Michel Garreta e Jean-Pierre Allain.

Em síntese: atrasar por razões políticas uma vacina que possa salvar vidas dá cadeia. É importante que os militares da Anvisa saibam disso. O próprio general Pazuello também deveria entender. Se for difícil para ele, sempre haverá alma caridosa para explicar com desenhos e animação. Outro dia, vi nas redes um vídeo em que o general Pazuello, numa festa, cantava “Esperando na janela”. O ministro da Saúde cantando numa festinha, em plena pandemia, é sempre estranho. Pazuello já teve Covid. Foi tratado com todos os recursos disponíveis, não lhe faltou leito.

Ao dizer em discurso que não entende a ansiedade de todos nós, ele se esquece de milhões de pessoas que têm medo de não encontrar vaga em hospital, medo da falta de ar, medo de ser intubadas, medo da morte. A frase de Pazuello é a versão edulcorada do “país de maricas” que Bolsonaro enunciou num dos seus discursos no Planalto. No fundo, são pessoas que não entendem o medo em nossa economia psíquica, muito menos as qualidades do feminino. Associam ideias estupidamente.

Percebo agora como subestimei o perigo que Bolsonaro representava em 2018. Calculava apenas a ameaça à democracia e contava com os clássicos contrapesos institucionais: STF e Congresso, imprensa. Não imaginei que um presidente poderia enfrentar uma tragédia como o coronavírus ou precipitar dramaticamente a tragédia anunciada pelo aquecimento global.

Os Estados Unidos passaram por um flagelo semelhante e o superaram, apesar das marcas. A versão tropical é mais devastadora, não só pela profundidade da ignorância de Bolsonaro, mas também pelas circunstâncias. Trump deixa os Estados Unidos com pelo menos uma vacina produzida nos EUA e quantidade de doses contratada suficiente para imunizar o país. No seu lugar, entra Biden: consciência ambiental e sintonia absoluta com a ciência no combate ao coronavírus. [ser recorrente torna-se necessário: quanto estiver disponível para compra a vacina chinesa, ou outra, devidamente registrada na Anvisa ou no FDA, e o governo Bolsonaro se recusar a comprar, pode, e até deve, ser denunciado.

Por conquanto, cabe preocupação aos muitos que desde o inicio da pandemia adotam medidas estapafúrdias, conflitantes, inúteis, quase sempre cerceiam ações governamentais, . Estes certamente terão que prestar contas.]

Não tenho dúvidas de que também vamos acordar do pesadelo. Mas uma importante tarefa, assim como aconteceu com uma geração de intelectuais alemães no pós-guerra, será estudar as causas disso tudo: as raízes no imaginário nacional que nos tornam tão vulneráveis à barbárie, tão seduzidos pelo discurso da estupidez.

Blog do Gabeira - Fernando Gabeira,  jornalista

Artigo publicado no jornal O Globo em 21/12/2020